quinta-feira, 26 de agosto de 2010

SERRA/FHC É REJEITADO POR 40,7% DOS ELEITORES.

Para o Instituto, Dilma Rousseff venceria no primeiro turno com 55,3% dos votos válidos

Apresentando a pesquisa que seu instituto realizou nos dias 20 a 22 agosto, o diretor do Sensus, Ricardo Guedes, disse que “é uma eleição tecnicamente decidida em primeiro turno”.

Para os institutos de pesquisa tudo é “tecnicamente”. Mas, realmente, o que os números coletados pelo Sensus apontam é que Dilma Rousseff vence no primeiro turno das eleições presidenciais.

Em votos válidos – que são os que importam – Dilma, segundo o Sensus, estava, até então, com 55,3% das preferências contra 33,7% de Serra. Trata-se de uma diferença (21,6 pontos percentuais) acachapante – sobretudo considerando que, quando a pesquisa foi encerrada, a campanha para presidente estava apenas no terceiro dia de horário eleitoral na televisão.

Seu significado político é claro: a derrocada, a bancarrota, talvez não seja exagero, o desabamento político-eleitoral do reacionarismo entreguista, antinacional, antipopular e, como nos últimos dias está se tornando cada vez mais evidente, antidemocrático. É quase inevitável lembrar Fernando Henrique, à sombra do qual Serra sempre ficou, prometendo sepultar a “Era Vargas”. Muito rápido, foram eles os sepultados, em poucos anos. A época de Getúlio, iniciada em 1930, está evoluindo bem depois de 80 anos.

Junto com a abjeção neo-entreguista, faliu também os que tentaram fraudar pesquisas para mantê-la. Em seu último esforço, a sopapos, para impedir que a realidade a triture, a “Folha de S. Paulo” e seu instituto, o “Datafolha”, quinta-feira divulgaram que Dilma está com 55% dos votos válidos, vencendo em todas as regiões do país – inclusive no Estado de São Paulo, onde ela vence na capital e no interior. É até interessante o comentário de um dos funcionários do Otavinho: “No Sul, com o qual Serra contava, houve crescimento de cinco pontos da petista. Entre os mais velhos, o salto foi de nove pontos. Entre os com renda acima de dez salários mínimos, de 12 pontos. No Sul, Dilma subiu de 38% para 43%. Em Minas (um Estado pêndulo capaz de decidir a eleição), a petista subiu sete pontos. No Rio Grande do Sul, alta de oito pontos. Na Bahia, 12. (…) todos pareciam querer distância do PT, de Lula e de Dilma. Agora, conservadores, idosos, ricos, sulistas e até paulistas se agarram às suas franjas”.

O “todos pareciam querer distância” e as “franjas” são um problema da “Folha”, sempre atribuindo aos outros tanto a sua fraude, quanto o fracasso dela, quanto o seu oportunismo. Quando deixa de roubar um pouco nos números, a “Folha” rouba na interpretação deles.

Se o principal oponente de Dilma fosse um sujeito, digamos, mais racional, deveria estar querendo encerrar logo essa campanha. Se fosse racional mesmo, já devia ter desistido. A continuar na mesma tecla, uma mistura demagógica de agressão estúpida e enrolação inútil, é impossível saber quanto – isto é, quão baixo – ele irá afundar. E, se mudar de tecla, também.
Algumas coisas na pesquisa Sensus são sugestivas desse soçobramento, que não é infinito - pois não há número negativo de votos - mas que está longe do fim.

A primeira é a rejeição. Serra aparece com 40,7% de rejeição – isto é, 40,7% dos entrevistados disseram que não votam nele de jeito algum, nem se fosse candidato único. Diz o diretor do Sensus que “acima de 40% de rejeição, um candidato perde um pouco a capacidade de ganhar a eleição”. Deve ser verdade, já que parece algo difícil um candidato se eleger com metade dos eleitores querendo que ele vá cantar em outra freguesia.

Dilma tem a menor taxa de rejeição entre os candidatos – somente 28,9% dos pesquisados disseram que não votariam nela, o que quer dizer que 71,1% deles ou votam ou admitem a possibilidade de votar na candidata do presidente Lula.

Serra está a caminho de bater o recorde de rejeição, o de Fernando Henrique em 2002, quando, segundo o Sensus, 53,9% queriam vê-lo fora do Planalto logo, já, e o quanto antes.

Porém, o mais significativo é a evolução da rejeição. Antes do horário eleitoral na TV, eram 30,8% os que não votariam em Serra sob nenhuma hipótese. Ou seja, a rejeição aumentou 9,9 pontos após três dias de propaganda televisiva. Enquanto isso, Dilma só oscilou ligeiramente acima da margem de erro da pesquisa, pois antes do programa sua taxa de rejeição era 25,3% e a margem de erro é (+ou-) 2,2.

A segunda questão é o que o Sensus chama de “expectativa de vitória”. Nada menos do que 61,8% dos pesquisados acham que Dilma vence as eleições, isto é, 6,5 pontos acima dos que dizem que vão votar nela. Já Serra, somente 21,9% acham que ele vai ganhar, ou seja, 11,8 pontos abaixo dos que dizem que vão votar nele. Logo, boa parte dos que dizem votar nele, acham que vai perder. Mesmo se mantiverem o voto, essa faixa, aliás, crescente, não estará animada para recomendar a outros o seu candidato.

A terceira é a avaliação do programa eleitoral na TV: 56% acham que o programa de Dilma é melhor do que o de Serra, contra 34,3% que acham o inverso.

A quarta é a aprovação de Lula – 80,5% aprovam o desempenho do presidente.

Portanto, Dilma tem ainda muito para crescer. E Serra para descer.

CARLOS LOPES

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