quinta-feira, 23 de maio de 2013

A leviandade do presidente da AMB com relação aos médicos cubanos


Segundo o argumento de Florentino, não há necessidade de se trazer os médicos cubanos para atender as regiões mais pobres do país
O presidente da Associação Médica Brasileira (AMB), Florentino Cardoso, ao referir-se aos médicos formados em Cuba, durante audiência pública na Câmara que debatia a contratação e a entrada de médicos estrangeiros no Brasil, no último dia 15, afirmou que “o Brasil quer trazer a escória”.
Ao afirmar tamanha leviandade, Florentino desconsidera alguns fatos e dados importantes, que desqualificam seus comentários de forma imediata. O representante da AMB, que não se posicionou contra a entrada de médicos de outras nacionalidades no país, mas foi específico em seu preconceito aos cubanos, chegou a lançar um desafio aos “a quem quer que seja mostrar a excelência da medicina cubana”.
Para ele, a brilhante ação da brigada de 1500 médicos cubanos no Haiti, após o terremoto de 2010, que matou mais de 350 mil pessoas, não deve ser uma amostra da excelência cubana na medicina.
Naquela ocasião, os médicos cubanos realizaram atendimento em mais de 227 mil pacientes, salvando milhares de vidas de pessoas que não podiam contar com ninguém, além da equipe médica cubana. Após a tragédia, combateram ainda uma epidemia de cólera. Evitando que a tragédia fosse ainda maior.
Vale lembrar que os EUA, não enviaram um único médico para o Haiti.
Segundo o argumento da AMB, não há uma necessidade de se trazer os médicos cubanos para atender as regiões mais pobres do país.
Para o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, o tratamento preconceituoso ao tema não “não pode mascarar uma constatação: o Brasil precisa de mais médicos com qualidade e mais perto da população”.
“A realidade é que hoje, no Brasil existem 1,8 médico para cada 1.000 brasileiros, índice abaixo de países como Reino Unido (2,7), Portugal (4), Espanha (4), Argentina (3,2) e México (2)”, disse, em artigo publicado na Folha de São Paulo no último dia 18.
Para Padilha, “do ponto de vista nacional, a escassez desses profissionais já é latente, os desníveis regionais tornam o quadro ainda mais dramático: 22 Estados têm média inferior à nacional, como Maranhão (0,58), Amapá (0,76) e Pará (0,77). Mesmo em São Paulo, apenas cinco regiões estão acima do índice nacional, deixando o Estado com 2,49 médicos por 1.000 habitantes”.
O ministro relembra que “nas áreas mais carentes, seja nas comunidades ribeirinhas da Amazônia, seja na periferia da Grande São Paulo, a dificuldade de por médicos à disposição da população é crônica: em alguns casos, salários acima dos pagos aos ministros do Supremo Tribunal Federal e planos de carreira regionais não bastam” afirmou Padilha.
Mesmo nas áreas de concentração de médicos, no setor público, o paciente dispõe de quatro vezes menos médicos que no privado. Segundo dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar.
Segundo artigo do jornalista Pedro Porfírio, publicado em seu blog, “o número de usuários de planos de saúde hoje no Brasil é de 46.634.678 e o de postos de trabalho em estabelecimentos privados e consultórios particulares, 354.536. Já o número de habitantes que dependem exclusivamente do Sistema Único de Saúde (SUS) é de 144.098.016 pessoas, e o de postos ocupados por médicos nos estabelecimentos públicos, 281.481”, ressaltou Porfírio.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, Cuba, é um exemplo para o mundo e tem resultados melhores do que os do Brasil. Resultado da medicina preventiva, Cuba “tem a taxa de mortalidade infantil mais baixa da América e do Terceiro Mundo (4,9 por mil contra 60 por mil em 1959, quando do triunfo da revolução) – inferior à do Canadá e dos Estados Unidos. Da mesma forma, a expectativa de vida dos cubanos – 78,8 anos (contra 60 anos em 1959) – é comparável a das nações mais desenvolvidas”, assinalou o Jornalista.
Cuba tem um médico para cada 148 habitantes (78.622 no total) distribuídos por toda ilha que registra 100% de cobertura, Cuba é, segundo a OMS, a nação melhor dotada do mundo neste setor.
Em resposta ao presidente da AMB, prefeitos de pequenas cidades apontam a dificuldade em contratar médicos brasileiros, que muitas vezes preferem ficar na rede privada das grandes cidades.
A prefeitura de Porto Xavier, por exemplo, na fronteira com a Argentina, propôs aos médicos brasileiros R$ 9 mil pelo trabalho no Programa de Saúde da Família (PSF), R$ 350 por noite de sobreaviso e mais R$ 56 para cada chamado atendido, totalizando um salário entre R$ 17 mil e R$ 18 mil. Não há interessados

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