quinta-feira, 24 de julho de 2014

ELEIÇÕES 2014

Por José Cláudio de Paula - blog:

O processo eleitoral que se aproxima deve ser marcado, se depender somente da mídia tradicional, pela divulgação de pesquisas tendenciosas e pela fulanização da disputa. Há pouco destaque midiático sobre os programas e projetos para a sociedade brasileira. O tom que os grandes veículos de comunicação tentarão impor à disputa será o de um plebiscito sobre o governo comandado pela presidenta Dilma Roussef.
Não é absurdo prever o destaque midiático a manifestações supostamente anti-governistas. Ainda que essas manifestações sejam comandadas por baderneiros e vândalos, é possível que sejam destacadas como sinais de "descontentamento" com o governo federal. Também é previsível que os candidatos oposicionistas se utilizem do noticiário da mídia para fazer o discurso de que a presidenta Dilma Roussef é rejeitada pela maioria da população brasileira.
A divulgação dos resultados da última pesquisa do Instituto Datafolha foram uma amostra de como deve ser a batalha eleitoral de 2014. A mídia tradicional omitiu a informação de que o total das intenções de voto na presidenta Dilma Roussef no primeiro turno, se as eleições fossem agora, somariam 54%, dispensando a realização de uma segunda rodada de votação. Para driblar a omissão, os grandes veículos de comunicação pularam essa etapa e afirmaram, em manchete, que, em um eventual segundo turno, haveria um empate técnico, entre Dilma Roussef e qualquer dos outros candidatos da oposição.
Na divulgação da hipótese de segundo turno a mídia tradicional também forçou a barra, ao divulgar números que, aos olhos mais atentos, têm poucas possibilidades de serem reais. O desejo midiático de "empate técnico" entre a presidenta Dilma Roussef e qualquer um de seus oponentes na segunda rodada de votação só se concretizaria se Eduardo Campos crescesse mais de 30% entre o primeiro e o segundo turnos e se Aécio Neves dobrasse suas intenções de voto no prazo de menos de um mês. Ao mesmo tempo, para o cenário retratado na divulgação da pesquisa ser real, seria preciso que a presidenta Dilma Roussef crescesse apanas oito pontos percentuais do primeiro para o segundo turno da eleição.
A mídia tradicional e o conservadorismo brasileiros pretendem definir um embate eleitoral que seja hegemonizado pela escolha plebiscitária dos eleitores. Os grandes veículos de comunicação, ao amplificarem os números de rejeição ao PT e ao governo federal, pretendem ungir os candidatos oposicionistas como os salvadores da pátria, em substituição a um governo supostamente desmoralizado. Não é o caso de negar a existência de uma certa dose de rejeição em relação ao governo. Mas isso não significa que isso seja suficiente para determinar o resultado da eleição. A soma dos percentuais de ótimo, bom e regular somam mais de 60% em todas as pesquisas. Não é verossímil que isto signifique uma rejeição capaz de favorecer o discurso oposicionista, mesmo que este tenha (e tem) o amplo apoio da mídia tradicional.
O meio mais eficaz de combater o caráter plebiscitário que o conservadorismo pretende imprimir ao processo eleitoral e transformá-lo em um momento de debate sobre o futuro do país. Os que defendem a volta ao passado terão poucos argumentos para contrapor a enorme dimensão da inclusão social dos últimos anos e a defesa da necessidade de aprofundamento das políticas públicas em andamento no país. A disputa não vai ser simples (nem fácil). A certeza de vitória dos que defendem o aprimoramento das mudanças reside, especialmente, no fato de que a necessidade de manipulação midiática só acontece porque o conservadorismo brasileiro não tem argumentos políticos suficientes para enfrentar o debate sobre o futuro do país e sobre os interesses da maioria da população brasileira.
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