domingo, 22 de fevereiro de 2015

Obama quer guerra sem fim no Império das mil bases no exterior



Licença pedida é sem limite geográfico e em termos vagos. Para o "Nobel da Paz" Obama, EUA é líder por "torcer o braço" de outros países para que façam "o que nós queremos"
O doublé de chefe das chacinas com drones e de “Nobel da Paz”, Barack Obama, anunciou ao Congresso dos EUA que, sob o pretexto de combater o “Estado Islâmico” e seus “associados”, planeja expandir a qualquer lugar do planeta que queira seus “poderes de guerra”. Em suma, o capo do império das 1.000 bases no exterior quer deixar como legado nova “guerra global”, e sua aviação há seis meses desencadeou a Guerra do Iraque 3.0 e também vem bombardeando a Síria.
Assim, a nova Autorização para Uso de Força Militar (AUMF, na sigla em inglês) solicitada ao Congresso dos EUA não apenas não estabelece nenhum limite geográfico para o “combate” ao Estado Islâmico, como também não explicita quem seriam os “associados do Estado Islâmico”.
A propósito, o Estado Islâmico (assim como havia ocorrido com a Al Qaeda no Afeganistão) é cria da CIA, na operação em conjunto com a monarquia feudal saudita e o notório príncipe Bandar Bush, mais o Qatar e a Turquia, para derrubar o governo legítimo sírio. Mas saiu do controle, passando a combater também o governo fantoche do Iraque, o que atraiu a fúria de Washington.
A nova autorização de guerra não revoga a de 2001, que W. Bush usou para invadir o Afeganistão supostamente à caça da Al Qaeda e que depois serviu a Obama para continuar a ocupação. Até dentro do Congresso dos EUA – que já endossou todo tipo de agressão e guerra -, surgiram vozes contra dar “novo cheque em branco” a Obama e seu sucessor.
“Permanecem questões muito graves que ainda têm de ser resolvidas”, declarou o senador democrata Richard Blumenthal, acrescentando precisar “ser ainda convencido”. Obama assevera que a autorização seria por “três anos” – apesar do seu mandato só durar mais dois. Como a autorização de guerra de 2001 continua em vigor, o próximo presidente poderia, após os “três anos”, simplesmente alegar que esta lhe permite a continuidade das operações militares no exterior.
Segundo o deputado democrata Adam Schiff, “como uma questão prática, o presidente poderia decidir despachar 100.000 soldados na Síria por 18 meses e alegar que não é ‘duradouro’”. A medida “não põe limite suficiente ao governo” e a definição das operações de combate permitidas “está deliberadamente redigida para ser ambígua”.
Em entrevista ao portal voltado para nerds, o Vox, Obama cacarejou sobre a política do império de submeter o planeta, acima de tudo militarmente. Ele disse que a realidade da “liderança americana” às vezes inclui “torcer o braço” dos países que “não querem fazer o que nós necessitamos que eles façam”.
Forma cínica de se referir a guerras como a invasão do Iraque para assaltar seu petróleo em favor dos Rockfellers, dos Morgans e demais comparsas de Wall Street e Big Oil. O gasto militar dos EUA “é maior dos que o dos dez países seguintes somados”, assinalou Obama, asseverando que não há quem possa fazer frente a Washington. Ele admitiu que a Rússia “tem armas nucleares, mas não tem nosso poder de projetar força”.
Segundo ele, a liderança americana provém do nosso “espírito de podemos-fazer”. “Nós somos o maior, mais poderoso país da Terra. Como eu disse previamente em discursos, quando os problemas acontecem, eles não chamam Pequim. Eles não chamam Moscou. Eles nos chamam. E nós abraçamos essa responsabilidade”.
Quanta modéstia: não foi a CIA que organizou o golpe na Ucrânia, foram os nazis e oligarcas ladrões “que nos chamaram”. Não foi a legião estrangeira do Pentágono, a Otan, que instaurou o caos na Líbia – “fomos chamados”. “Meu governo é muito agressivo e internacionalista” – ops, imperialista -, resumiu Obama.
Em outros discursos, Obama tem chamado o imperialismo dos EUA de “excepcionalismo americano”, que supostamente daria a Washington o direito de usar a força arbitrariamente a despeito do Conselho de Segurança da ONU ou da lei internacional. Como o presidente russo Vladimir Putin tem advertido, “é extremamente perigoso encorajar gente a se ver como excepcional qualquer que seja a motivação”.
O líder russo destacou que “há países grandes e países pequenos, ricos e pobres, aqueles com longas tradições democráticas e os que ainda buscam seu caminho. Suas políticas diferem, também. Nós todos somos diferentes, mas quando pedimos as bênçãos de Deus, não devemos esquecer que Deus nos criou iguais”, apontou.
Já os imperialistas ianques pretendem que o planeta inteiro é seu “lebensraum” (espaço vital), repetindo de forma mais alucinada os desvarios nazistas. As cerca de 1.000 bases se estendem por mais de 40 países em cinco continentes, e o planeta está dividido por comandos militares do Pentágono: Centcom (Ásia Central e Oriente Médio), Northcom (América do Norte), Eucom (Europa), Pacom (Área do Pacífico), Southcom (América do Sul) e Africom (África). 11 porta-aviões, que são verdadeiras bases flutuantes. As forças especiais dobraram desde W. Bush, para 70.000 soldados, atuando em 134 países.
Na prática, 70 anos após o fim da II Guerra, países como a Alemanha, Itália, Japão e sul da Coréia permanecem sob ocupação, que também se estende a aliados como a Grã Bretanha, Holanda, Bélgica e Austrália. Após o fim da URSS, o império das bases ianques foi estendido ao leste europeu e, com o “pivô para a Ásia”, uma nova fornada está sendo criada visando o cerco à China. Com a “guerra ao terror”, mais bases no Oriente Médio e Ásia Central.
Quanto mais falido o império, mais dependente da exibição da força bruta, e a um custo cada vez mais insustentável. A “projeção da força” – como chama Obama – pesa: a Guerra do Iraque custou US$ 1 trilhão.
Quanto a não haver que possa “fazer frente” ao império, a gabolice de Obama se choca com a realidade. A imprensa especializada não para de admitir que a força nuclear russa está em muito melhor condição do que a ianque (E os chefes da força nuclear russa não estão sendo demitidos por pileques, histeria e fraudes). Os mais avançados bombardeiros “stealth” dos EUA que ainda nem ficaram prontos já estão obsoletos diante dos novos radares russos. Nos próximos anos, Washington vai depender de foguetes russos para chegar à Estação Espacial Internacional. Já China e Índia dão passos enormes em matéria de defesa e de tecnologia.

O espectro da Coréia nem chegara a se dissipar, e o império foi surrado impiedosamente no Vietnã, fato que a fuga desabalada da embaixada em Saigon marcou eternamente, assim como a repulsa da imensa maioria da população norte-americana. Abandonado o alistamento, diante do isolamento em relação à juventude do país, o império montou um exército mercenário. Para ver o fiasco repetido no Iraque e no Afeganistão, com os marines escorraçados por guerrilheiros precariamente armados, mas dispostos a tudo para defender sua pátria, crenças, direitos, mulheres e filhos. Nesta semana, a revoada às pressas foi na embaixada em Sanaa, que já em mãos dos rebeldes do Iêmen. Antes de fugirem para o aeroporto, os marines tiveram de entregar as armas.

                                                                                                   ANTONIO PIMENTA
http://www.horadopovo.com.br/

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