quinta-feira, 19 de maio de 2016

O neoliberalismo é o reino da ilegalidade, porque não dizer, da ladroagem e do privilégio.

Previdência é alvo de Meirelles porque tem recursos de sobra

Ela não é deficitária; plano de Temer e Dilma é meter a mão nos recursos dela para desviar para os bancos 


















O neoliberalismo é o reino da ilegalidade, porque não dizer, da ladroagem e do privilégio.
O então presidente Lula elevou o então presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, ao status de ministro, para conceder a ele "foro privilegiado", diante das investigações do Ministério Público e da Polícia Federal sobre suas empresas de fachada.
Até hoje Meirelles não explicou as transações dessas empresas – a Silvania Empreendimentos e Participações, a Silvania Holdings, a Goiânia Ltd., a Silk Cotton Investiments, a Yametto Corporation, a Silvania One LLC, a Silvânia Two LLC, a Boston Administração Comercial e Empreendimentos e a Boston Comercial e Participações (cf. STF e PGR,Inquérito 2.206-3/DF).
Mas garantiu sua sobrevivência fora da cadeia, através do "foro privilegiado" que lhe concedeu Lula – o mesmo Lula que queria colocá-lo no Ministério da Fazenda de Dilma.
Para quê?
Vejamos, então, o mesmo Meirelles, agora ministro da Fazenda de Temer.
Sua "previsão" de que, até o fim do ano, 14% da força de trabalho – 14 milhões e 200 mil pessoas – estarão desempregadas, significa apenas que este é o seu objetivo. Não é uma "previsão", é uma meta.
Diz Meirelles: "imagine um ônibus que vem numa certa velocidade porque tava acelerando, mas de repente, resolve-se frear. Mesmo aplicando um freio, o ônibus ainda anda um pouco até parar".
Meirelles está falando em desempregar mais três milhões de pessoas até o final do ano, além das três milhões e 200 mil que Dilma desempregou em 15 meses – ou seja, Meirelles quer acelerar o desemprego, não freá-lo. O resto é cinismo.
Após tomar posse, anunciou seus objetivos imediatos: meter a mão (desculpe o leitor se não encontramos expressão mais elegante) no dinheiro da Previdência e aumentar a carga de impostos sobre a população – os dois com o mesmo sentido: expropriar trabalhadores e empresários produtivos para aumentar o butim do setor financeiro.
A consequência dessa continuação da política dilmista somente pode ser o agravamento da crise – por obra, exclusivamente, da política do governo. Estamos diante de uma catástrofe, algo ainda pior que a situação atual, somente evitável pelo fim desse governo, pela convocação de eleições, com a devolução da soberania ao povo, e pela implementação de um programa que contemple as necessidades nacionais, as necessidades dos trabalhadores, dos empresários nacionais – do povo brasileiro, enfim.
Não será esse tacão antinacional, antipopular – e, por consequência, antidemocrático – que tirará o país da crise. Pelo contrário, ele só pode levar o país a uma convulsão.
Henrique Meirelles foi exumado, em 2003, por Lula, que o colocou no Banco Central durante oito anos, quando sua reputação (?) como especulador desabara, arrastada pelo estouro da Argentina em 2001.
Como presidente do BC, sua maior façanha foi transformar a "marolinha" que atingiu o Brasil no final de 2008, como repercussão da crise norte-americana, numa recessão que durou um ano. Meirelles fez esse serviço, simplesmente, mantendo os juros básicos nas alturas, após a quebra do Lehman Brothers (15/09/2008), episódio que deu início à crise dos EUA, quando todos os outros países diminuíam velozmente suas taxas de juros – menos um: o nosso.
O leitor pode perguntar por que, com esse currículo, Temer o nomeou para ministro da Fazenda. Pela mesma razão que Dilma nomeou Levy – por subserviência aos parasitas financeiros. Aliás, o secretário-executivo (vice-ministro) de Levy, um funcionário do Bradesco de nome Tarcísio Godoy, foi nomeado secretário-executivo de Meirelles.
O conhecimento de Meirelles sobre economia foi expresso por ele numa entrevista, em 2006: "Tem que ter uma carta na manga. Qual é essa carta? Ora, juros!". Fora isso – ou inclusive isso – é uma nulidade tão completa e absoluta, que põe em dúvida a velha crença de que ninguém é perfeito.
Disse ele que "temos de controlar principalmente despesas não necessárias" (Valor, 15/05/2016).
Despesas "não necessárias" não deveriam ser feitas. Para que "controlar" algo que nem deveria existir? No entanto, essa estupidez, típica de Meirelles, tem um pervertido significado.
A despesa "não necessária" do setor público são os juros, determinados pelo próprio BC: uma drenagem para os bancos, fundos e demais rentistas de R$ 587 bilhões e 143 milhões, de janeiro de 2015 a março deste ano, que estrangulou a economia brasileira. De 2011 a março de 2016, o governo Dilma transferiu em juros, do setor público para os bancos, R$ 1 trilhão, 597 bilhões e 916 milhões.
Nunca existiu despesa tão desnecessária. Nenhuma economia do mundo, nenhum país, pode sobreviver – no sentido pleno - com essa sangria de mais de meio trilhão em apenas 15 meses, do setor público para o setor financeiro, sobretudo para os monopólios financeiros estrangeiros.
Mas não é essa despesa que Meirelles considera "não necessária".
Pelo contrário, ele acha necessário (?!) e até urgente que o setor público continue a transferir juros altíssimos, para acabar com uma suposta "insegurança em relação à sustentabilidade futura da dívida pública", insegurança esta que "é o fator que mais impacta na queda da confiança que afeta o País".
Em suma, é preciso "cortar na carne" (sic) para que sobre mais dinheiro para transferir aos bancos. Meirelles parece ter um prazer especial em repetir a expressão "cortar na carne" ou "cortar na própria carne" . A solução para tudo é "cortar na carne". Um prazer estranho... Mas a carne aqui é a do povo - dos trabalhadores, dos empresários nacionais, do Estado e do Tesouro.
Mas, então, se não são os juros, quais são, para Meirelles, as "despesas não necessárias"?
Segundo disse àquela senhorita um pouco escandalosa (quase assistimos a fatos constrangedores pela TV), que o entrevistou no "Fantástico", despesas não necessárias são "por exemplo (...) aumento de despesa por aumentos de salários, de determinados tipos de funcionários que não necessariamente poderiam ser justificável pelo aumento das receitas [e] outros tipos de gastos que não eram necessários".
É óbvio o sentido dessa enrolação: despesas "não necessárias" são, por exemplo, os salários dos funcionários – e não se trata de algum marajá, cujo corte não teria importância nas finanças públicas.
Em 2015, o governo federal transferiu três vezes mais em juros aos bancos do que o total da folha de pagamento (fora os encargos). Se considerarmos apenas os salários da folha de pagamento, a transferência em juros foi mais de seis vezes a despesa com funcionários (cf. STN,Balanço Geral da União 2015, p. 143).
Porém, Meirelles quer cortar a folha de pagamento, obrigar os trabalhadores a somente se aposentarem à beira da cova, aumentar impostos – com o único intento de manter a hemorragia dos juros, a apropriação de parcelas cada vez maiores da renda e do patrimônio interno por um minúsculo punhado de rentistas que, os de mais alto coturno, estão nos EUA e outros países imperialistas.
CARLOS LOPES
http://www.horadopovo.com.br/

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