quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Desvio de recursos públicos para rentistas cresce 88% no semestre



Em seis meses, R$ 225,870 bilhões foram desviados para pagamento de juros a bancos


O Banco Central (BC) revelou no último dia 31 que, em seis meses, o setor público transferiu, em juros, para os bancos, fundos e demais rentistas, R$ 225,870 bilhões, o equivalente a 8% do PIB.
Um aumento de +87,84% em relação ao primeiro semestre de 2014.
É a maior derrama da História do país, com os governos estaduais e municipais sendo extorquidos em nada menos que R$ 42,419 bilhões – daí, em meio à recessão também provocada pelo governo Dilma (e à recusa, por parte da própria Dilma, de cumprir a decisão do Congresso de renegociar as injustas dívidas estaduais e municipais), a situação explosiva tanto nos Estados quanto nos municípios.

A quantia que o governo Dilma, ao estabelecer taxas absurdas de juros, transferiu aos rentistas entre janeiro e junho, é maior que a participação no PIB (Produto Interno Bruto) de todos os municípios brasileiros, com exceção de um (São Paulo).

Ou, a mesma coisa dita de forma um pouco diferente: o que se gastou com juros no primeiro semestre é superior ao PIB anual de 5.569 municípios do Brasil. O único que tem um PIB maior que esse gasto é São Paulo (cf. IBGE, PIB dos Municípios, tabela 5).

Assim, estrangulando o país com juros cada vez mais altos (estão, há muito em patamar intergalático), o governo Dilma está destruindo o país pela transferência colossal de recursos do setor público e do setor produtivo público e privado, para o setor financeiro.

Como consequência, o lucro dos bancos foi outra vez catapultado para o espaço (v. matéria nesta página).
É tentador dizer que o projeto desse governo é nos transformar em uma gigantesca fazenda, uma colônia agro-pastoril para abastecer os EUA e outros países centrais. Mas não seria verdade – e soaria algo bucólico para uma realidade de intensa injustiça e sofrimento humano.

Até porque a agropecuária continua a ser apenas uns 5% do PIB brasileiro, por mais que a senhora Kátia Abreu, ex-estrela do Monsanto News, diga que o agronegócio vai salvar o país – coisa muito mais sem pé nem cabeça que a “salvação da lavoura” dos oligarcas de antes de 1930, até porque, sob a política atual, as “empresas exportadoras” são, cada vez mais, a Bunge, a Cargill, a Louis Dreyfus, a ADM, etc.

Vamos ao mais sério – e mais violento.

Na manhã de terça-feira, o IBGE divulgou que a produção industrial (produção física) caíra -6,3% no primeiro semestre deste ano, com a produção de bens de investimento (ou bens de capital – em suma, máquinas e equipamentos) caindo -20% em relação ao mesmo semestre do ano passado.

Com um encolhimento de -20% (ou -1/5) na produção de máquinas e equipamentos, e, ao mesmo tempo, uma queda de -15,1% na importação dos mesmos bens, além de -15,5% na importação de matérias-primas e componentes para montagem (bens intermediários), praticamente o investimento deixou de existir na economia do país. O dinheiro das empresas computado como tal é, sobretudo, reposição, em vista do desgaste das unidades de produção (mesmo a parte das máquinas que não está em funcionamento sofre desgaste – inclusive pela falta de uso).

Praticamente todas as empresas produtivas tiveram prejuízo no primeiro semestre – a variação da produção industrial foi negativa em todas as grandes categorias econômicas (bens de capital, bens intermediários, bens de consumo duráveis, semiduráveis e não duráveis), em 24 dos 26 ramos da indústria e em 70,1% dos 805 produtos investigados pelo IBGE.

O que isso significa é uma tenebrosa destruição de forças produtivas, inclusive, humanas. Nove milhões de desempregados – um milhão ou mais que no primeiro semestre do ano passado – é a socialização do desespero: pais e mães sem emprego, filhos com fome ou à beira, despejos e barracos abaixo dos viadutos, quando existem barracos e quando existem viadutos.

É essa situação dramática – com tendência a piorar rapidamente, transformando-se em tragédia social e nacional – que, segundo os lacaios peto-palacianos, não existe.

Como disse a senadora Gleisi Hoffman, até há pouco ministra da Casa Civil, o pessoal que vai ao parque de diversões do Beto Carreiro demonstra que não há crise. Em intervenção na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, a mesma senadora, também esposa do prócer petista Paulo Bernardo, declarou que “o mercado da beleza está em alta. (…) Dizer que esse mercado está indo bem significa que não estamos numa situação tão trágica de crise descontrolada ou de País quebrado” (CAE, Notas taquigráficas, 14/07/2015).

Não diremos, como ouvimos há alguns dias, que, agora, além de uma “Mulher Sapiens”, temos uma “Barbie Sapiens”. A Barbie não merece semelhante insulto.

Mas, antes o problema fosse uma senadora petista que parece ter como sublime referência cultural a Disneylândia ou algum mafuá em Coney Island.



Forçoso é reconhecer que a srª Hoffman e sua alienação é representativa de uma cepa cujo cinismo – e/ou estupidez - vem ultrapassando fronteiras, há mais de 200 anos estabelecidas por outra senhora, a austríaca Maria Antonieta, que, por não usar a cabeça, perdeu a sua.

Eles pretendem, com a simples e rasteira negação pública da realidade, sufocar no povo o sentimento de revolta contra o golpe – o estelionato eleitoral de Dilma – e seu repúdio ao mais desbragado delírio neoliberal que já houve no país, de um sadismo que até supera as carcaças ambulantes de Fernando Henrique e caterva.

Ou será que mudar as regras para cassar parte do seguro-desemprego, no momento em que se provoca mais desemprego, não é sadismo? Até o velho conservador Churchill – autor, na década de 30 do século passado, da lei inglesa de seguro-desemprego – sabia que é no momento em que há mais desemprego, que se precisa mais do seguro-desemprego (o que, aliás, é óbvio).

Pois o governo Dilma e o PT fizeram o oposto: cortaram o seguro-desemprego no momento em que sua política desemprega mais trabalhadores.

Em seguida, através da Medida Provisória 680, instituíram um aberrante e inédito corte de 30% nos salários, apenas para beneficiar multinacionais – em especial, as montadoras automobilísticas. E, claro, chamaram essa pornografia de “Programa de Proteção ao Emprego”...

De tucano de quatro costados, o sr. Joaquim Levy é agora ideólogo do PT – vide a reprodução de um artigo seu, de uma grosseria reacionária de deixar o falecido Bob Fields no chinelo, no site do PT.


Podemos imaginar o constrangimento de Válter Pomar ao comentar essa destacada publicação de um trecho das obras do sr. Levy: “Como filiado, já por diversas vezes manifestei minha inconformidade com este tipo de publicação, que direta ou indiretamente dá respaldo à posições que não foram aprovadas em nenhuma instância partidária. A reincidência demonstra que os dirigentes responsáveis por este tipo de barbaridade não consideram que a crítica seja procedente ou relevante. Da minha parte, sigo indignado. E cada vez mais convicto de que o Partido precisa - tal como previsto no estatuto partidário - realizar um 

Encontro Nacional extraordinário”.
Não sabemos exatamente para que Pomar quer esse encontro, já que ninguém discutiu nada no recente Congresso da agremiação. Mas isso não é problema nosso.
CARLOS LOPES

http://www.horadopovo.com.br/
 




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