sábado, 5 de janeiro de 2013

Lula rebate casuísmo golpista: ‘Vagabundo nenhum me derrotará’



“Para tristeza dos meus adversários”, disse o ex-presidente em ato em São Bernardo  
O ex-presidente Lula afirmou, em discurso na posse da nova diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, na quarta-feira (19), que os trabalhadores sempre foram o "esteio da democracia neste país" e que os ataques que ele vem recebendo são fruto exatamente dos acertos que ele obteve nos oito anos de seu governo. "O que mais machuca os meus adversários é o meu sucesso. Eu às vezes compreendo a mágoa deles. (...) Tem gente que olha na minha cara e pensa que eu sou burro. Eu tenho um pouco de inteligência e consigo compreender o jogo que eles fazem", disse.
"Algumas pessoas me disseram que o Fernando Henrique chegou até a achar que seria melhor eu ganhar as eleições em 2002, porque ele pensava que ia ser um fracasso e aí, depois, ele voltaria para ‘corrigir’ tudo", disse Lula. "Me diziam até que ele torcia para que eu derrotasse o Serra porque no meu governo, daria tudo errado, como eu já disse, e, se ao contrário, eu perdesse, ele teria que aturar o Serra e esperar por mais 8 anos", lembrou Lula, levando a platéia a gargalhadas e a aplaudi-lo intensamente. "Deu tudo errado para eles. O que esses setores nunca engoliram é que um metalúrgico que só tem o curso primário foi o presidente que mais fez universidades federais no Brasil". "Eles não esperavam que em oito anos eu fizesse uma vez e meia mais escolas técnicas do que foi feito em 100 anos de República", prosseguiu. "Eles não suportam isso". "Eles fizeram em toda a República 140 escolas e nós em apenas oito anos fizemos 214 escolas técnicas", completou.
Está aí, segundo Lula, a origem da onda de ataques que ele e o seu partido vêm recebendo dos setores retrógrados da sociedade nos últimos meses, capitaneados pela mídia golpista. "Não se preocupem com os ataques", disse ele. "Há uma razão para isso. Em 2010, quando elegemos a Dilma, a Dilma era um poste. Então, vencemos. Agora, quando apresentamos o Fernando Haddad aqui, era outro poste. Vencemos. É como eu disse, de poste em poste, nós vamos iluminando esse país", acrescentou o ex-presidente, sob fortes aplausos dos metalúrgicos.
"Eu fiquei um ano fora da presidência. Eu tinha uma meta que era deixar a companheira Dilma construir a sua cara de semelhança da presidência, viajei para 36 países no primeiro ano. Depois, em outubro, por causa do câncer, fiquei um ano debilitado. Se eles não me pegaram quando minha barba não existia, agora que eu estou deixando ela crescer novamente vai ser muito difícil, porque no ano que vem estarei, para alegria de muitos e para tristeza de poucos, voltando a andar por este país", afirmou Lula. "Ainda temos que conquistar muita coisa. Nós temos que conquistar mais governos de estado, mais prefeituras", conclamou o ex-presidente.
"Só existe uma possibilidade deles me derrotarem. É trabalharem mais do que eu. Mas se ficar um vagabundo, numa sala com ar-condicionado, falando mal de mim, vai perder", disse, sem fazer referência direta a uma pessoa, mas todos relacionam sua fala às baixarias e manobras do procurador-geral, Roberto Gurgel, e da mídia golpista. Os defensores do ex-presidente, entre eles membros da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), também gritavam "um, dois, três, é Lula outra vez". O ato no sindicato se segue à manifestação de oito governadores que foram ao Instituto Lula prestar solidariedade ao ex-presidente, e a um ato de apoio organizado por deputados na Câmara (veja matéria nesta página).
Lula resgatou algumas ações de seu governo e fez elogios à presidente Dilma Rousseff. Ele pediu otimismo aos brasileiros diante da crise internacional. Ao falar do ministro Guido Mantega, Lula frisou que os trabalhadores não podem parar de reclamar. "Vocês podem continuar lutando e fazendo as reivindicações porque a democracia não é um pacto de silêncio", lembrou. "Democracia só avança com as lutas e as mobilizações da sociedade", acrescentou o presidente.
"Temos que pensar da forma mais positiva possível. Não é porque nosso vizinho está doente que a gente vai ficar doente. Se um comprador de nossos produtos não tem mais dinheiro para comprar temos que encontrar outro comprador. Se a Europa e os Estados Unidos estão sem dinheiro, vamos estreitar nossas relações com a África, com a América Latina, com a Ásia", afirmou Lula. "Não é porque a Europa e os Estados Unidos estão em uma crise que a gente tem que entrar em crise também", disse. "Nós teremos mais ou menos repercussões internas das dificuldades dos países ricos a depender do que nós fizermos internamente. Tudo vai depender da nossa política econômica", destacou.
A posse da nova diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC contou com a presença de centenas de metalúrgicos que foram prestigiar Lula e os novos dirigentes do sindicato, de políticos do PT, entre eles o prefeito reeleito de São Bernardo, Luiz Marinho, de dirigentes do PC do B, do presidente da UNE, além de sindicalistas e integrantes de movimentos sociais. O evento se transformou numa manifestação de desagravo ao ex-presidente Lula. Os sindicalistas que lotaram o auditório exibiam faixas com a inscrição "Lula é meu amigo, mexeu com ele mexeu comigo".

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