quarta-feira, 11 de abril de 2012

Ex-prefeito relata como o mafioso Cachoeira e Veja criaram a farsa do “mensalão” em 2005


Em entrevista ao jornalista Paulo Henrique Amorim, no programa Domingo Espetacular, da TV Record, deste final de semana, o ex-prefeito de Anápolis, Ernani José de Paula, revelou detalhes sobre a participação do criminoso Carlinhos Cachoeira na preparação das principais gravações clandestinas que deram origem à farsa do chamado “escândalo do mensalão” de 2005.

A reportagem mostra o funcionário dos Correios, Maurício Marinho, recebendo uma propina de R$ 3 mil. O jornalista lembra que quem mandava nos Correios na época era o presidente do PTB, Roberto Jefferson. Após a denúncia e as medidas tomadas pelo presidente Lula – afastamento do funcionário - Jefferson, segundo lembra a reportagem, não gostou das decisões do governo. Numa entrevista, Jefferson fez a acusação de que o governo estaria pagando aos parlamentares o que ele chamou de “mensalão”. A acusação acabou provocando a queda do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, e sua posterior cassação na Câmara dos Deputados.

Ernani José de Paula diz claramente na entrevista que quem preparou a fita foi a equipe de Cachoeira, que está preso desde a operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em fevereiro deste ano. “Foi o próprio Carlos Cachoeira que me contou que fez a fita”, diz o ex-prefeito. Ele descreveu até os detalhes da câmara que foi utilizada por Cachoeira. “Ele me mostrou a câmara... aquelas de colocar no botão do paletó”, explicou Ernani.

Segundo a reportagem da Record, o maior interessado na trama foi o senador Demóstenes Torres (Dem-GO). A operação Monte Carlo mostrou ligações estreitas entre o senador e Cachoeira. O autor da gravação nos Correios foi Jairo Martins, integrante da quadrilha de Cachoeira.

O ex-prefeito disse que a gravação foi uma vingança de Demóstenes e cachoeira contra José Dirceu que teria vetado a pretensão do senador de assumir um cargo no Ministério da Justiça. “Foi uma represália. Porque eles (a máfia de Cachoeira) estavam muito contentes com a desenvoltura do Demóstenes que iria pegar um cargo importante”, disse o ex-prefeito. Ernani contou ainda na reportagem que Cachoeira habilitou vários aparelhos de telefone nos EUA e os entregou aos seus associados. “Ele entregou um aparelho para o Demóstenes e outro para mim”, informou.

Ernani, antes integrante do círculo de Cachoeira, foi cassado em 2003, segundo ele, por ter desagradado o grupo de Carlos Cachoeira.

O ex-prefeito disse que resolveu denunciar tudo porque “sofreu na pele” o mesmo processo ocorrido durante o chamado “mensalão”. Fizeram um vídeo contra ele na prefeitura de Anápolis o que causou sua cassação.

Ele disse que os vídeos feitos pela máfia de Cachoeira eram editados para comprometer as autoridades. A reportagem lembra que o vídeo dos Correios apareceu pela primeira vez na revista Veja, em uma matéria assinada por Policarpo Jr., atualmente da cúpula da revista. O ex-prefeito conta que conheceu Policarpo numa empresa de Carlinhos Cachoeira, em Goiás. Policarpo aparece nas gravações da Polícia Federal em mais de 200 ligações telefônicas para Cachoeira.

O bicheiro admite que também produziu a gravação de Waldomiro Diniz, quando este era presidente da Loteria do Rio. A reportagem lembra que as imagens só foram divulgadas dois anos depois de terem sido feitas, quando Diniz ocupava um cargo de assessor de José Dirceu na Casa Civil. Ernani garante que as duas fitas tiveram o mesmo objetivo de atingir o governo Lula por vingança pelo veto de Dirceu a Demóstenes.


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