quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

NEOLIBERALISMO DE GOVERNOS DA "CONCERTACION" LEVA DIREITA AO PODER NO CHILE

O empresário Sebastián Piñera, representante dos partidos de direita União Democrática Independente e Renovação Nacional, venceu este domingo a Eduardo Frei, candidato da coalizão Concertação pela Democracia, com 51.61% dos votos contra 48.38%, no segundo turno das eleições presidenciais do Chile.

Em números precisos, 25% da população em condições de votar elegeu Piñera. A inscrição eleitoral no Chile é voluntária; o voto, porém, é obrigatório. Só cerca de 50% dos cidadãos estão inscritos. O envelhecimento do padrão eleitoral e a falta de interesse pela sua atualização e crescimento revelam que o sistema atual inibe a participação, especialmente dos mais jovens.

A população não renovou sua confiança em que a Concertação realizasse com Eduardo Frei o que não fez nos últimos 20 anos em que governou. Eles foram marcados pela continuidade da política neoliberal que se traduziu em indicadores econômicos divulgados pelos organismos financeiros norte-americanos como exemplares. As políticas sociais aplicadas pelos quatro governos, embora serviram para minorar um pouco a pobreza e a indigência, se mostraram incapazes de enfrentar problemas como a flexibilização do trabalho, a perda de direitos e a superação de uma economia presa à exportação de produtos primários.

Nem Patricio Aylwin, nem Eduardo Frei, nem Ricardo Lagos, nem Michelle Bachelet mexeram os grandes eixos do modelo pinochetista, baseado numa enorme abertura da economia aos interesses multinacionais, com um Estado mínimo com uma carga de impostos muito baixa (16,5% do PBI), e uma estrutura fiscal regressiva (os impostos ao consumo afetam inclusive os produtos mais básicos para a população humilde, como o leite e o pão, enquanto que o imposto de renda é reduzido, principalmente para os mais ricos), junto a leis trabalhistas “flexibilizadas”, com uma das taxas de sindicalização mais baixas da região e serviços públicos caríssimos e quase todos privatizados. Não existe ensino de terceiro grau gratuito, por exemplo. As universidades são todas pagas.

O Chile assinou e manteve tratados de livre comércio principalmente com os Estados Unidos que sustentam um modelo exportador de produtos primários. Esses tratados inclusive impedem o país de se integrar no MERCOSUL. 75% das exportações chilenas estão constituídas por produtos primários, e o resto de bens elaborados na base deles. Do total, uma percentagem importante, próxima aos 38%, continua sendo cobre, o que expõe a economia aos ditames dos compradores externos. O resto é madeira, algumas frutas ou salmão.

Apesar da propaganda que assegura que a economia chilena é a mais dinâmica do continente, a distancia entre os 20% mais ricos e o 20% mais pobres da população se mantém em 14 vezes.

Piñera é o principal acionista da aerolínea chilena LAN, dono do principal time de futebol do país, o Colo-Colo e da rede de televisão Chilevisión e durante sua campanha ofereceu incorporar ex-colaboradores da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990), durante a qual criou o seu conglomerado empresarial.

No Parlamento, o governo de Piñera não terá vida fácil já que a Concertação conta com 49% das cadeiras, além das conquistadas pelo Partido Comunista e pelos setores liderados por Marcos Ominami, candidato independente que apoiou Frei no segundo turno.
HP 

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