sábado, 12 de junho de 2010

MANCHA DE PETROLEO CHEGA A 200 MIL QUILÔMETROS QUADRADOS

Mancha de petróleo chega a 200 mil quilômetros quadrados e governo dos EUA agora quer plano para conter vazamento

O encarregado americano de Controle de Desastres, Thad Allen, pediu à multi-nacional British Petroleum “informação detalhada sobre os processos que estão sendo realizados” para estancar o vazamento de óleo no Golfo do México, assim como os cálculos do pagamento de indenizações, após 53 dias de derrame de milhões de litros nas águas. Na semana passada, a Casa Branca teve que reagir diante da divulgação das intenções da empresa de distribuir dividendos de US$ 10,5 bilhões aos seus acionistas, soma injustificável frente ao prejuízo de bilhões em termos de desastre econômico e ecológico que causou e do qual tenta se safar.

Obama deu à BP 72 horas para “apresentar um plano” em que conste diversos processos “contínuos e em paralelo” incluindo um crono-grama para deter o vazamento. É mais um de uma série de ultimatos e advertências por parte do presidente dos EUA à petroleira . Enquanto isso, esta semana houve manifestações em 29 cidades dos EUA para que o governo tome os bens da BP e que com isso financie os trabalhos de estancamento do vazamento e a recuperação do meio ambiente através do Estado.

A cobrança de Allen foi feita em meio a críticas pela falta de informação sobre a quantidade de petróleo que está sendo recuperada e a que continua a fluir no oceano. Na terça, cientistas alertaram que grandes faixas de petróleo não se integram à maré negra que cobre a superfície de parte do Golfo do México e se mantêm circulando no fundo do mar, uma situação que, alertaram, pode ser devastadora para o ecossistema submarino da região.

“Amostras de água retiradas da região e analisadas por especialistas mostraram extensas faixas de petróleo em profundidades entre 50 e 1.400 metros”, disse à AFP o oceanógrafo Yonggang Liu, da Universidade do Sul da Flórida (USF, na sigla em
inglês).

A mancha de óleo contamina refúgios naturais da Louisiana, do Mississipi e do Alabama, além de chegar à costa da Flórida. Um terço das águas do golfo do México sob jurisdição dos EUA já estão interditadas para a pesca, e o número de aves e animais marinhos mortos continua subindo.

A maré de petróleo se dirige em direção às brancas praias de Florida, onde a indústria do turismo de US$ 65 bilhões/ano e gera um milhão de empregos. Um terço das águas federais do Golfo de México, cerca de 200.000 quilômetros quadrados, permanece fechado à pesca e está aumentando a cifra de aves e animais marinhos mortos ou feridos.

A organização de jornalistas dos EUA, “ProPublica” informou que a BP, durante os últimos 10 anos ignorou normas ambientais e de segurança e expôs seus trabalhadores a graves acidentes. Em um informe interno de 2001 funcionários da própria corporação acusam a empresa de descuido de equipamentos fundamentais como válvulas de segurança e detectores de gás e fogo similares aos que poderiam ter contribuído para impedir o incêndio e a explosão da plataforma Deepwater Horizon, no Golfo do México, no último dia 20/04.

PETROBRAS

A BP fazia uma operação comum na fase exploratória quando aconteceram uma série de falhas. A válvula de segurança (blow-up preventer- BUP) da BP no golfo do México, não funcionou. Mike Mason, que trabalhou para a BP durante 18 anos, disse que era comum a empresa falsificar testes dos BUP. Estes - após instalados - deveriam ser submetidos a grande pressão por cinco minutos e o eram por apenas 30 segundos.

No Golfo do México, somente nos 5 primeiros meses de 2009, houve 39 explosões em poços de petróleo. Nessa região, a produção de petróleo em águas rasas está quase esgotada. Assim, as companhias estão sendo obrigadas a operar em águas mais profundas – mas não desenvolveram, com exceção da Petrobrás (que opera dois campos no Golfo do México), uma tecnologia específica para esse tipo de exploração. O resultado tem sido um desastre atrás do outro. A “cimentação” da Halli-burton é suspeita em 16 dessas 39 explosões. No caso da Deepwater Horizon, todas as circunstâncias indicam que a BP, acostumada a profundidades de 300 metros no Mar do Norte, não tinha experiência nem capacidade para operar em águas com 1500 metros de profundidade, algo que na Petrobrás é rotina há muitos anos.

Responsável por 22% da exploração e produção em águas profundas do planeta, a Petrobras opera atualmente 51 sondas de perfuração no mar e tem mais 22 em construção. A Petrobras está em processo de instalação de 138 árvores de natal molhadas (um conjunto de válvulas que tem funções similares às do BUP, mas atuam com maior margem de segurança).

A árvore de natal é um conjunto de válvulas que regula a produção do poço. Hoje, ela é um dos símbolos da capacidade tecnológica brasileira que expandiu as fronteiras exploratórias para o fundo do mar.
HP




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