domingo, 1 de fevereiro de 2009

As "boas intenções" terão que se "sobrepor" aos projetos mafiosos


Afirmou o presidente do Parlamento cubano, Ricardo Alarcón, no lançamento do livro "Operación Exterminio, 50 años de agresiones contra Cuba", de Fabián Escalante

Jean-Guy Allard

"DEPOIS de 50 anos de agressões norte-americanas, ficou demonstrado que ‘por boas que forem as intenções’, os setores favoráveis nos Estados Unidos à melhora das relações com Cuba, terão que se ‘sobrepor e derrotar’ os elementos que, ao longo destes anos, tentaram ‘exterminar o povo cubano’", assinalou em 23 de janeiro, o presidente do Parlamento cubano, Ricardo Alarcón de Quesada.

O Parlamento participou do lançamento do último livro de Fabián Escalante Font, Operación Exterminio, 50 años de agresiones contra Cuba, no qual o ex-chefe de Segurança do Estado cubano recolhe estas cinco décadas de guerra não-declarada de Washington contra a Ilha.

Alarcón lembrou que nos últimos meses de 1958, o presidente Eisenhower, o vice-presidente Nixon, o diretor da CIA, o chefe do Pentágono, os chefes militares e o secretário de Estado fizeram o possível para "impedir a vitória de Castro", e que neste processo o mesmo Eisenhower insistiu constantemente em "ocultar a mão dos Estados Unidos".

"Quem duvide disso — disse Alarcón — que leia este documento revelado que, na meia-noite de 31 de dezembro de 1958, Chistiam Herkel, secretário de Estado de Eisenhower na época, estava preparando para enviá-lo a seu embaixador em Havana".

"É um documento amargo. Resume a frustração e a dor do governo norte-americano, quando reparou que não foi possível salvar o governo Batista. Faz uma retrospectiva de tudo o que fizeram para ajudá-lo, desde o treinamento dos oficiais das forças aéreas batistianas, as mesmas que bombardearam a Serra Maestra, que bombardearam Santa Clara..."

COOPERARAM COM BATISTA EM MATÉRIA DE ENERGIA NUCLEAR

Neste texto, assinalou o parlamentar cubano, Herkel explica sucessivamente "que bombardearam a população civil; o treinamento e a assessoria dos principais corpos repressivos; o treinamento de tropas; o apoio diplomático..."
Mas o cúmulo é, aponta Alarcón, "quando Herkel destaca —confesso que ignorava antes de saber o conteúdo dos documentos desclassificados — a cooperação que davam no uso da energia nuclear..."

"Imaginem vocês se existisse um documento que revelasse, já na Cuba revolucionária, contatos nossos com alguém para o desenvolvimento da energia nuclear... seria tamanho escândalo no mundo!"

"A frase ‘ocultar a mão dos Estados Unidos’ de Eisenhower regeu durante todo este período", acrescentou o presidente do Parlamento. "E quando triunfou a Revolução, tentaram destruí-la. Mas tentaram, sobretudo, exterminar o povo, aniquilá-lo", à força de fome e de sofrimentos.

"Algumas expectativas, algumas ilusões surgem aqui e lá..." proseguiu o presidente do Parlamento cubano. "Devemos levar em conta que, embora sejam boas as intenções e os desejos de algumas pessoas, para mudar esta política, inclusive em aspectos parciais, terão que se sobrepor a setores que não são fracos", que sempre fustigaram Cuba.

Como demonstração desta vontade de obstaculizar a normalização das relações, Alarcón referiu-se ao fato de que, em 14 de janeiro último, o Escritório de Controle de Bens Estrangeiros (OFAC) do Departamento do Tesouro, decretou "clarificações legais" sobre as viagens a Cuba. "Não para afrouxá-las, mas para ter certeza de que os controles seriam ainda mais rigorosos."

"UMA GUERRA ONDE FORAM VENCIDOS"

Por outro lado, ao explicar a composição do seu trabalho de investigação e relatar estes 50 anos de luta dos Órgãos de Segurança do Estado, Fabián Escalante ressaltou como a CIA, na sua guerra contra Cuba, dispunha em Miami, nos anos de 60, "de uma base de operações com 4 mil agentes cubanos, 400 oficiais norte-americanos, uma marinha de guerra, uma força aérea, com US$100 milhões cada ano, toda uma logística".
"Foram então milhares de ações subversivas, atos terroristas, tentativas de levantamento, mais de 30 organizações contra-revolucionárias, operações de todo tipo..."

"Somente nos primeiros nove meses de 1962, realizaram-se em Cuba 5.780 atos terroristas, subversivos, tentativas de assassinato, para vocês terem uma ideia da violência existente naquela época, uma guerra extraordinária: uma guerra onde foram vencidos".

Escalante precisou: "Durante aqueles anos, o povo cubano com suas organizações revolucionárias, políticas, com Fidel à frente, venceu-os...".

"Nessa escalada começou também o que a CIA denominou a guerra biológica", lembrou. "Não podemos esquecer-nos disto: somente nessa época, foram introduzidas em Cuba treze pragas, entre elas, a dengue hemorrágica, que contaminou 350 mil pessoas, entre as quais morreram 1.258, delas, 101 crianças...".
"Em duas ocasiões, a febre suína africana arrasou com esse gado do país...".

"Na década dos anos de 60 — a de Nixon— o bloqueio econômico também foi recrudescido", acrescentou o general-de-divisão.
"ALGUÉM RECEBE UM SALÁRIO"

Como parte da guerra psicológica, da subversão generalizada, no decurso destes anos, a CIA também realizou grandes operações de desinformação para desacreditar a Revolução Cubana.
Hoje, "em quase todos os principais países deste continente e do continente europeu, existe um mecanismo destinado a desprestigiar a Revolução Cubana...".

"Alguém recebe um salário para enganar e difamar a Revolução cubana. Em meio a esta grande campanha, foram criadas a Rádio Martí e muitíssimas outras muitas emissoras, com que atacam e tentam subverter a Revolução Cubana."

"É essa a estratégia que aplicaram até hoje", precisou Escalante.

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