quinta-feira, 21 de junho de 2012

Para Lula, o monopólio tecnológico dos países ricos impede combate à fome e à deterioração ambiental


O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva enviou carta aos participantes da conferência Rio+20 chamando a atenção que a “crise atual expõe um mundo fragilizado pela enorme concentração de renda nas mãos de poucos países e poucas pessoas, e por uma ordem em que poucos consomem muitos recursos naturais e muitos pagam o preço da degradação do meio ambiente”.

Para Lula, a “modernidade é vista como a era do consumo, mas esse estereótipo esconde uma realidade dura. Não são todos os que consomem”.

O ex-presidente destaca que “a realidade dos últimos 30 anos é cruel: 10% da população global detêm 57% da renda global. É esse décimo da humanidade que é responsável por metade das emissões globais de carbono”.

“O avanço científico e tecnológico conquistado pelo mundo é suficiente para acabar com a fome, para recuperar as áreas degradas e para tomar medidas para prevenir a maior deterioração do meio ambiente. Para isso, no entanto, é preciso de vontade política”.

A advertência do ex-presidente Lula tem razão de ser e o exemplo disso é que os países ricos têm bloqueado até agora as discussões na conferência e impedido que se chegue a um acordo em torno do documento a ser tirado na conferência. Apenas 28% do documento é consenso.

Para os EUA e a Europa, somente eles devem crescer e se desenvolver e os países pobres e emergentes (a exemplo dos Brics: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) devem estagnar ou retroceder seu desenvolvimento, deixando bilhões na miséria e na fome. Dos EUA e Europa não se pode esperar outra coisa: querem ter o monopólio do desenvolvimento, do conhecimento, e reservar aos países pobres o papel de gueto como fornecedores de produtos primários, de commodities, ou simplesmente o papel de coiteiros das suas multinacionais poluidoras e rapinadoras.

O discurso de proteção ao meio ambiente é apenas uma panacéia receitada pelos países ricos para os mais pobres e emergentes para continuarem a pilhar o mundo os outros. Isso ficou claro quando sequer concordaram com a criação de um fundo de US$ 30 bilhões destinados a financiar um “desenvolvimento sustentado”.

Na questão da saúde o caso foi mais gritante quando os EUA não concordaram com a menção a universalizar a saúde. Proposta do Brasil - que considera que não há desenvolvimento sustentável quando as populações padecem de graves enfermidades, os negociadores de Obama e Hillary Clinton se opuseram à quebra de patentes de remédios para a produção de genéricos destinados a combater doenças graves.

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