sexta-feira, 7 de agosto de 2009

“Fraudaram uma fita para me ligar a Zuleido Veras”

“Fraudaram uma fita para me ligar a Zuleido Veras”
“Acusam-me de nepotismo. Essa é a grande acusação que me é feita. Há 55 anos no Congresso, nunca adotei a norma de chamar parentes para a minha assessoria”. (Mostrando uma lista de pessoas nomeadas no Senado, o senador José Sarney foi mostrando que não tinham ligação com ele. Assumiu apenas uma nomeação de uma sobrinha no gabinete do senador Delcídio Amaral). “....Agora, aqui vamos ver: Ricardo de Araújo Zoghbi, Luiz Fernando Zoghbi, João Carlos Zoghbi Júnior. Ora, os senhores veem por essa lista quanto isso pode ser coisa que não pode ser feita; senão coisa que não pode ser feita com seriedade, porque todos sabem que eu nunca me relacionaria com o Sr. Zoghbi. E, ao contrário, mandei abrir inquérito contra ele. Eu tenho aqui as relações feitas pelos senadores pedindo a nomeação dos filhos do Sr. Zoghbi. E botaram que fui eu que nomeei, na minha lista. “Dirijo-me a V. Exª para encarecer do Sr. Marcelo Zoghbi neste gabinete para o cargo em comissão... Demóstenes Torres” (lê documento). Estou dizendo isso, senador Demóstenes, só para provar como foi feito, como se faz, como foi feita essa lista”.
CRÉDITOS CONSIGNADOS
“Outra denúncia que fizeram é que meu neto tinha sido privilegiado com agenciamento de créditos consignados de forma fraudulenta. Meu neto nunca teve nenhuma relação com o Senado. (Pausa)
“Declaro, a quem interessar possa, que o Sr. José Adriano Cordeiro Sarney não é nem nunca foi integrante do quadro de pessoal do Senado Federal, seja efetivo ou de pessoal comissionado, bem como atesto, para todos os fins de direito, que este Senado Federal não tem nem nunca teve qualquer contrato firmado com a empresa Sarcris – Consultoria, Serviços e Participações Ltda.”
“Sua relação era com o HSBC, o maior banco do mundo, e não podia ter sido colocado como se aqui no Senado ele tivesse sido posto por interferência de quem quer que seja.
Agora, esse contrato foi feito com o HSBC, a sua concessão, em 2005. Em 2005, quando ele operava, eu não era presidente, não tinha nada a ver com isso, nem estou sabendo”.
FUNDAÇÃO SARNEY
“Tratou-se também da Fundação Sarney, acusando-me de nela ter funções administrativas e ter negado isto desta tribuna. Quero mostrar o que me faculta o Estatuto da Fundação, pelo parágrafo único do art. 19. Está ali: “É assegurado ao instituidor delegar total ou parcialmente, por prazo determinado, os poderes que lhe são conferidos por este Estatuto. E eu, na condição de instituidor, Presidente vitalício e Presidente do Conselho Curador da Fundação da Memória Republicana, com fundamento no parágrafo do art. 18, delego, pelo prazo de cinco anos, ao advogado José Carlos Sousa e Silva [porque tinha que ser delegado, e ela foi renovada de cinco em cinco anos], inscrito na Ordem, os poderes a mim conferidos por este Estatuto”. Então, nunca tive nenhuma função administrativa na fundação fundada por mim. Essas são as provas que estão sendo mostradas aqui”.
(Depois de mostrar que foi vítima de escuta ilegal e que foram gravadas “conversas coloquiais entre familiares” para serem usadas contra ele, o presidente do Senado denunciou os métodos e abusos que foram adotados para espioná-lo e comprometê-lo).
FALSIFICAÇÃO
“Não encontrando nada contra mim – faltando, acho, notícia – e querendo generalizar, os senhores vão ficar pasmados. Fraudaram a fita que distribuíram aos jornais e incluíram o meu nome, a voz de outra pessoa, que passa no diálogo, pensando-se que é um interlocutor dizendo: “Eu vou, estou indo para a casa do Sarney”. E aí me colocaram como sendo um homem que participava da Operação Gautama do Sr. Zuleido Veras. Se eu já vi o Zuleido Veras três ou quatro vezes na minha vida foi muito e nunca tive intimidade, nunca frequentou a minha casa. Mas fraudaram e colocaram [a voz na fita]. Isso foi feito [detectado] numa perícia feita pelo Sr. (Ricardo) Molina, o grande conhecido perito nesse assunto. “O negócio não está solto, não.” Já, no dia 9... “Vai chegar à casa do Sarney já, já”. Essa frase não é dele [Zuleido]. É outra voz que foi enxertada na fita, para que pudesse, então, colocar-me dentro desse problema. Está aqui e ele [Molina] também disse: “A voz que diz a frase relativa ao Senador José Sarney e a voz de quem se identifica como Zuleido na conversa telefônica não pertencem ao mesmo interlocutor”. Mais ainda, no laudo completo, ele prova e mostra a mudança de ciclagem, tecnicamente, como está comprovado. Entretanto, isto foi feito. Para quê? Se foi feito nisso, quantas dessas gravações que publicaram aí não foram montadas? Quantas? Alguém pode dizer, afirmar que não se procede? E onde foram montadas? Quem é responsável por isso? Nós não temos, nenhum de nós... Hoje somos impotentes para saber exatamente o tipo de processo que se usa”.

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