sábado, 29 de junho de 2013

NÃO CALCE AS PANTUFAS, NÃO AINDA, SENHOR GIGANTE


Quando as manifestações foram às ruas elas tinham um viés mais social. A grita era por melhores tarifas e serviços no transporte coletivo. Um efeito dominó trouxe para a pauta bandeiras ainda mais sociais, como melhor educação, mais saúde, segurança, e melhor aplicação de nossos impostos. Tudo isso muito social para nossos reacionários.

A vontade social não era bem digerida por aqueles que temiam um levante comunista, as manifestações tornaram-se apartidárias. 

De todos os anseios, o mais palatável para a mídia foi a PEC-37, apelidada da PEC da impunidade. Ninguém nunca explicou nada, nunca se entendeu o que se gritava.

Na minha visão a PEC 37 era a bandeira perfeita para tirar o foco dos verdadeiros problemas de nosso país, a bandeira perfeita para tergiversar o foco da massa de todas aquelas loucuras sociais. Melhor transporte público a preços mais baratos, onde já se viu enfrentar a maior máfia da história do Brasil? Mais saúde, onde já se viu atender melhor a população pobre de nosso país? Mais segurança, onde já se viu deixar o povo com uma sensação de que está tudo bem, e, assim não questionar o Governo? Mais educação, onde já se viu melhorar o ensino público dando acesso aos mais pobres a mais informação e capacidade de crescimento? A PEC37 era o único grito que, se atendido, deixaria tudo como está. 

Sim, o arquivamento da PEC não mudou nada, não gerou automaticamente mais poderes ao MP. O arquivamento da PEC é a vitória do “deixa como está para ver como é que fica”. A matéria é pendente de decisão/julgamento pelo STF.

O gigante foi manipulado por uma mídia esperta, e a PEC foi arquivada por um congresso acovardado que não quis discutir mais a matéria – que necessita ser discutida. A PEC estava mal escrita mas trazia à baila uma matéria de extrema relevância para o Brasil. O Congresso acatou a Bandeira que traria menos mudanças, a voz ouvida foi a voz mais baixa, a voz menos capaz de mudar o nosso Brasil. 

Se o gigante colocar o seu pijama e voltar a deitar-se em berço esplêndido com um sorriso na cara achando que foi vitorioso, tudo foi em vão. Não haverá melhoras no Brasil Nação, não haverá mudanças capazes de ressonarem até 2014. O movimento e as manifestações serão esquecidas e a Revolução poderá sim, a meu ver, ter sido por apenas VINTE CENTAVOS.

Por falar em centavos a baixa na tarifa foi outra tapeação. A baixa no preço se deu por subterfúgios, ninguém reviu a planilha da máfia do transporte coletivo. Os interesses, os verdadeiros interesses dos poderosos foram mantidos. O povo, mais uma vez pagará a conta.

De repente, os até então “vândalos” viraram heróis. Os “atoas” que se manifestavam viraram “o gigante que acordou”. As massas unidas começaram uma revolução. A revolução teve eco, se espalhou e se multiplicou pelo Brasil Continental. A grita estava cada vez mais alta mas começou a ficar dissonante, cada voz tinha o seu tom. As bandeiras sociais assustaram uma parte do “poder”. 

Não se iludam, não se deixem manipular, a vitória das ruas não pode ser apenas esta. A voz do povo não pode ser tão comandada, não percam o foco, não percam a garra. Vamos continuar nas ruas até 2014, ir além, se necessário, vamos revolucionar o Brasil, vamos fazer uma revolução na saúde, na educação, na segurança, e principalmente vamos exigir uma reforma política séria e uma reforma econômica para beneficiar o povo trabalhador, o micro, pequeno e médio empresário ao invés dos bancos, uma reforma para o homem do campo ao invés do agronegócio, o trabalhador e não os grandes sonegadores.

A voz precisa se fazer ouvir. Podemos continuar nas ruas, nas redes sociais, podemos ainda que não seja o melhor, continuar no subconsciente da sociedade. Se pararmos agora nada muda. Se pararmos agora eles ganharam mais uma vez e o povo foi só massa de manobra, foi apenas um rebanho atendendo ao berrante do peão. Não seja ingênuo, as bandeiras são as bandeiras de um melhor Brasil para todos. Vamos gritar contra a meritocracia do capital onde apenas quem tem dinheiro tem acesso a uma vida digna. A grita é, sim, política e é em sua maioria e pureza uma grita social, por uma melhor sociedade com mais educação, saúde, segurança e uma voz política e politizada que lutará contra a corrupção de hoje, passando por 2014 e adiante por um Brasil Nação.

por Maurício Requião Filho@MRequiaoFilho


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