sexta-feira, 24 de maio de 2013

Empresa aérea Azul proíbe grupo de cegos de viajar no mesmo voo


A Azul Linhas Aéreas impediu o embarque de três deficientes visuais em um vôo de Ribeirão Preto (SP) para Belo Horizonte, no último domingo (19). Segundo os passageiros, o comandante do vôo, sob a justificativa de que só poderia transportar um deficiente por aeronave, barrou o embarque. Os três pretendem entrar na Justiça com uma ação por danos morais.
De acordo com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), já foi solicitado à companhia informações sobre o ocorrido. A agência informou que a Resolução nº 09/2007, que trata do acesso ao transporte aéreo de passageiros que necessitam de assistência especial, prevê que o número de passageiros sem capacidade de se locomover sozinhos e que estejam desacompanhados não podem exceder 50% do número de tripulantes em cabine, visando a segurança em caso de necessidade de evacuação. Entretanto, a mesma resolução determina que as empresas não podem limitar o número de portadores de deficiência. Subentende-se então, que fica à cargo da empresa disponibilizar os tripulantes necessários para garantir a viagem do cliente.
No entanto, a empresa se posicionou em nota informando que não teve tempo hábil para providenciar comissários extras para acompanhar a todos, já que os passageiros não haviam se identificado como deficientes visuais no momento da compra.
Os três dizem ter passado pela situação ‘mais constrangedora de toda a vida’
“Nós fizemos o check-in normalmente e entramos na sala. Quando o embarque abriu, ficamos em pé na fila especial por 40 minutos e percebemos que havia algo errado”, lembra o analista de sistemas Crisolon Terto Vilas Boas, de 54 anos.
“Uma funcionária da empresa então nos informou que o comandante disse que só poderia embarcar um [deficiente] por voo, pois três cegos em um avião ‘poderia ser perigoso’. Em seguida, um gerente da Azul que isso não é norma da empresa e que o comandante havia inventado isso da própria cabeça”, diz.
Eles seguiram por conta própria para um hotel em Ribeirão Preto. Os três só conseguiram voltar para Minas Gerais na segunda-feira (20) e em três vôos diferentes.
O grupo afirmou que pretende entrar na Justiça contra a Azul nos próximos dias.
“Pratico xadrez há 30 anos e já viajei para mais de 28 países por causa do esporte. Nunca passei por isso em nenhum lugar. Já havia viajado em grupos de cegos, inclusive pela Azul, e nunca aconteceu isso”, conta Vilas Boas.

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