sábado, 11 de fevereiro de 2012

"CABE AO POVO SÍRIO DECIDIR SEU DESTINO" AFIRMA LAVROV


O ministro do Exterior da Rússia destacou que o voto de seu país na ONU foi para garantir que a Síria possa resolver suas questões “sem interferência estrangeira

“O voto da Rússia no Conselho de Segurança da ONU foi basea-
do no respeito à Lei Internacional, o direito do povo de decidir seu destino sem interferência estrangeira e livre do incitamento ao confronto”, afirmou o ministro do Exterior da Rússia, Sergei Lavrov após ser recebido pelo presidente da Síria, Bashar Al Assad em sua visita a Damasco.
 
No caminho do aeroporto até o palácio do governo, a delegação russa foi recebida por uma multidão portando bandeiras russas e sírias. Na passagem os sírios entoavam: “Obrigado Rússia!”.
 
“Também acreditamos”, prosseguiu Lavrov, “que a região e a Síria precisam de paz e que o dever de todas as forças internacionais é apoiar o diálogo e o acordo nacional”.
 
Este diálogo, avaliou o ministro russo, “deve buscar a participação ampla dos sírios e atuar no sentido de proteger a soberania nacional, a segurança e a estabilidade do país”.
 
O presidente da Síria, Bashar Al Assad, agradeceu – em nome do povo sírio - a posição independente da Rússia e denunciou o terrorismo praticado com apoio de interesses estrangeiros. “Os grupos armados atacam cidadãos e estabelecimentos estatais”, afirmou Assad.
 
O presidente assegurou que estes grupos estão isolados e não impedirão que o governo siga no propósito de avançar nas reformas e no desenvolvimento “do diálogo com a participação dos partidos no governo, oposição e lideranças independentes”.
 
“Os esforços sinceros de fortalecer a estabilidade da Síria são bem-vindos”, destacou Assad, “foi o que fizemos ao cooperar com a Missão de Monitoramento Árabe”.
 
Participaram do encontro com Assad, além de Lavrov, o chefe do Serviço de Inteligência para o Exterior, Mikhail Fradkov, o vice-diretor do mesmo órgão, Vladimir Zimakov, o vice-ministro de Relações Exteriores, Mikhail Bogdanov, o diretor do Departamento do Ministério do Exterior para o Norte da África e o Oriente Médio, Sergey Vershinin e ainda o embaixador da Rússia na Síria, Azamat Kulmukhametov.
 
Lavrov mostrou que a reação dos países imperialistas à derrota sofrida na ONU, mediante o veto da Rússia e China, foi mais uma prova da indigência da proposta bancada pelos EUA e encaminhada pela Liga Árabe. Ele classificou a reação de “quase histérica” e acrescentou: “Os excessivamente furiosos raramente têm razão. Aquelas declarações histéricas visam exclusivamente a ocultar o que realmente se passa na Síria”.
 
Ele observou que os autores destas diatribes (nas quais se destacou Hillary Clinton) “estão tentando instrumentalizar o movimento de oposição na Síria para conseguir derrubar o governo.” Segundo o ministro, a oposição síria está sendo “insistentemente manipulada do exterior, com instruções para não aceitar qualquer acordo negociado com o governo”.
 
“O que se viu foi que, na versão analisada agora, havia muitos detalhes exigidos de um só lado e só do lado do governo sírio”, afirmou.
 
A Rússia havia apresentado uma proposta sugerindo que a comunidade internacional apoiasse as negociações com a oposição síria e que se isolasse os “extremistas armados”. As emendas foram ignoradas, assim como o pedido russo de tempo para discutir sobre essas propostas com o governo e outras forças políticas sírias na visita a Damasco, já agendada. “Os EUA decidiram votar precipitadamente”, denunciou Lavrov.
 
O chanceler também criticou o fechamento de embaixadas puxado pelos EUA que fecharam sua embaixada em Damasco, assim como fizeram suas marionetes, os emirados do Golfo. A Inglaterra e a Bélgica chamaram seus embaixadores “para consultas”.
 
Para o chefe da delegação russa, são movimentos que não ajudam a resolver a crise. “Para nós está ‘lógica’ é incompreensível, assim como a decisão de congelar a Missão Árabe na Síria”.
 
A Rússia deixou claro que não deseja a repetição do que denominou de ‘cenário líbio’, no qual as tropas Otan/EUA usaram resolução na ONU para massacrar o povo líbio, invadir o país, depor o governo e assassinar brutal e vergonhosamente o líder nacional, Muamar Kadafi, tudo sob o pretexto de ‘proteger civis’.
 
NATHANIEL BRAIA

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