sexta-feira, 20 de maio de 2016

Agente confirma que a CIA entregou Nelson Mandela para a polícia do apartheid

A prisão do líder sul-africano Nelson Mandela em 1962 teve a participação direta da CIA (Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos), que proporcionou informações essenciais para sua captura pelo regime do apartheid quando se dirigia clandestinamente da cidade de Durban para Joanesburgo. A “divulgação bomba” foi feita pelo ex-agente da CIA, Donald Rickard, em entrevista ao jornal inglês The Sunday Times, um pouco antes da sua morte no começo deste ano.
  

Fazendo operações encobertas pelo cargo de “diplomata” de Washington em Durban no momento da detenção do líder, Donald Rickard afirmou que Mandela era então, “o comunista mais perigoso do mundo”, e que por isso não se arrependia de tê-lo jogado atrás das grades por mais de 27 anos, 18 anos em solitária. Como importante referência, disse o ex-agente, o exemplar lutador precisava ser trancafiado pois colocava em xeque a manutenção do regime de segregação racial, sustentado pelos EUA, Inglaterra e Israel. “Estávamos na margem de um precipício, o que significava que Mandela tinha que ser detido”, frisou.
  “A revelação confirma o que sempre soubemos: que estavam trabalhando contra nós, como fazem até hoje”, declarou Zizi Kodwa, porta-voz do Congresso Nacional Africano (CNA), o partido de Mandela. “Esta não é uma teoria da conspiração. Isso não acaba de iniciar, é um padrão que tem continuidade histórica”, acrescentou.
De acordo com a correspondente da BBC em Joanesburgo, Karen Allen, com a confirmação de Rickard, finalmente a CIA pode tornar públicos seus documentos secretos sobre a prisão de Mandela, bem como seu apoio ao “apartheid”.
  A entrevista foi realizada pelo diretor de cinema britânico John Irvin, responsável pelo filme “Mandela’s Gun”, que aborda a etapa em que dirigiu a resistência armada contra o regime de minoria branca – que mantinha a população negra escrava da miséria nos “bantustões”.
  Nelson Mandela foi presidente da África do Sul de 1994 a 1999 e integrou a lista de vigilância de “terroristas” dos Estados Unidos até 2008. Faleceu em 2013 aos 95 anos.
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