sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Por que as rebeliões varrem Oriente Médio

Neste texto de 15 de setembro, a Coalizão ANSWER, que reúne três mil entidades norte-americanas, denuncia a agressão imperial e convoca para manifestação contra as guerras promovidas pelos EUA nos dias 6 e 7 de outubro. 
COALIZÃO ANSWER

Marines dos EUA foram enviados para a Líbia e o Iêmen. Drones dos EUA dominam o espaço aéreo na Líbia.
Até que os bombardeiros da Otan destruíram seu governo, no ano passado, a Líbia era um país realmente soberano. Ninguém pode afirmar o mesmo agora. Agora serão o Pentágono e a CIA aqueles que determinarão o que deverá ser feito na Líbia para perseguir aqueles cujas manifestações diante do consulado dos EUA em Benghazi, levaram à morte do embaixador do EUA e outros três americanos.

A revolução líbia liderada pelo coronel Kadafi afastou do país a base importante para o Pentágono, denominada de Wheelus Air Force Base, em 1970.
Mas o Pentágono está de volta agora. Algumas coisas parecem que não mudam. A primeira expedição ao exterior dos Marines foi em 1806 e o campo de batalha era Trípoli.

“Dos altos de Montezuma às praias de Trípoli, lutamos as batalhas de nosso país no ar, na terra e no mar”. Esta é a primeira estrofe do hino oficial dos Marines, que consagra o expansionismo dos EUA. Os Marines norte-americanos mantêm verdadeiro aquele hino nos dias de hoje, quando suas unidades se puseram ao mar rumo à costa da Líbia, assim como em direção ao Iêmen – colocando soldados de unidades de elite em dois países em uma questão de dias.

Na verdade, os Marines não lutam por “nosso país” como exalta o hino. Isto é apenas propaganda. Ela é repetida indefinidamente, mas isso não a torna verdadeira. São enviados para o Oriente Médio para assegurar a posição do Império, no momento em que as rebeliões varrem a região.
Como disse o general dos Marines, Smedley Butler, após ser agraciado com duas medalhas de honra ao mérito do Congresso, quando se aposentou tornando-se um ativista contra as guerras do Império:

 “Passei 33 anos e quatro meses no serviço ativo militar e durante aquele período utilizei a maior parte do meu tempo como um homem-tendão de alta categoria em favor das grandes corporações, por Wall Street e seus banqueiros. Em resumo, eu era um chantagista, um gângster em favor do imperialismo. Eu ajudei a tornar o México, especialmente Tampico seguro para os interesses do petróleo em 1914. Ajudei a tornar o Haiti e Cuba lugares decentes para os rapazes do National City Bank para que coletassem seus faturamentos por ali. Ajudei a estuprar uma dezena de repúblicas da América Central em benefício de Wall Street. Ajudei a purificar a Nicarágua para a International Banking House dos irmãos Brown de 1902 a 1912. Eu iluminei a República Dominicana em favor dos interesses açucareiros em 1916. Eu ajudei a tornar Honduras um lugar certo para as companhias de frutas norte-americanas em 1903. Em 1927 ajudei a Standard Oil a percorrer seu caminho na China sem ser molestada. Olhando para trás, eu poderia ter dado a Al Capone algumas dicas. O máximo que ele conseguia fazer era operar sua chantagem em três distritos. Eu operei em três continentes”.

As tropas e aviação dos EUA são novamente despachados ao Oriente Médio hoje. No último meio século este padrão tem se repetido diversas vezes.

Quando o povo iraquiano levou a cabo uma derrubada revolucionária da monarquia bancada pela Inglaterra, em 1958, o presidente Eisenhower mandou rapidamente 10 mil soldados par o Líbano e os ingleses mandaram tropas ao Kwait. As tropas eram para assegurar a posição das potências coloniais contra as revoluções locais promovidas pelos povos desta região rica em petróleo. Para os ingleses, claro, suas propriedades no Kwait eram similares às que possuíam em Hong Kong. Ambos os locais não passavam de áreas portuárias artificialmente implantadas tomadas de seu território vizinho em benefício dos colonizadores e às expensas do Iraque e da China, respectivamente.

Há alguma surpresa essa ira inflamada de hoje contra os EUA e as potências colonizadoras antecessoras?

Os protestos enraivecidos tendo as embaixadas e negócios dos EUA no Oriente Médio e demais países da Ásia e África no dia 14 de setembro. As demonstrações espraiadas se seguiram aos ataques a embaixadas nos últimos dias no Egito, Iêmen e Líbia e muitos outros países como a Palestina, Líbano, Síria, Iraque, Malásia, Bangladesh e Paquistão. As embaixadas da Líbia, do Iêmen, da Tunísia e do Sudão foram invadidas.

O estopim para as manifestações foi a circulação via internet de um filme deliberadamente ofensivo produzido na Califórnia sobre Maomé, considerado como um profeta pelos muçulmanos e o fundador da fé islâmica. Mesmo considerando o filme um insulto incitador, a resposta vasta e militante só pode ser entendida se for levado em conta o papel histórico do imperialismo, o que deixou uma profunda reserva de ódio em direção aos Estados Unidos, Inglaterra e França e outros colonizadores.

Entre as ações dos Estados Unidos destacamos: a invasão do Iraque, os apoio a ditaduras e monarquias brutais, o armamento e financiamento de Israel em apoio a sua guerra permanente contra o povo palestino, a derrubada do governo democrático do Irã em 1953, a instalação de Estados policiais compradores, a tortura notória e ilegal, o genocídio no Iraque durante 20 anos, ocupações militares e agora os céus zumbindo com assassinos robóticos que fazem explodir cidadãos – e depois disso seus funerais – de forma constante e regular. O pano de fundo da violência colonial dá alguma percepção de como pequenas fagulhas podem gerar amplos levantes contra os que perpetram estes crimes.

O choque e surpresa do governo dos EUA diante dos protestos nas embaixadas mostra sua arrogância imperial, acreditando que pode agir como uma bola de demolição na região, bombardeando e ocupando países sem provocar uma reposta engatilhada por suas vítimas.

A Coalizão ANSWER tem organizado por mais de uma década ações de conscientização contra as operações militares do Império no Oriente Médio.
O povo dos Estados Unidos quer que esta guerra sem fim contra os povos do Oriente Médio tenha fim.
Junte-se a nós nas manifestações coordenadas dos dias 6 e 7 de outubro para marcar o 11º aniversário da invasão e ocupação do Afeganistão.

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