quarta-feira, 27 de junho de 2012

Cachoeira era um anjo da guarda para Demóstenes, disse o relator


Humberto Costa disse que Cachoeira era uma espécie de “anjo da guarda” de Demóstenes. Ele lembrou que o senador disse ao conselho que não se lembrava de ter participado da CPI dos Bingos, iniciada em 2005 com base em uma gravação feita por Cachoeira, descrito à época pelo senador como “empresário do setor de jogos”. Humberto Costa destacou que Demóstenes foi um dos responsáveis pela criação da CPI, além de ter participado como “implacável inquisidor”. “Mas, o senador Demóstenes não guarda memória alguma desses eventos”, ironizou o relator.

Segundo o relator, a postura de Demóstenes na CPI dos Bingos mudou quando a comissão investigou as questões pertinentes a Cachoeira. “O senador Demóstenes Torres adotou postura distinta da que usava para atacar autoridades públicas: recolheu-se, ausentou-se, acautelou-se”. Costa também citou gravações telefônicas que apontam para o conhecimento de Demóstenes sobre as atividades do comparsa, como quando, ao tratar de projeto de lei que tornaria crime a exploração de jogos exercida, teria dito a Cachoeira: “então, inclusive, te pega”.

Demóstenes Torres não teve coragem de comparecer à reunião do Conselho de Ética. Durante 30 minutos, o defensor dele, o advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, insistiu na tese de que as escutas obtidas pela Polícia Federal foram feitas de forma ilegal, em desacordo com a Constituição, visto que as mesmas só poderiam ter sido feitas com autorização do Supremo Tribunal Federal (STF), por se tratar de um senador da República. Diante deste argumento, Kakay, pediu a reflexão dos parlamentares: “A Constituição manda extirpar do processo prova ilícita. É lícito cassar um senador com base em prova ilegal?”, indagou inutilmente, esquecendo-se de que o TRF reconheceu recentemente a legitimidade das provas obtidas pela PF.

Votaram a favor da cassação: Pelo PMDB: Renan Calheiros, Eunício Oliveira, Romero Jucá, Sérgio Souza e Vital do Rêgo; Pelo PT: Humberto Costa, Welington Dias e José Pimentel; Pelo PSDB: Mário Couto e Cyro Miranda; Pelo PTB: Gim Argello; Pelo DEM: Jayme Campos; Pelo PR: Vicentinho Alves; Pelo PP: Ciro Nogueira; Pelo PDT: Acir Gurgacz.
Após o envio do relatório para a CCJ, o presidente da comissão, senador Eunício Oliveira (PMDB-CE), terá de aguardar um prazo de cinco sessões plenárias antes de colocar em votação a constitucionalidade do relatório aprovado no Conselho de Ética. O julgamento no plenário do senado deverá ocorrer na próxima semana.

Nenhum comentário: