quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

“Liga esquece a defesa da Palestina na ONU para apoiar aos que agridem os árabes”


Jafari, representante da Síria nas Nações Unidas:


“O povo árabe gostaria que a presença do secretário-geral da Liga Árabe no Conselho de Segurança fosse para exigir que o CS assumisse suas responsabilidades pelo fim da ocupação israelense e para deter a escalada de assassinatos e atividades dos assentamentos nos territórios palestinos”, afirmou o representante sírio na ONU, Bashar Al Jafari.
 
“É muito estranho ver alguns membros da Liga Árabe recorrerem ao CS contra a Síria que sempre esteve pronta a sacrificar o que tem de mais precioso na defesa das questões árabes”, acrescentou Jafari.
 
“Estão muito enganados”, seguiu, “os que se deixam levar por países que sempre se posicionaram contra as justas demandas árabes tanto fora quanto dentro do CS e que agora demonstram esse entusiasmo pela Liga Árabe a pretexto de sua suposta preocupação com a Síria ou com o povo sírio”.
 
“Este entusiasmo vem no mesmo contexto do antagonismo a todas as justas demandas árabes”, alertou Jafari.
 
“Considero que esta vinda da Liga Árabe ao CS é uma forma de tangenciar o sucesso da Missão Árabe de Monitoramento e a tentativa de esconder seu informe por que é contrário ao complô sob pretexto de preocupação com o conflito na Síria”.
 
“As paredes deste salão ecoam os mais de 60 vetos para barrar resoluções sobre o tratamento do conflito árabe-israelense que estariam em consonância com definições tomadas por este mesmo Conselho. O que há de novo, é a Liga Árabe dirigindo-se a este Conselho para tentar abrir passo para uma intervenção agressiva contra a Síria, de acordo com os planos não árabes que buscam destruí-la por que a Síria rejeita ser um país subordinado ou um país de soberania incompleta. Buscam desestabilizá-la por que insistimos em nossa independência e na preservação dos interesses do nosso povo”.
 
“Que fique claro que o patriotismo sírio rechaça a interferência estrangeira e afirma sua decisão de se manter unido diante da sedição e da divisão. As pátrias são construídas pelos povos e nós sírios estamos tendo oportunidade de fortalecer o diálogo nacional preservando a segurança da pátria e legítimas demandas de seus cidadãos”.
 
“Queremos que o presente desafio histórico, que o presente estágio seja vencido de acordo com as aspirações legítimas do povo sírio”.
 
“O povo sírio, que ofereceu ao mundo o primeiro alfabeto, esteve, ao longo dos anos, em condições de resolver seus problemas internos e crises por si próprios e nunca aceitará qualquer forma de interferência estrangeira em sua pátria”.
 
Al Jafari lembrou que “nós, sírios, quando estudávamos na escola primária, nos anos 50 e 60, gostávamos de cantar o hino de libertação da Argélia e nos alegrávamos em contribuir com dinheiro do nosso bolso para ajudar os movimentos de libertação árabes contra o colonialismo inglês, contra o colonialismo francês”.
 
“Não nos esquecemos de nada disso. Em Damasco nós ainda preservamos um bairro hoje chamado de ‘al Hariqia’ - que significa o destruido pelo fogo – por que as forças francesas, no século passado, o bombardearam com aviões e artilharia matando milhares de civis”.
 
“É estranhamente paradoxal que a Liga Árabe, num primeiro momento, tenha pedido ao governo sírio que estendesse a permanência da Missão de Monitoramento por mais um mês, uma solicitação imediatamente atendida por Damasco, só para depois se contradizer e ignorar o informe dessa missão e depois suspende-la”.
 
“É também contraditório que alguns Estados oligárquicos apresentem aqui resoluções pela democracia, direitos humanos, rotatividade no poder enquanto eles próprios não têm sequer uma Constituição ou sistema eleitoral e nunca praticaram a democracia”.
 
“A forma selvagem”, finalizou, “com a qual alguns países ocidentais ousam interferir em nossos assuntos internos não é, de forma alguma, nova ou acidental, mas é uma abordagem sistemática desde o acordo Sykes-Picot [acerto entre Inglaterra e França dividindo entre eles o Oriente Médio], de 1916, e a Declaração Balfour [carta inglesa apoiando a implantação de Israel na Palestina, então protetorado inglês], de 1917, e através do apoio ilimitado a Israel e a sua política agressiva e a ocupação de territórios árabes”.
 

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