sábado, 18 de dezembro de 2010

Lula afirma que está “atinado” contra cortes em investimentos
“Viemos para promover o desenvolvimento do país inteiro”, lembrou, durante balanço do seu governo

O presidente Lula afirmou que “o Brasil retomou sua capaci-dade de planejar o seu desenvolvimento e, hoje, segura nas mãos as rédeas do seu próprio destino”. “Para tanto, foi pre-ciso recuperarmos a capacidade do Estado brasileiro de pensar a longo prazo, de plane-jar”, disse Lula. Em cerimônia de Registro do Balanço de Gover-no 2003-2010, na quarta-feira (15), o presidente salientou que o Programa de Aceleração do Crescimento “sintetizou essa virada histórica”.

Ele voltou a frisar que os projetos que viabilizam a continuidade do desenvolvimento do país não podem sofrer limitações ou cortes, como os que vêm sendo anunciados nos últimos dias. “Levarei para sempre a lembrança da convivência com vocês, da choradeira quando o Paulo Bernardo contingenciava o orçamento, da choradeira quando o Paulo Bernardo não liberava o dinheiro, quando o Guido dizia que era preciso fazer um superávit maior. Como estão fazendo agora comigo. Pensam que eu não estou atinado! Eu estou atinado que o dinheiro está ficando curto para a banda dos Ministérios que fazem investimento e ficando cheião para o Guido e para o Paulo”, alertou, de forma irônica. “Nós vamos ter uma reunião hoje, ainda, para resolver isso”, observou.

No discurso, Lula fez questão de lembrar que seu compromisso, e de sua sucessora, é o de “mudar o Brasil”. “Nós viemos com o compromisso de destravar este país imenso, que vivia de promessas de um futuro glorioso que nunca chegava. Nós viemos para combater a fome e a pobreza, mas também para enfrentar as causas da desigualdade e fazê-la diminuir cada vez mais. Nós viemos para promover o desenvolvimento do país inteiro, embora fazendo crescer mais as regiões que sempre haviam ficado historicamente para trás”, ressaltou. Lula registrou em cartório as realizações de seus oito anos de governo (ver também matéria na página 5).

“O PAC transformou o país em um imenso canteiro de obras. Ele mudou a cara de nossas cidades, oferecendo moradia digna e bairros decentes à população. Desobstruiu gargalos de nossa infraestrutura e reativou diversos setores, antes praticamente abandonados, como as indústrias naval e ferroviária”, assinalou Lula. Ele lembrou que “há 18 anos, este país não produzia um trilho porque houve um momento em que se pensou em acabar com as ferrovias neste país”. “Graças a Deus, nós estamos reconstruindo 6 mil quilômetros de ferrovia. Se você liberar o dinheiro, sai mais, Paulo!”, acrescentou, dirigindo-se ao ministro Paulo Bernardo.

Ao saudar a presidente Dilma, que também estava presente ao ato, Lula disse que tudo o que ele estava falando sobre o balanço de seus dois mandatos era também “subproduto do trabalho dela [Dilma]”. “Porque muita coisa aqui teve a coordenação da companheira Dilma”. “Ela poderá lembrar de coisas que poderiam ter sido feitas, que nós esquecemos de fazer, e ela poderá fazer”, prosseguiu. “É para isso que Deus e os políticos garantiram a eleição e a reeleição e a continuidade. É para que a gente possa dar sequência àquilo que foi feito”, afirmou.

Sobre o Nordeste, Lula disse que essa região “só recebia atenção do governo federal no flagelo da seca”. “Hoje, é o berço das grandes refinarias, dos estaleiros, de gigantescas obras de infraestrutura como a integração do rio São Francisco, da Ferrovia Transnordestina e da Ferrovia Oeste-Leste na Bahia”, destacou. “E o mesmo ocorre na região Norte”, prosseguiu. “Ali estão sendo construídas algumas das maiores, mais modernas e ambientalmente sustentáveis usinas hidrelétricas do mundo – Santo Antônio, Jirau e, a partir de março do ano que vem, Belo Monte”.

O balanço feito por Lula destaca ainda que “todos, todos os setores da sociedade brasileira melhoraram de vida nesses oito anos, mas os mais pobres, que eram tratados com indiferença ou mesmo com desprezo, melhoraram mais” . “Nós estamos extremamente felizes porque resgatamos a autoestima do nosso povo e porque os brasileiros e brasileiras hoje têm muito mais orgulho do Brasil do que... e das coisas da nossa terra”, disse Lula. “Nós estamos convencidos de que fizemos muito, mas temos plena consciência de que há muito mais por fazer. Há ainda muito a corrigir e a aperfeiçoar. Completar o caminho que está levando o Brasil ao pleno desenvolvimento continuará exigindo de todos nós – governo e sociedade – rumo político, dedicação e esforços redobrados”, acrescentou.

Lula comemorou a aprovação da nova regulamentação da exploração do petróleo no país e disse que ela será o passaporte para um futuro de prosperidade. “A exploração soberana das riquezas do pré-sal, conforme a regulamentação definida pelo governo, assegura essa evolução ao destinar grande parte dos recursos do seu Fundo Social à expansão e qualificação da educação neste país, e cria uma gigantesca poupança interna, capaz de promover a eficiência da nossa economia e a erradicação definitiva da miséria neste país”, disse. “O Brasil mudou. Somos a nação do pré-sal. Somos o país do Sul que, ao contrário das nações da Europa e da América do Norte, foi o último a entrar e o primeiro a sair da grande crise financeira internacional gerada nos últimos tempos. Dentro de muito pouco tempo seremos a quinta economia do mundo”, completou.
HP

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