Bank of America, Goldman Sachs e JPMorgan açambarcaram 53,2% dos lucros do setor no 1º trimestre, com base na especulação com commodities, enquanto isso, 840 pequenos bancos correm risco de quebrarem
Os lucros dos bancos saltaram 21% no último trimestre para cerca de US$ 21,6 bilhões, o nível mais alto em três anos. Um ano antes os bancos haviam informado perdas de US$ 4,4 bilhões.
Mas os lucros estão longe de serem distribuídos entre os 7.800 do setor. Três dos maiores, Goldman Sachs, Bank of América e JPMorgan Chase açambarcaram sozinhos US$ 9,50 bilhões dos lucros do setor no primeiro trimestres (cerca de US$ 18 bilhões no total), ou seja, 53,2% do total. Os bancos que detém mais de US$ 10 bilhões em ativos ficaram com 21,6 bilhões dos lucros ou seja 92% destes.
Enquanto isso, do lado dos bancos pequenos, 840 bancos estão na lista dos à beira da bancarrota, acima dos 755 no final de março, como mostra o relatório trimestral da Corporação Federal de Garantia dos Depósitos – FDIC (sigla em inglês).
Mas qual o segredo para os monopolios bancários estarem obtendo lucros que crescem a esse ritmo quando a economia apresenta crescimento do PIB de apenas 0,4% no segundo trimestre em relação ao primeiro? Como constatou Peter Krauth, editor do site Money Morning, os bancos estão movendo enormes somas de capital para uma área do mercado. “Estou falando de commodities”, diz o economista. Ele afirma que os quatro maiores bancos já movimentam acima de US$ 4 trilhões no comércio de mercadorias.
As principais mercadorias a exemplo do ouro, prata, cobre e outras que chegaram aos níveis mais altos em décadas – e em alguns casos batem recordes de todos os tempos. O petróleo que havia atingido níveis altís-simos, após período de queda, junto com as bolsas no momento da crise, já voltou ao patamar de 84 dólares o barril, em abril, teve queda de 9% em agosto, mas já torna a subir.
Segundo o editor do Money Morning, o Bank of America planeja aumentar em 25% sua equipe voltada para a especulação com commodities.
O ouro estava sendo negociado a US$ 1.150 a onça em abril e já está a US$ 1.245 e o Goldman Sachs está divulgando que deve chegar a US$ 1.350 até o final do ano e US$ 1.425 em 2011. Também prevê que o petróleo estará sendo negociado a US$ 97 o barril no início do ano que vem. Prevê falta do produto ainda durante 2011 e que deve chegar então a US$ 110. Já o Bank of America fala em US$ 150 o barril em quatro anos.
“Como os bancos podem fazer atrevidas previsões de que os preços vão subir feito foguetes?”, questiona Peter Krauter. Ele próprio ressalta que “só há uma resposta: eles estão tmando todas as medidas possíveis para controlar os suprimentos de commodities e garantir que seus preços subam. O JPMorgan já possui supertanques em locais estratégicos espalhados pelo globo o que lhe permite deter milhões de barris de petróleo fora do mercado”.
Retirando cada vez mais mercadorias do mercado quando sua demanda cresce os bancos exacerbam a falta delas. “Os bancos jogam os preços para cima limitando o suprimento da commodity”, acrescenta Krauther, “daí os bancos passam a negociar com valores futuros buscando aumentar seus lucros”.
Ele expôs ainda que “um dos métodos para exacerbar estas condições é comprar as mesmas quando ainda sob o solo. Neste caso investindo valores muito abaixo e se estocando para futura especulação. Aí é só deixar o minério descansar e esperar os preços subirem”.
Para jogar mais dinheiro na especulação os grandes bancos reduziram em 40% - sem que o Fed ou qualquer outro órgão regulador reclamasse – as reservas para perdas futuras. Afinal a experiência dos mesmos mostra que têm um colchão de segurança no Tesouro que tomaram controle. Além disso, também usaram a crise a seu favor em outro aspecto: utilizam o medo de investir na produção para rebaixar as taxas pagas a seus depositantes. É a menor taxa desde 1960 e está em 0,97%. Pagam pelos depósitos ao nível mais baixo em 50 anos.
Já os empréstimos, tanto para o consumo como para a produção, continuam a ser cortados. Caíram no total do segundo trimestre em US$ 96 bilhões ou 1,3%. O declínio foi liderado exatamente pelo setor que mais necessita de estímulo, as construções imobiliárias (com capacidade tanto para cobrir o déficit de moradias como para gerar empregos) “cujos empréstimos caíram mais de 8% em relação ao primeiro trimestre”, informa o FDIC.
O mesmo órgão acrescenta que os pequenos negócios e os produtores rurais puderam pegar 2% a menos nos bancos, 13 bilhões de dólares a menos. Crédito para compra de casas também caiu.
Mas para Sheila Bair, presidente do FDIC, não e necessário qualquer intervenção do Estado. Tudo se resolverá com um pouco de paciência e tempo. “Os consumidores e empresários precisam ganhar confiança na retomada antes de tomarem decisões sobre endividamento” declarou.
“Os lucros”, prossegue, “permanecem em níveis historicamente baixos, e o número de instituições não lucrativas, bancos problemáticos e falhas continua crescendo. Porém o setor bancário está ganhando força...a maioria dos indicadores de qualidades de ativos estão se movendo na direção certa.”
Mas, infelizmente, a verdade é exatamente o oposto da “direção certa”. É que “os lucros dos maiores bancos estão zunindo, apesar do fato de que os consumidores dos E.U. estão lutando para pagar seus empréstimos”, como expressou Peter Krauther
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