segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

PDT recua de ameaça de sair junto com Lupi e reafirma apoio a Dilma

 

Cúpula do Partido Democrático Trabalhista (PDT) reúne-se depois de demissão de Carlos Lupi do ministério do Trabalho e diz que continua governista mesmo sem cargos. 'Temos profunda identidade com governo Dilma', diz vice-presidente da legenda. Permanência do PDT na base da presidenta garante, em tese, 32 votos a favor dela no Congresso.


BRASÍLIA – Quando começou a ser alvejado por denúncias de corrupção, Carlos Lupi disse que só sairia “à bala” do ministério do Trabalho. Ao mesmo tempo, o Partido Democrático Trabalhista (PDT), do qual ele é presidente licenciado, reuniu-se e decidiu: se Lupi saísse, a legenda pularia fora do governo Dilma. Lupi já é ex-ministro – sem que se tenha ouvido um tiro. E, nesta segunda-feira (5), o PDT reuniu-se de novo. E voltou atrás na postura anterior.

“O PDT ratifica que, independentemente de cargos, é da base do governo”, informou o presidente em exercício da legenda, deputado André Figueiredo (CE), depois da reunião.

A mudança de tom pode ser entendida mais como recuo retórico do que propriamente desistência de uma intenção. Quando Lupi foi para a linha de tiro, ele e alguns pedetistas optaram por um discurso mais firme por acharem que, de algum modo, isso poderia ajudar a impedir a degolar do então ministro, o sexto a cair no governo Dilma sob acusação no campo ético.

“Decidimos, o que é praticamente consenso dentro do partido, com algumas exceções, reafirmar o apoio a esse governo, justamente pela profunda identidade que nós temos”, disse o segundo vice-presidente do PDT, deputado Brizola Neto (RJ).

“É um governo que valoriza os trabalhadores, que tem gestos de afirmação de soberania nacional, que faz nossa economia crescer e que, de uma maneira geral, tem melhorado, e muito, a vida do povo brasileiro”, completou.

De um ponto de vista pragmático, também não interessa ao PDT entrar em um ano eleitoral, como será 2012, longe de um governo com Ibope alto. É mais fácil disputar prefeituras colado na popularidade Dilma.

Pensando na sucessão dela em 2014, em que não há por ora, na oposição, um candidato com perspectivas de vitória, também é melhor seguir dilmista.

A permanência dos trabalhistas na base de apoio ao governo garante, em tese, o voto de 27 deputados (total: 513) e cinco senadores (total: 81) a favor de propostas de interesse da presidenta Dilma.

Mas é um apoio teórico. Na votação mais importante do ano para o governo na Câmara – renovar dispositivo que permite ao governo gastar livremente 20% da arrecadação -, dois deputados foram contra. Curiosamente, dois deputados – Miro Teixeira (RJ) e Reguffe (DF) – que defendiam o afastamento de Lupi antes mesmo de ele decidir demitir-se.

Segundo pedetistas, Lupi deve reassumir o comando da legenda em janeiro. Ele havia pedido licença depois que, no fim de 2007, Comissão de Ética da Presidência havia opinado que não era adequado que ele acumulasse cargo partidário junto com ministério. Parecer da Comissão sobre denúncias contribui para Lupi abandonar ministério.

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