domingo, 20 de janeiro de 2013

O Fed, a moeda e as guerras dos EUA



MANUEL E. YEPE*
O fato de que uma elite invisível controle o governo dos Estados Unidos tem sido testemunhado desde os anos trinta do século passado por muitas personalidades em condições de fazê-lo, altos dirigentes do governo nominal incluídos.
O Fed [Federal Reserve, o Banco Central dos EUA] foi constituído como propriedade privada dos bancos membros, faz suas próprias políticas e não está sujeita a supervisão pelo Congresso ou o Presidente.
O Presidente Franklin D. Roosevelt assinalou em carta que escreveu a um assessor seu em 21 de novembro de 1933 que “a verdade da questão é, como você e eu sabemos, que o elemento financeiro tem possuído o governo desde os tempos de Andrew Jackson”.
Não por acaso afirmou-se que tudo o que se necessita para controlar efetivamente um governo é ter controle sobre o dinheiro da nação: um banco central com um monopólio da oferta de dinheiro e crédito.
O professor da Universidade de Georgetown, Carroll Quigley, que exerceu forte influência sobre o ex-presidente William Clinton, quando estudou nesse centro, considerava que o objetivo dos banqueiros que controlam os bancos centrais é “...criar um sistema mundial de controle financeiro em mãos privadas capaz de dominar o sistema político de cada país e a economia do mundo em seu conjunto...”.
Thomas Jefferson escreveu: “O Banco Central é a instituição mais mortalmente hostil aos princípios e a nossa Constituição... Se o povo norte-americano permite aos bancos privados controlar a emissão de sua moeda, primeiro pela inflação e depois pela deflação, os bancos e as corporações que crescerão em volta deles privarão o povo de todos seus bens até que seus filhos acordem sem teto no continente que conquistaram seus pais”.
Os Estados Unidos viveram sem um banco central até o início do século XX, quando, segundo o parlamentar Charles Lindbergh, “a desconfiança pela segurança do dinheiro provocou o pânico de 1907 e obrigou o Congresso a criar uma Comissão monetária nacional encabeçada pelo Senador Nelson Aldrich, sogro de John D. Rockefeller, Jr., que recomendou a criação de um banco central”.
Apesar de que a Constituição dos Estados Unidos assinala que só o Congresso deve ter a faculdade de cunhar moeda e regulamentar seu valor, em dezembro de 1913 foi aprovada a Ata da Reserva Federal, instituição constituída como propriedade privada dos bancos membros, que faz suas próprias políticas e não está sujeita a supervisão pelo Congresso ou pelo Presidente.
Embora seu papel fundamental seja o de estabilizar a economia e evitar situações de pânico no terreno financeiro, a grande depressão e numerosas recessões posteriores evidenciaram bem rápido que a Reserva Federal [Fed] produz inflação e aumenta a dívida federal quando assim o deseja, mas não aporta estabilidade.
O parlamentar Louis Mc Fadden, presidente do Comitê da banca e a moeda entre 1920 e 1931, advertiu então que “quando se aprovou a lei da Reserva Federal, o povo dos Estados Unidos não percebeu que se estava estabelecendo aqui um sistema de banca mundial. Um superestado controlado por banqueiros internacionais e industriais... atuando conjuntamente para escravizar o mundo... O Fed se esforça por ocultar seus poderes, mas a verdade é que o Fed usurpou o governo”.
Como supervisor e provedor das reservas, o Fed dá aos bancos acesso a fundos públicos, com o que estes aumentam sua capacidade de empréstimo.
Uma das faculdades mais importantes do Fed deriva de seu direito de comprar e vender valores do governo e proporcionar empréstimos aos bancos membros, pelo que também pode comprá-los. Isso lhe proporciona um mecanismo de empréstimos que incrementa a dívida pública para benefício dos bancos.
Como método para garantir o pagamento da dívida, se resolveu fazê-lo através de impostos à população. O “income tax” [imposto de renda] transladou a dívida à toda a população, mas tinha o ‘defeito’ de incluir entre os afetados os mais ricos, motivo pelo qual houve que legislar de forma tal que ficasse uma porta aberta para a evasão dos mais ricos e com essa finalidade surgiu, entre outros, o sistema das fundações isentas de impostos.
Tendo à sua disposição os meios para emprestar enormes somas ao governo (a Reserva Federal), o método para cobrar a dívida (os impostos) e um mecanismo para que os mais ricos possam evadir-se de tais impostos (as fundações), tudo o que vem faltando é a desculpa para que o governo peça novos empréstimos. E essa desculpa é proporcionada pelas guerras.

* Jornalista cubano especializado em política internacional. Escreve no Cubadebate

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