quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

"Conheci boas pessoas marxistas", afirma o Papa


Em resposta às críticas de setores reacionários dos Estados Unidos de que suas ideias econômicas e sociais seriam comunistas, o Papa Francisco disse em entrevista para o jornal italiano La Stampa, no domingo (15), que não é marxista, "mas conheci durante a minha vida muitos marxistas que eram boas pessoas e por isso não me sinto ofendido quando me chamam assim".
O Pontífice ficou "surpreendido" com as reações adversas após a publicação de sua exortação apostólica "Evangelii Gaudium" (A alegria do Evangelho), particularmente em relação à passagem em que qualifica o capitalismo como "uma nova tirania", como uma "economia de exclusão e desigualdade que mata" muitas pessoas ao redor do mundo.
Francisco afirmou ter apresentado a "Doutrina Social da Igreja" numa "fotografia" sobre a situação atual, o que "não significa ser marxista", e insistiu que não falou do ponto de vista técnico.
"Prometia-se que quando o copo estivesse cheio, transbordaria e os pobres se beneficiariam com isso. O que acontece, pelo contrário, é que quando está cheio, o copo cresce, por artes mágicas, e nunca chega nada para os pobres", explicou. O Papa renovou os seus apelos para travar a luta contra a fome e o desperdício de alimentos, pedindo que todos se unam para "dar de comer" a quem precisa. "Que a esperança e a ternura do Natal do Senhor nos sacudam da indiferença", apelou.
Francisco assinalou que não sabe de onde surgiu a notícia de que criaria mulheres cardeais, e aproveitou para desmentir a versão. "As mulheres na Igreja devem ser valorizadas, não clericalizadas. Os que pensam em mulheres cardeais sofrem um pouco de clericalismo", afirmou.
Ele disse que as reformas financeiras estão "no caminho certo", mas ainda não decidiu o que irão fazer com o Banco do Vaticano, envolto em escândalos nas últimas décadas. No passado, não descartou em fechá-lo.
Francisco disse que está "ficando pronto" para visitar a Terra Sagrada no ano que vem, no 50° aniversário de quando o Papa Paulo VI se tornou o primeiro Papa nos tempos modernos a visitar o local.

Ele foi convidado pela Autoridade Palestina e por Israel para fazer uma visita, que deve ser realizada em maio ou junho.

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