quarta-feira, 19 de maio de 2010

VOX POPULI E SENSUS CONFIRMAM ASCENSÃO DE DILMA/LULA E PASSA SERRA/FHC

Ex-ministra está com 38% contra 35% de Serra, no Vox; Sensus dá 36% para Dilma e 33% Serra

As novas pesquisas eleitorais do Vox Populi e do Sensus têm uma evidente importância política. Primeiro, porque, confirmando tendência já detectada anteriormente, é mais nítida a preferência por Dilma em relação a Serra – apesar de estarmos a cinco meses do primeiro turno das eleições.

Segundo, porque a fraude eleitoral no Brasil, depois da ditadura, esteve sempre centrada nas pesquisas enganosas de dois expoentes no assunto: o Datafolha e o Ibope, com suas metodologias confeccionadas para fornecer resultados adredemente desejados, e assim induzir os eleitores a votar nos candidatos preferidos pelos donos desses institutos e da mídia que os contrata - ou é sua proprietária.

Foi exatamente o que tentou fazer o Datafolha em sua pesquisa de 25 e 26 de março, ainda que de forma muito canhestra, elevando Serra a um patamar tão irreal, que, em vez de turbinar seu candidato, conseguiu provocar um escândalo – nem um velho editorialista da própria “Folha de S. Paulo”, proprietária do instituto, conseguiu engolir a pesquisa.

EXAGERO

Menos de um mês depois, a “Folha” reincidiu – e até serristas empedernidos estranharam, porque, entre uma e outra pesquisa, houve o lançamento de Serra, intensamente martelado pela mídia; no entanto, na pesquisa do Datafolha, o candidato não saiu do lugar, obviamente porque a pesquisa anterior era exagerada até como mentira, e não havia como aumentar mais as suas preferências, exceto desmoralizando completamente tanto a pesquisa quanto a candidatura. Logo, Serra ficou congelado onde nunca esteve.

No entanto, dessa vez, as novas pesquisas do Vox Populi e do Sensus desmantelam àquelas outras, que analisamos em nossas edições de 31/03/2010 e 21/04/2010. Sob esse aspecto, aliás, essas pesquisas são as primeiras que serão auditadas pela Polícia Federal, após decisão da Procuradoria Geral Eleitoral, acolhendo representação do Movimento dos Sem Mídia, liderado por Eduardo Guimarães. Portanto, vamos ter rapidamente a comprovação da sua correção.

Finalmente, terceiro, esta é a primeira pesquisa em que Ciro Gomes não é mais candidato. O Datafolha havia afirmado que, se Ciro não fosse candidato, seus eleitores iriam principalmente para Serra (literalmente: “Tucano é maior beneficiado por uma eventual saída do pré-candidato do PSB da disputa”, Folha de S. Paulo, 17/04/2010). As novas pesquisas demonstraram que, também isso, era uma fraude.

O Vox Populi, em pesquisa realizada de 8 a 13 de maio, registrou 38% de preferências para Dilma Rousseff e 35% para Serra (com a candidata Marina Silva com 8%). A margem de erro média da pesquisa, assim como na do Sensus, é 2,2 pontos percentuais.

A evolução, em relação às pesquisas anteriores do Vox Populi, é a seguinte: Dilma passou de 29% em janeiro para 38% em maio; Serra caiu de 38% em janeiro para 35% em maio. Marina Silva ficou onde estava (8%).

Portanto, Dilma cresceu 9 pontos percentuais desde janeiro e Serra caiu 3 pontos.

Na avaliação do desempenho do presidente Lula, aumentou o percentual dos que o classificaram como “ótimo” ou “bom”: 76% (em janeiro, esse percentual era de 74%).
A pesquisa do Sensus, realizada de 10 a 14 de maio, aponta Dilma com 35,7% das preferências e Serra com 33,2%. A diferença é, portanto, quase a mesma da pesquisa do Vox Populi. Marina Silva obteve 7,3% das preferências.

Em janeiro, na pesquisa do Sensus, Serra estava com 40,7% e Dilma com 28,5%. Portanto, de janeiro até maio, Dilma subiu 7,2 pontos e Serra caiu 7,5 pontos.

O percentual de aprovação do governo do presidente Lula é o mesmo do Vox Populi (76,1%), mas o desempenho pessoal do presidente, aferido pelo Sensus, é de fenomenais 83,7%.

As duas pesquisas, por consequência, no conjunto, são congruentes – apesar de realizadas por institutos diferentes e para clientes inteiramente diferentes: a do Vox Populi, para a Rede Bandeirantes; a do Sensus, para a Confederação Nacional do Transporte.

Fizemos um pequeno resumo dos números. Não sabemos é o que o Datafolha vai fazer. Mas, como escreveu Eduardo Guimarães, seja lá o que fizer, sua situação é muito complicada.

Primeiro porque a retirada da candidatura de Ciro, ao invés de favorecer Serra, aumentou a preferência por Dilma. O que, aliás, tem toda lógica: Ciro nunca esteve, desde antes das eleições de 2002, no mesmo campo de Serra. Pelo contrário, sempre esteve em campo oposto ao tucano. Aliás, se há um político pelo qual Ciro sempre manifestou, muito justamente, acerba repugnância, foi Serra. Portanto, seus eleitores preferirem Serra, provavelmente era uma daquelas ilusões, beirando a alucinação, que nos últimos tempos têm assaltado com frequência os arraiais de ressentimento que são a mídia e a oposição.

Pior do que isso, ao catapultar Serra nas suas pesquisas de março e abril, o Datafolha forjou, sem Ciro, uma distância de 12 pontos entre os principais candidatos (Serra aumentaria para 42% e Dilma ficaria com 30%). E agora, como consertar esse rombo, para evitar a desmoralização, depois de duas pesquisas chegarem a resultados semelhantes, com Dilma na frente?

CONSERTO

Se agora o Datafolha resolver, na pesquisa que provavelmente fará este mês (se não fizer, já se sabe qual o problema), consertar a situação, terá que eliminar uma diferença abismal em poucas semanas, sem que haja razão para tal mudança, exceto a óbvia – seria uma confissão de que as duas pesquisas anteriores eram fraudes, porque não há como explicar tal fenômeno – e nem pode argumentar que a ascensão de Dilma foi por causa do acordo com o presidente iraniano Mahmud Ahmadinejad, pois a “Folha” defende a posição dos americanos.

Portanto, Eduardo Guimarães tem razão ao prognosticar que “Serra continuará com uma excelente dianteira sobre Dilma no instituto da Folha e com uma grande diferença para os outros institutos, tornando ainda mais necessária a investigação da Polícia Federal e da Justiça Eleitoral”.

Ou seja, isso aumentaria a desmoralização do Datafolha e ainda colocaria a Polícia Federal e a Justiça no seu encalço.

Do ponto de vista político, assim como criminal, é algo auspicioso. E alvissareiro.

CARLOS LOPES

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