quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Lula: “Se EUA pode salvar bancos, por que não salva trabalhadores?”



Ex-presidente discursa no congresso nacional do sindicato de metalúrgicos dos EUA
O ex-presidente Lula conclamou as principais centrais sindicais do mundo a pressionar os países do G-20 a rever sua conduta em relação às consequências da crise econômica. “O sistema financeiro não tinha direito de fazer o que fez ao mundo”, afirmou, criticando a especulação financeira e as medidas tomadas nos EUA e nos outros países ricos, enterrando dinheiro público nos bancos privados. “Por que salvar o banco e não salvar o trabalhador?”, questionou o ex-presidente ao participar segunda-feira, em Washington, de uma conferência promovida pelo United Auto Workers (UAW), o sindicato dos trabalhadores no setor automobilístico e aeroespecial norte-americano.
Lula critica EUA e os países ricos: ‘Por que salvar banco e não salvar trabalhadores?’  
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva conclamou as principais centrais sindicais do mundo a pressionar os países do G-20 a rever sua conduta em relação às consequências da crise econômica. "O sistema financeiro não tinha direito de fazer o que fez ao mundo", afirmou, criticando a especulação financeira e as medidas tomadas nos EUA e nos outros países ricos, enterrando dinheiro público nos bancos privados. "Quando a crise apertou, o deus mercado foi pedir socorro ao diabo estado", ironizou, ao participar no domingo (3), em Washington (EUA), de uma conferência promovida pelo United Auto Workers (UAW), o sindicato dos trabalhadores no setor automobilístico e aeroespecial norte-americano.
O ex-presidente leu resoluções tiradas em 2009, após a crise dos EUA em 2008, na reunião do G-20 em Londres, que falavam em promover o crescimento, regular o sistema financeiro, gerar empregos, etc. "E o que foi feito? Quase nada foi feito", disse Lula. "Porque as medidas tomadas foram ortodoxas: cortar crédito, diminuir investimento interno em muitos países e asfixiar a economia. Na tentativa de salvar quem? Muito mais os responsáveis pela crise", lembrou.
"Não é possível que tenha acontecido o subprime nos EUA, não é possível que tenha acontecido a crise na Europa, como aconteceu. A Grécia, seis anos atrás, custava US$ 30 bilhões. Hoje nem US$ 200 bilhões resolve o problema da Grécia. Ou seja, US$ 9 trilhões, ou um pouco mais, já foram colocados em prática para salvar o mundo dessa crise. E quanto foi colocado para salvar os trabalhadores? Quanto? Quanto foi colocado para salvar os trabalhadores de vários países do mundo? Os governantes se esqueceram que para enfrentar uma crise era necessário gerar mais oportunidade de trabalho, mais crédito, mais financiamento. Se tem um crédito podre, vamos colocar ele de lado. Por que salvar o banco e não salvar o trabalhador?", questionou o ex-presidente, recebendo intensos aplausos dos sindicalistas americanos.
Antes do evento, Lula comentou que o movimento sindical deve se organizar para, além de cuidar dos assuntos específicos dos trabalhadores, promover a luta de toda a sociedade. "A luta dos trabalhadores, se for só por salários e melhores condições de vida, chega um momento em que ela perde a continuação. Então o trabalhador diz ‘eu estou empregado, eu tenho uma casa, eu tenho um carro, então não preciso mais lutar’", afirmou.
O presidente da UAW, Bob King, afirmou ter convidado o ex-presidente por ele ter sido o único chefe de Estado a combater os efeitos das tragédias provocadas pelo sistema bancário a partir de 2008 nos países do mundo. "Enquanto todos falavam em austeridade, Lula apostava em prosperidade. Por isso o Brasil soube suportar a crise melhor que os demais, inclusive os Estados Unidos", disse. "Esta noite para mim é uma honra parecida com receber Nelson Mandela na UAW", completou.
O ex-presidente Lula falou em seu discurso sobre a sua experiência no governo brasileiro, quando aumentou o poder aquisitivo dos trabalhadores, estimulou o mercado interno, o crédito e investiu nos programas sociais.
O ex-presidente declarou que nunca havia pensado no início da sua militância em se tornar presidente ou disputar qualquer cargo eletivo, mas que a luta foi exigindo sua participação política cada vez maior. E conclamou os trabalhadores e sindicalistas norte-americanos a participarem das atividades políticas.
"Não esperem que eu morra em casa tossindo, vai ser em um palanque, ou em qualquer lugar brigando com alguém", disse.
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