Quando Lula se elegeu pela primeira vez, teve que produzir um documento chamado "Carta aos Brasileiros". Na verdade, era uma carta ao mercado, dizendo que não iria mexer nas coisas feitas pra trás, na gestão de FHC. Ou seja, não ia mudar contratos em curso, não ia desfazer privatizações, não ia tirar as principais fontes de lucro dos banqueiros. E assim o fez.
Agora, Marina Silva repete o movimento, mas com muito mais profundidade. Ao propor a independência do Banco Central, ela quer sinalizar ao mercado de que eles vão poder bamburrar de dinheiro, tomar conta por inteiro da economia. A proposta foi apresentada, para disputar o "mercado" com Aécio Neves. E deu certo.
Independência do Banco Central vai além de tudo o que qualquer banqueiro sonharia. Esta página - e tantos outros - denunciam a proposta como um crime contra o povo brasileiro. Os bancos poderão fixar as taxas de juros, desde que entreguem um índice de inflação. Inflação é algo que deve ser sempre combatido. Mas existem outros parâmetros para definição de que uma sociedade vai bem ou não. O emprego, por exemplo, é muito mais importante que a inflação.
Na Europa a inflação é mais baixa que no Brasil, mas o povão de lá (isso, na Europa também tem povão), não tem dinheiro para comprar nada, não tem crédito e o desemprego bota no desespero milhões de famílias, que passam a depender de subsídios do poder público criados na época do famoso Estado de Bem Estar Social. Esses subsídios que por lá são paulatinamente cortados em nome da "austeridade" exigida por organismos internacionais, como o FMI.
Dar independência para o Banco Central no Brasil é adotar a saída europeia. É jogar milhões de pessoas na vala do desemprego ou da informalidade. É fazer os bancos encherem os tubos de ganhar dinheiro enquanto o povo se ferra.
Pedimos a candidata Marina Silva, que já recuou de tanta coisa, que recue também da independência do Banco Central. Marina, você não precisa mais disputar o mercado com Aécio. Aécio já morreu. Não mate também o trabalhador brasileiro por causa de sua sede pelo poder.
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