sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Monopólio no setor de saúde escorcha os norte-americanos:

Monopólio no setor de saúde escorcha os norte-americanos:
Clientes pagam o dobro em taxas e lucros
disparam 428% em 7 anos

A denúncia foi veiculada pela central sindical norte-americana AFL-CIO, ressaltando que os lucros destas empresas passaram de US$ 2,4 bilhões em 2000 para US$ 12,9 bilhões em 2007

Nos Estados Unidos, 50 milhões de pessoas não possuem cobertura médica de nenhum tipo, e 102 milhões têm atendimento insuficiente. A impossibilidade de pagar faturas médicas e apólices de seguro saúde é uma das maiores causas de desastre na economia familiar dos norte-americanos. 44% das pessoas com doenças graves declaram-se preocupadas com o pagamento que seus familiares terão que realizar pelas contas do tratamento. A maioria da população dos EUA (64%) está descontente com o sistema privado da saúde.

Nos EUA não há sistema universal de saúde púçblica e os americanos dependem de planos privados. Em termos de atendimento público há apenas dois programas: um deles voltado para pessoas carentes com mais de 65 anos (Medicare) e outro para pessoas pobres com necessidades específicas (Medicaid), mas mesmo esses programas dependem muitas vezes de algum pagamento e obedecem critérios estritos de elegibilidade, o que deixa esses 50 milhões de pessoas sem cobertura.

LOBBY

“Barack Obama, que pretende reformar o sistema de saúde dos Estados Unidos, está enfrentando as iras do complexo farmacêutico-industrial. Aqui as somas em jogo são gigantescas e as controla um vigoroso lobby de interesses privados que reúne, além das grandes farmacêuticas, as grandes empresas de seguros e a todo o setor das clínicas e hospitais privadas”, afirmou Ignácio Ramonet, no Le Monde Diplomatique do dia 2.

A central norte-americana de trabalhadores, a AFL-CIO, denunciou através de matéria publicada em seu blog que os lucros da 10 maiores empresas do setor cresceram 428% em 7 anos, de 2000 a 2007, de US$ 2,4 bilhões para US$ 12,9 bilhões.

Segundo a matéria há uma crescente queda na concorrência no setor.

O senador pelo Partido Democrata, Charles Schumer, cita o informe da organização Health Care for America Now! (Serviço de Saúde para a América Já!) (HCAN), para denunciar que nos últimos 13 anos mais de 400 fusões corporativas ocorreram envolvendo operadoras de planos de saúde.

A American Medical Association afirma que 94% do mercado de seguro-saúde está tão concentrado que os segurados enfrentam um cenário onde não há competição e onde as empresas “obtêm lucros gigantes e pagam enormes salários a seus executivos”.

Senadores democratas declararam que além do aumento de lucro “ine-xistente em nenhum outro tipo de negócio no país” houve aumento dos pagamentos de taxas que segundo o estudo da HCAN dobraram desde 2001.

A maioria da população paga uma apólice às empresas de seguros (ou diretamente ou através da empresa onde trabalha) que contratam os médicos e hospitais para o fornecimento de serviços. Ademais da apólice, o cidadão paga também parte da fatura médica (conta que pode ser fora de condições para seu orçamento), no momento de utilização daqueles serviços.

CONTROLE

Existem 1500 empresas de saúde nos EUA, porém só 10 delas controlam quase 70% de todos os segurados e estão entre as empresas mais lucrativas do país, que se valem de métodos inaceitáveis para quem atua numa área vital para a população.
As cinco maiores empresas nessa área (em entradas anuais de 2008) são a UnitedHealth Group (US $81 bilhões), WellPoint (US $61 bilhões), Aetna (US $31 bilhões), Humana (US $29 bilhões) e Cigna (US $19 bilhões), assinalou Vicenç Navarro, professor de Estudos Políticos e Políticas Públicas da The Johns Hopkins University.

O Sr. Wendell Potter, ex-diretor da Cigna, depois de sair da empresa virou um dos maiores críticos desse sistema e divulgou informes nos Estados Unidos sobre os métodos usados por essas seguradoras para conseguir esses lucros. Eles são: 1) selecionar os pacientes, rejeitando aqueles que têm maiores necessidades, como doentes crônicos, por exemplo; 2) eliminar de suas listas aquelas pessoas que têm problemas sérios ou requerem cuidados custosos; 3) reduzir a cobertura sanitária (a extensão dos benefícios aos que os segurados têm direito), assim como aumentar os pagamentos.

Os EUA são o país que mais “gasta” em saúde, 17% do PIB; com maior quantidade de pessoas que desaprovam o tratamento que recebem (só 21% aprova), e que deixa fora os que mais precisam.

O cineasta Michel Moore, autor do filme Sicko, assinala que o problema não é que os Estados Unidos não possam resolver a questão por falta de dinheiro. É um problema político. São as conexões entre o mundo empresarial (as companhias de seguro e o complexo médico-industrial montado pelas corpora-ções) e Washington.

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