quinta-feira, 23 de maio de 2013

“Arrecadação recorde” é farsa para esconder fiasco do leilão da ANP


Para estimular o governo a seguir o caminho do entreguismo apesar do fiasco da 11ª rodada de licitações da Agência Nacional do Petróleo (ANP), a mídia fez uma comemoração orquestrada de que o leilão teria rendido ao governo uma arrecadação recorde em bônus de assinatura. O valor de R$ 2,82 bilhões, segundo essa mídia e a direção da ANP, superou em R$ 823 milhões os R$ 2,1 bilhões obtidos na 9ª rodada, ocorrida em novembro de 2007.
A afirmação é falsa. O valor obtido no leilão feito agora não é maior do que foi arrecadado em 2007. Por qualquer que seja o índice usado no cálculo da inflação do período o bônus obtido agora é menor do que em 2007. Se não vejamos. R$ 2.100.000.000,00 em novembro de 2007, corrigidos pelo IPCA, são R$ 2.851.492.350,00 em março de 2013 (último índice que a calculadora do BC corrige - ainda não há atualização para abril). Pelo INPC (IBGE), dá um pouco mais: R$ 2.889.623.310,00. E pelo IGP-M (FGV), que é o padrão da calculadora do BC, dá até mais do que isso: R$ 2.953.860.000,00.
Falar em recorde de arrecadação sem corrigir a inflação - pelos valores nominais - é uma falácia. É tentar desconversar o fracasso do leilão. A 11ª rodada tinha sido programada para dois dias e durou apenas um. Menos de 40% dos blocos ofertados foram parar nas mãos das empresas privadas. 
Ou seja, o que foi anunciado como uma mega-entrega de petróleo, terminou num fiasco. Um resultado que mostra a falta de fôlego da iniciativa privada para investir na exploração e produção de petróleo no Brasil. É a Petrobrás quem investe seriamente em exploração e tem capacidade técnica comprovada para produzir o petróleo na quantidade e qualidade que o país precisa para o seu consumo e/ou para a exportação.

SÉRGIO CRUZ

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