quinta-feira, 14 de junho de 2012

Explicações de Perillo não convencem CPI e venda da casa continua estranha

 

O governador tucano de Goiás, Marconi Perillo, tentou convencer os integrantes da CPMI, instalada para investigar as ligações do crime organizado com políticos e com a mídia, que receber cheques de uma empresa laranja de Cachoeira, assinados pelo sobrinho do contraventor, como pagamento pela compra de sua mansão em Goiânia, não tem nenhuma irregularidade.

Isso depois do representante da empresa Mestra ter dito que pagou em dinheiro vivo e não em cheque, como disse o governador. E, depois também de Cachoeira ter sido flagrado pela PF dizendo a um comparsa, no dia anterior, que “é para pegar o dinheiro e levar para o governador no Palácio”. Nessa escuta, Cachoeira fala em R$ 2,2 milhões, e Perillo afirma que recebeu R$ 1,4 milhão em cheques. Parece que alguma coisa foi passada mesmo em cheques e outra “em notas de cem e cinqüenta”, como disse Walter Paulo Santiago, representante da empresa Mestra. Outra gravação da PF mostra detalhes de uma combinação para entregar dinheiro vivo “em caixa de computador” no Palácio.

Perguntado sobre esses fatos, Marconi disse apenas que não sabia quem tinha assinado os cheques e que não conhecia Cachoeira. Essa resposta espantou os parlamentares da CPMI. Um deles questionou: ‘o pobre quando recebe um cheque de 50 reais olha na mesma hora quem assinou. O Sr. recebeu cheques no valor de R$ 1,4 milhão e não se interessou em saber quem tinha assinado?’. Perillo desconversou.

Outra questão que ficou sem reposta foi o fato de a empresa que deu os cheques para o governador, a “Mestra”, ter recebido depósitos vultosos, na véspera do pagamento, de uma outra empresa também de Cachoeira, a “Alberto e Pantoja”.

Além disso tudo, Perillo não explicou até hoje por que Cachoeira foi preso na casa que foi vendida por ele. E, para complicar ainda mais a vida do tucano, a “Alberto e Pantoja”, empresa da quadrilha que abasteceu as contas da Máster, emitente dos cheques para Perillo, é a mesma que Marconi usou para pagar R$ 40 mil ao seu ex-assessor de imprensa, Luiz Carlos Bordoni.

Diante de todas essas acusações sem resposta, Perillo, é claro, recusou-se a abrir seus sigilos bancário e fiscal. Para isso foi ajudado também pela gritaria histérica da tropa demotucana da CPMI. Faltou também, é certo, mais firmeza do relator para exigir a quebra dos sigilos e para fazer as perguntas adequadas e certeiras ao meliante. Afinal, Perillo contratou agentes de Cachoeira, negociou com a quadrilha, recebeu, segundo gravações feitas pela própria Polícia Federal, e divulgadas essa semana, dinheiro dos criminosos dentro do Palácio das Esmeraldas, e, por isso, não podia ter o comportamento que teve na CPMI. Ele não podia se recusar a abrir seus sigilos, por exemplo.

Só anunciou que iria abrir após o governador Agnelo Queiroz, na quarta-feira, prontamente se dispor abrir os seus sigilos. Assim mesmo não disse qual o sigilo está disposto a abrir. A sugestão de abrir seu sigilo telefônico parece que foi o que mais incomodou Perillo na sessão da CPMI.

Mas o que mais chamou a atenção dos parlamentares da CPMI foi a deferência com que o tucano tratou o bicheiro. Para Perillo, Cachoeira não é um contraventor, é um respeitável “empresário”. Só faltou chamá-lo de “Sua Excia Cachoeira”.

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