quarta-feira, 18 de julho de 2012

Observadores da ONU desmentem ‘notícias’ de chacina em Tremseh


Porta-voz do grupo de monitoramento da ONU na Síria esclareceu o ocorrido no vilarejo: embates entre os mercenários e as forças de segurança do país
Na quinta-feira, pouco antes de uma nova rodada de negociações do Conselho de Segurança da ONU sobre as medidas internacionais acerca do conflito na Síria, uma onda de "informações" sobre aquele país invadiu a mídia. Desta vez os habitantes de uma aldeia singela, próxima à cidade de Hama, foram "massacrados com tiros de artilharia do exército sírio".

E mais, segundo a mídia servil aos interesses do Império aqui no Brasil, teria sido "o maior desde o início dos confrontos". Segundo ela teriam morrido 200 civis na suposta chacina.

Um dejá vu, que já iria se desgastando pela estranha repetição de fatos que só interessam a um lado (os que querem desgastar o governo sírio). Antes de qualquer evento internacional, ocorre um grande massacre. A mídia entra em cena para chocar a opinião pública, a secretária de Estado dos EUA reage, a diplomacia dos governos capachos, principalmente na Europa e Oriente Médio reagem impondo sanções à Síria...

No entanto, o que se viu, logo a seguir, foi o desmoronamento da mentira de pernas mais curtas já contada desde o início dos confrontos.

Enquanto a imprensa divulgava o "massacre de Tremesh", sai o desmentido pela porta-voz do grupo de monitoramento da ONU na Síria, Sausan Ghosheh. "O ataque sobre Tremseh teve como alvo grupos específicos e casas de desertores do exército e rebeldes", declarou a porta-voz.

A porta-voz do grupo de monitores da ONU que puderam visitar o local, quase imediatamente com apoio do governo sírio, acrescentou que não puderam constatar a quantidade de mortos.

FUMAÇA


Quer dizer, virou fumaça a acusação de que a violência contra os civis vinha do governo de Bashar Al Assad e não dos mercenários financiados pela CIA, pelo Qatar e Arábia Saudita insuflados, armados e financiados a partir do exterior. Quer dizer, dos EUA.

O plano golpista secreto ficou escancarado e desmoralizado. O ministro do Exterior da Rússia, Serguei Lavrov, afirmou que não cederia à chantagem no Conselho de Segurança da ONU para impor sanções militares (leia-se autorizar a agressão armada) contra a Síria (ver matéria abaixo).

As informações do grupo de monitores da ONU contradizem as dos mercenários que estavam sendo papagueadas sem nenhuma verificação crítica e corroboram os informes do governo sírio sobre as ocorrências de Tremseh.

A este respeito, vale a pena ler um trecho de matéria publicado pelo NYT, que não tem qualquer interesse em dar uma mão ao governo sírio, mas ficaria bastante desmoralizado se silenciasse a respeito da farsa orquestrada.

Na matéria do dia 14 de julho intitulada "Detalhes de uma batalha desafiam informes de um massacre sírio", destaca que "novos detalhes, emergindo no sábado, sobre o que foi chamado de massacre de civis perto da cidade de Hama, parecem indicar que o mais provável é que tenha havido um choque entre o exército e combatentes locais".

E mais, acrescenta o NYT: "vídeos que surgiram até agora, têm mostrado que as vítimas são jovens em idade de combate. Um deles mostra 15 corpos. Em outro vídeo – exposto pelos rebeldes – declara-se apresentar um grupo de reforços sendo enviado a Tremseh, também se vê homens jovens em roupas civis levando armamento pessoal".

A BBC também se sentiu na obrigação de desmontar a farsa, bastando para isso ler o título dado pela circunspecta rede à matéria: "Ataque a vilarejo sírio teve como alvos militares desertores e ativistas, diz ONU".

Foi como se uma bomba caísse sobre os mal construídos castelos da mídia para detonar a imagem do governo sírio e de seu líder, Bashar Al Assad. No nosso país ela pode até tentar seguir escondendo os fatos, mas sabe que se move sobre um terreno movediço – as intrigas da CIA. As falácias tem tão pouca sustentação que nem os paradigmas dessa imprensa, as redes do Império, conseguem – de forma constante – seguir dando respaldo à farsa.

A história mal urdida acerca do massacre de Houla já havia sido contestada por jornalistas russos, a exemplo de Marat Musin (Anna News) ou do alemão, Todenhoefer (Die Welt), mas ainda não ocorrera algo como agora, em que a mentira está sendo desmascarada pelos próprios conselheiros da ONU e em matérias de jornais como o insuspeitos NYT assim como na BBC. Ficou mal para aquele que se diz "mediador" do conflito e para o qual tanto o governo sírio, como o russo, têm estendido o tapete, ex-secretário da ONU, Kofi Annan, que foi logo dizendo que se tratava de um "massacre chocante e apavorante".

CARTA A ANNAN


Em carta a ele, o vice-primeiro ministro da Síria, Moallem, declara:
Lamento que Vossa Senhoria tenha baseado Vossa posição numa única e imprecisa fonte de informações.

Esperava que Vossa Senhoria verificasse os relatos junto ao Governo sírio antes de adotá-los, para que pudesse ver a verdade dos fatos, salientando que nós atendemos imediatamente ao pedido da missão de observadores para visitar Al Tremseh e a visita foi, de fato, realizada na data estabelecida por eles, em 14/07/2012.

O que ocorreu no vilarejo de Al Tremseh, próximo a Hama, é que dezenas de membros de grupos terroristas armados invadiram o vilarejo e lá se instalaram, aterrorizando os moradores civis e criando sedes de comando, depósitos de armas e locais de tortura dos seqüestrados, atacando mais de um ponto das Forças de Segurança concentradas nos arredores do vilarejo, o que exigiu uma resposta e o choque desde as 05:00 horas da manhã da quinta-feira, 12/07/2012.

Durante os choques, foram danificadas apenas cinco casas dentro do vilarejo que eram utilizadas como sedes dos grupos terroristas armados, assim como foram encontradas grandes quantidades de armas, munição e artefatos explosivos.

Afirmo à Vossa Senhoria que as forças do Governo não cometeram nenhum massacre, conforme anunciou a imprensa, mas os grupos armados levaram consigo alguns corpos dos seus mortos e alegaram que o exército sírio promoveu um massacre contra os civis, fato que nego veementemente.

Causa-me muito estranhamento o Vosso silêncio diante das violações diárias cometidas pelos grupos terroristas armados, que já ultrapassaram dez mil e quinhentas violações, desde 12/04/2012 até a presente data.

O silêncio de Annan continua...
NATHANIEL BRAIA

 

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