quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Vargas, Jango, Lula e Dilma





Sempre que presidentes brasileiros tomaram medidas em favor dos trabalhadores, houve implacável reação golpista. Essa prática se repete hoje.

Beto Almeida
Arquivo

  Sempre que presidentes brasileiros tomaram medidas em favor dos trabalhadores, houve  implacável reação golpista. Na Era Vargas, criadas a CLT, a Petrobrás, a CSN, o salário mínimo, a licença maternidade e o voto feminino, a oligarquia nativa, estimulada pelo imperialismo, chegou até a pegar em armas contra o governo, como na Rebelião Paulista de 32, que Lula, corretamente, apelidou de Contrarrevolução. Foi o período de maiores avanços na industrialização, na educação, nos direitos sociais e trabalhistas com a expansão do estado, sempre enfrentando ruidosa e colonizada oposição conservadora. 
 
Para se ter uma ideia do grau de delírio oposicionista, no mesmo dia em que Vargas assinava decreto criando a Petrobrás, o jornal "O Estado de São Paulo" , publicou editorial criando o que chamou de loucura de Vargas por criar uma empresa petroleira estatal onde sabidamente, dizia, não há petróleo. Com o Brasil transformando-se num grande país petroleiro,  o jornalão da oligarquia paulista deveria pedir desculpas ao povo brasileiro, por tamanha desinformação histórica!































Mas, Vargas foi além e também a comunicação e na cultura, adotando medidas estruturantes, seja quando  nacionalizou a Rádio Nacional e criou a Rádio Mauá, com os  sindicatos na gestão da emissora, seja ao criar o Instituto Nacional de Cinema Educativo, com os geniais  Roquete Pinto Humberto Mauro no comando, e, também o Instituto Nacional de Música, com Villa-Lobos a presidi-lo. O império e as oligarquias nativas não perdoaram tanta independência e audácia de Vargas. O golpe de 54 foi trágico: Vargas preferiu a morte, mesmo tendo majoritário apoio popular e até condições para derrota-lo. Porém, descartou a resistência, inclusive armada, conforme sugerida por Tancredo Neves, um de seus ministros.

O Presidente Jango, que quando Ministro do Trabalho de Vargas havia aumentado o salário mínimo em 100 por cento, repetiu o gesto, para desespero das oligarquias. Foi além: aproximou o Brasil da China e da URSS, lançou as Reformas de Base, iniciou a alfabetização em massa, com Paulo Freire. O Presidente dos EUA, Kennedy, que alguns ainda acham um democrata, organizou o golpe para depor Jango, só desferido em 1964, com os EUa já sob o comando de Lyndon Johnson.  Apesar de uma popularidade de 73 por cento, o governo Jango sequer cogitou a resistência, tal como aquela heróica que Brizola, em 1961, havia organizado, a partir do Rio Grande do Sul, formando uma rede de rádios em Defesa da Legalidade e a distribuindo armas ao povo organizado e mobilizado, provando ser possível derrotar o golpismo.

O Presidente Lula, quando ameaçado de impeachment, disse: “Não vou me suicidar como Vargas, não vou renunciar como Jânio e não vou sair do país como Jango. Vou convocar os trabalhadores e defender o mandato que o povo me deu pelo voto”. FHC entendeu o recado e desmobilizou a tese do impeachment. Frase atualíssima para  Dilma, novo  alvo de ações golpistas ou desestabilizadoras. Há ingerências externas para desestabilizar o país, há  inequívoca campanha contra a Petrobras, visando paralisar produtivamente o Brasil, bem como a integração econômica latino-americana, bloqueando empresas brasileiras que agem coordenadamente com os Estados da região.
 
Diante deste quadro complexo e grave, espanta constatar que  o PT ainda não organizou sua mídia própria, e que sequer montou  um jornal de massas, para o que não é necessário mexer na Constituição. Formar um jornal popular, de ampla circulação - como fez Vargas, com a Última Hora, como fizeram Chávez, Evo, Cristina e Correa - é uma necessidade inadiável,  para ter capacidade de  informar e organizar o povo brasileiro numa  nova Campanha em Defesa da Legalidade, o  que será dramaticamente imperativo no próximo período.


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