sábado, 17 de março de 2012

Uma observação sobre PIB e inflação



Durante a reunião que promoveu com as centrais sindicais, a presidente Dilma, ouvindo as críticas dos líderes sindicais à política econômica que fez com que o crescimento de 7,5% em 2010 fosse reduzido a exíguos 2,7% em 2011, argumentou que seus interlocutores, quando comparavam esses resultados, esqueciam a inflação de um e outro ano.

No entanto, a inflação de 2010, medida pelo índice oficial, o IPCA, foi 5,9%. A inflação de 2011, também pelo IPCA, foi 6,5%. No acumulado do ano (e não somente) todos os meses de 2011 tiveram inflação superior aos mesmos meses de 2010 (cf. “Indicadores IBGE, Sistema Nacional de Índices de Preços ao Consumidor”, janeiro 2010-dezembro 2011).

Portanto, no ano em que o Brasil cresceu 7,5% houve uma inflação menor do que naquele em que cresceu apenas 2,7%. A queda do crescimento em 4,8 pontos percentuais – uma queda de 64% - não redundou em menor inflação, pelo contrário.

A política econômica dos srs. Mantega e Tombini asfixiou o crescimento, supostamente para combater uma inflação que nada tinha a ver com o Brasil, era apenas o resultado da especulação com commodities em Chicago e Nova Iorque, lugares onde não vigora a taxa de juros do BC, portanto, como disse o ex-ministro Delfim Neto, era inútil aumentá-las - até porque essa bolha especulativa inevitavelmente estouraria, com redução dos preços, o que começou a acontecer já no segundo semestre do ano passado.

Em suma, manietaram o crescimento para, ao final, ter como resultado uma inflação maior do que a do ano anterior – aquele em que eles consideravam excessivo o crescimento, que criaria inflação.

Sobre uma questão análoga – o crescimento de 9,2% da Argentina no ano passado – a presidente também apontou o problema da inflação, que naquele país teria sido de 20%.
Trata-se de um equívoco, compreensível devido à campanha da mídia, inclusive norte-americana, sobre isso. A inflação de 2011 na Argentina, medida pelo Instituto Nacional de Estadística y Censos (INDEC), que tem naquele país o mesmo papel que o IBGE tem no nosso, foi 9,5%. A cifra citada pela presidente é a que a oposição (o equivalente lá de tucanos e assemelhados) vem brandindo contra o governo da presidente Cristina Kirchner.

Trata-se de uma oposição tão golpista – ainda que cada vez mais sem significação - que quer determinar na marra até quais são as estatísticas, apenas porque querem que sejam outras.

C.L


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