segunda-feira, 11 de junho de 2012

Kátia Abreu ataca salário mínimo

Por Altamiro Borges

Pior do que um neoliberal, só mesmo um ruralista neoliberal. Se dependesse dos barões do agronegócio, o Brasil retornaria ao período da escravidão. Talvez isto explique porque a bancada ruralista resista tanto à aprovação da PEC contra o trabalho escravo. Em seu artigo na Folha de hoje (9), a senadora Kátia Abreu não vacila em pregar o fim dos aumentos “tão generosos” do salário mínimo.



Para a presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), que representa os interesses dos velhos latifundiários – hoje travestidos de modernos empresários do agronegócio –, a crise econômica está se agravando rapidamente e exige que o governo Dilma adote “medidas ousadas”. No seu receituário, o ônus da grave crise, lógico, deve ser despejado no lombo dos trabalhadores.

As velhas teses neoliberais

 
Para a vice-presidente do PSD, sigla fundada pelo ex-demo Gilberto Kassab para agregar as forças de centro-direita, a economia brasileira “vive um momento preocupante”. A queda no crescimento do PIB decorreria de um modelo econômico já esgotado, baseado na alta dos preços internacionais das commodities, no “ativismo creditício” e no estimulo ao consumo interno.

Diante deste diagnóstico, Kátia Abreu propõe basicamente o retorno às velhas teses ortodoxas, neoliberais, de retração do crédito e do consumo. “Os aumentos do salário mínimo não podem mais ser tão generosos sem elevar o risco de inflação. E aumentar o crédito já não funciona porque a renda da população está muito comprometida com o pagamento de dívidas acumuladas”.


Chibatada no lombo do trabalhador

 
Ela também propõe reduzir a carga tributária e “flexibilizar o mercado de trabalho, privilegiando o entendimento direto entre empresários e trabalhadores”. Para viabilizar esta agenda regressiva, a senadora do PSD – que “não é de esquerda, de direita ou de centro” - afirma que é preciso “apoiar a presidente nessa urgência de reformar o Brasil, colocando-se acima das disputas entre governo e oposição”.

Lógico que Kátia Abreu não propõe nenhuma “medida ousada” contra o capital financeiro – hoje solidamente associado aos barões do agronegócio. A ruralista também não defende o fim dos subsídios e das “generosas” anistias aos grandes produtores rurais. Para ela, só há um jeito de conter os efeitos da grave crise econômica mundial. Chibatada nas costas dos trabalhadores. 

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