terça-feira, 15 de novembro de 2011

Ditadura ianque espanca manifestantes em Nova Iorque e em mais outras cinco cidades



Numa agressão meticulosamente articulada entre governos, polícia e conglomerados de mídia, tropas de choque montadas a cavalo não economizaram bombas nem cassetetes para desalojar milhares de manifestantes do “Occupy Wall Street” acampados nas principais praças de cidades norte-americanas em vários estados, em protesto contra a absurda concentração de riqueza e o desmedido “socorro” financeiro dado pelo governo aos banqueiros.
Conforme os ativistas, que reivindicam “empregos, não cortes nas áreas sociais”, a repressão - desatada com mais violência a partir do último sábado (12) - prendeu pelo menos uma centena de manifestantes e deixou um rastro de sangue, com vários feridos graves.

PARQUE ZUCCOTTI

Na madrugada da terça-feira (15) policiais começaram operação para expulsar os manifestantes do movimento “Ocupem Wall Street” do Parque Zuccotti, no distrito financeiro de Nova York, onde eles estavam acampados desde 17 de setembro. Pelo menos 70 pessoas foram detidas. Muitas delas estavam acorrentadas umas às outras numa tentativa de resistir à retirada.

O pretexto alegado pelas autoridades para a expulsão é que “a ocupação era um risco à saúde e à segurança públicas”.

Dezenas de policiais cercaram o parque, que foi iluminado com spots, e mantiveram a população à distância. Muitas pessoas acorreram ao local em solidariedade aos manifestantes.

Na segunda-feira (14), numa operação de guerra que envolveu até helicóptero, policiais arrasaram – literalmente - o acampamento de Oakland, na Califórnia, desmontando mais de cem barracas, prendendo e espancando duramente seus ocupantes, enquanto uma multidão de simpatizantes entoava em coro: “Vergonha!”.

Antes de entrar em ação, a tropa de choque havia montado uma cerca provisória em torno da praça, na tentativa de manter tangidos os mais de 200 manifestantes. Durante estes dias o porto da cidade também foi fechado temporariamente em protesto diante do descomunal favorecimento ao sistema financeiro, num momento em que o desemprego aumenta e programas sociais são reduzidos.

Antecipando-se às bombas da polícia, os jornais de Oakland publicaram na mesma segunda-feira um texto justificando a pretensa legalidade da ação, já que a tropa estaria apenas cumprindo uma ordem judicial emitida na sexta-feira.

Claramente intimidatório, dizia que “o município não podia garantir a saúde pública adequada e a segurança na praça” ocupada pelos manifestantes.

Os acampamentos de Salt Lake City (Utah), o de Denver (Colorado), os de Saint Louis (Missouri) e o de Portland (Oregon) também foram alvos da sangrenta repressão. Após ter resistido heroicamente a uma primeira investida dos fascistas, o acampamento de Oregon, devastado por bombas e cassetetes, foi reduzido a entulho.

Até mesmo uma manifestação de solidariedade estudantil ao Ocupem Wall Street, organizada no campus de Berkley (Califórnia), foi violentamente reprimida pelo simples temor de que o movimento esteja movendo suas bases das praças públicas aos centros universitários. Um medo, aliás, plenamente justificável.

Na Universidade de Berkley, a assembleia de estudantes rejeitou o ultimato para que não fosse montado um acampamento denominado Occupy Cal (Ocupemos Califórnia).

A ação policial foi tão desproporcional que até mesmo os canais de televisão mais reacionários foram obrigados a mostrar imagens da polícia arrastando os manifestantes para fora do campus e os espancando com cassetadas, enquanto os jovens resistiam e puxavam palavras de ordem como “Somos 99%” e “parem de agredir os estudantes”.
Apesar da repressão, as manifestações continuam.

LEONARDO SEVERO


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