domingo, 30 de setembro de 2012

Dilma critica tsunami monetário dos EUA

A presidente Dilma Rousseff criticou, no discurso anual de abertura da 67ª Assembleia das Nações Unidas, que por tradição cabe ao Brasil, a “política monetária expansionista” praticada pelos países desenvolvidos, principalmente os Estados Unidos, como a recente injeção de recursos do Fed (o banco central americano).

“Os bancos centrais dos países desenvolvidos persistem em uma política monetária expansionista que desequilibra as taxas de câmbio. Com isso, os países emergentes perdem mercado devido à valorização artificial de suas moedas, o que agrava ainda mais o quadro recessivo global”, disse.

A presidente lembrou que, desde seu primeiro discurso no ano passado, constatou “a permanência de muitos problemas que nos afligiam desde 2011”. “A grave crise financeira iniciada em 2008 ganhou novos e inquietantes contornos. A opção por políticas fiscais ortodoxas vem agravando a recessão das economias desenvolvidas com reflexos nos países emergentes, incluindo o Brasil”, afirmou.
Dilma aproveitou seu discurso na ONU para cobrar um esforço de coordenação “entre os países e os organismos multilaterais”, no sentido de buscar uma reconfiguração na relação entre política fiscal e monetária “para impedir o aprofundamento da recessão, controlar a guerra cambial e reestimular a demanda global”.

Mas ao mesmo tempo em que defendeu as ações “legítimas de defesa comercial por parte dos países em desenvolvimento” a presidenta caiu na armadilha da propaganda dos países ricos. Segundo ela, “o protecionismo e todas as formas de manipulação do comércio devem ser combatidos, pois conferem maior competitividade de maneira espúria e fraudulenta”. A proteção do nosso mercado não tem nada a ver com “manipulação do comércio” e não gera nenhuma “competitividade de maneira espúria e fraudulenta”. Antes, é justamente uma defesa contra a “manipulação do comércio” e a “fraude” dos países ricos, como é a atual guerra cambial e o tsunami monetário dos EUA. Não se proteger desses ataques significa dar uma grande ajuda para a destruição da nossa economia. Nesse aspecto, o de defender seu mercado, os EUA não vacilam: desde 2008, decretaram 129 medidas protecionistas (isso, segundo o ministro Guido Mantega). Simplesmente, os EUA adotam a velha máxima: “faça o que eu mando, não faça o que faço”. Cabe a nós ir à luta.

Esta foi a segunda vez que Dilma fez o pronunciamento oficial de inauguração do encontro anual, costume que vem desde que o diplomata Oswaldo Aranha (1894-1960) abriu a Assembleia Geral da ONU em 1947.
No seu discurso, a presidente também tratou da questão israelo-palestina e voltou a defender o reconhecimento dos territórios autônomos palestinos: “Reitero minha fala de 2011, quando expressei o apoio do governo brasileiro ao reconhecimento do Estado Palestino como membro pleno das Nações Unidas”.

Ao falar violência na Síria, entretanto, a presidente, infelizmente, assinou embaixo da política intervencionista norte-americana, que patrocina e financia as ações terroristas de grupos de oposição ao governo legítimo de Bashar al-Assad, para justificar uma intervenção militar no país como ocorreu na Líbia. “Recai sobre o governo de Damasco a maior parte da responsabilidade pelo ciclo de violência que tem vitimado grande número de civis, sobretudo mulheres, crianças e jovens”, disse. Por que a responsabilidade maior pela violência é do governo sírio, legitimamente constituído, e não dos grupos financiados e armados para assassinar, a presidenta não explicou. Já está valendo formar grupos e abarrotá-los com dólares para sabotar um país? Se fosse nos EUA e contra o governo americano, esses grupos seriam tratados com gentilezas, tapete vermelho e banda de música? Provavelmente, no Patriot Act deve haver uma cláusula saudando-ose abraçando-os.

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