sexta-feira, 2 de março de 2012

Sírios repudiam ingerência dos EUA e aprovam a Constituição

8,5 milhões acorrem às urnas e aproveitam dia do referendo para lotar ruas e praças em atos contra a intervenção imperial na Síria

Milhões de sírios aproveitaram o dia do referendo popular para - além de acorrer massivamente às urnas - ocupar ruas e praças em Damasco, Latakia, Alepo, Hasaka, Tartus, Dir Ezzor, Sweida e outras entoando palavras de ordem como “Fora a intervenção imperialista na Síria”; “Viva o exército sírio e fora terroristas”, em apoio a unidade nacional e às reformas sintetizadas pela nova Carta Magna.
 
8.376.447 cidadãos, representando 57,4% dos 14 milhões de eleitores em condição de votar (a Síria tem uma população estimada de 22 milhões) participaram da votação mostrando um claro rechaço ao boicote e ameaças de violência. Os mercenários a serviço da intervenção norte-americana e a mídia corporativa tentaram provocar o fracasso do referendo, uns tentando intimidar a população, recrudescendo os atos terroristas e outros distorcendo os fatos para tornar as ações do dispositivo de segurança em defesa da integridade nacional e dos cidadãos em ações de violência criminosa.
 
O comitê eleitoral encarregado de organizar a votação teve que ampliar o número de centros de votação a pedido das populações locais, passando de cerca de 13.400 mil para 14.185. Votaram a favor da nova Constituição 7.490.319 eleitores (89,4% dos votantes); votaram contra 753.208 (9% dos votos) e 132.920 invalidaram o voto (1,6%).
 
O principal ato ocorreu na praça Saba Bahrat, na capital Damasco.

Outro ato foi na cidade de Sweida, convocado pela organização juvenil Grupo das Águias (a águia está no brasão nacional) o grupo organizou uma tenda denominada Tenda da Pátria. “O grupo de jovens reuniu-se com o povo sírio neste dia histórico em que o referendo é parte da democracia e uma demonstração da liberdade de expressão no país”, afirmou um dos líderes presentes ao ato, Alaa Hamza.
 
A tentativa da portavoz do Departamento de Estado dos EUA, Victoria Nuland, de desqualificar a votação – chamando-a de “ridícula” com jornais por aqui ressaltando o “boicote” não bate com os resultados finais. Na verdade o boicote da oposição financiada pelos EUA fracassou. É só ver alguns resultados em referendos e eleições recentes em países que a mídia dá como exemplos de democracia. Na votação sobre a adoção da Constituição Europeia pela Espanha (2003) compareceram 42,32% dos eleitores aptos. Anteriormente, 1998, em referendo realizado em Portugal, sobre nova divisão regional, apareceram 51,7% dos eleitores. Nas eleições regionais de março de 2010, na França, só compareceram às urnas 46,36% dos eleitores e nas eleições regionais alemãs de 2011, foram votar 53,5%. Mesmo no país de Nuland, nas eleições nas quais Bush se “elegeu” foram votar 62% dos americanos em idade e condição eleitoral. Cabe ressaltar que nenhum desses países estava sob ação de bandos terroristas financiados desde o exterior.
 
Hillary refletiu o desespero dos EUA, ao verem se esvanecerem as bases para a intervenção; (1) com a derrota dos mercenários financiadas pelo governo norte-americano, e seus vassalos, França e Inglaterra, além dos protetorados da Arábia Saudita e Qatar; (2) veto da Rússia e China a seus anseios intervencionistas no Conselho de Segurança da ONU e (3) aperfeiçoamento da democracia síria com ampla votação.
 
Na reunião forjada para compensar a derrota no CS da ONU, a dos chamados “amigos da Síria” em Túnis a secretária do Departamento de Estado continuou a revelar sua histeria a favor da intervenção, pedindo que os soldados parassem de obedecer (ou seja, de combater os sabotadores em ação no país) e lamentou os votos chinês e russo: “Se eles tivessem se juntado a nós no Conselho de Segurança, acho que teríamos mandado uma mensagem muito forte a Assad de que ele precisaria começar a planejar sua saída”.
 
Que saída? Se conta com o apoio da maioria do povo!
 
A moderna Constituição aprovada parte para o multipartidarismo substituindo a cláusula que dava ao Baas a condição única de “conduzir a sociedade”. Também prevê o combate aos monopólios, o fortalecimento à economia local, o apoio ao desenvolvimento educacional e tecnológico das mulheres, educação pública e gratuita aos jovens em todo o ensino básico, saúde e trabalho a todos os cidadãos, além da proibição de partidos que advoguem credo específico. Pelo visto, o Império não pode suportar é o exemplo vivo de um regime democrático e independente no Oriente Médio cuja riqueza energética -petróleo - visa seguir assaltando e para isso quer dominar através de regimes vassalos e retrógrados.

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