sábado, 23 de outubro de 2010

SBT desmascara reportagem tendenciosa da Rede Globo - Serra e a bolinha ...


Vídeo do SBT registra bolinha de papel e encenação de Serra
Na hora em que o montículo de papel o tocou ele nem ligou. Depois pôs a mão no lugar errado
Apesar de ser uma presepada, é difícil rir da história de Serra, de que teria sido “agredido” quando fazia uma caminhada no calçadão do bairro de Campo Grande, no Rio de Janeiro. Sabe por que, leitor? Parece coisa dos nazistas, que perpetravam agressões para atribuí-las a quem queriam agredir. Certamente, Serra, apesar das pretensões, não consegue ser nem um sub-führerzinho de meia-tigela – e uma bolota de papel na careca não é o incêndio do Reichstag. Devido a essa mediocridade, a comparação que veio à mente da maioria das pessoas foi com o goleiro chileno Rojas, o espetaculoso mártir do Maracanã, vítima trágica de um foguete que nunca o atingiu.
As pessoas estão certas de assim pensar, mas, no caso de Serra, o cheiro de fascismo basta para estragar o humor.
Serra apareceu em Campo Grande para uma caminhada pré-fabricada, em que levou até os apoiadores - um batalhão de guarda-costas e leões de chácara, engordado pelos rufiões do PSDB local, chefiados por um certo Júnior, filho de uma expoente tucana da região.
Parece que a ideia da caminhada foi do Índio, que deve ter aproveitado uma visita ao seu sogro, Salvatore Cacciola, na penitenciária de Bangu, bairro vizinho, para fazer campanha em Campo Grande. Assim, economizaria uma viagem a Campo Grande, que para ele deve parecer um lugar tão remoto quanto a Cochinchina. O Índio, como se sabe, é um gênio.
Além do eleitorado, que para Serra é sempre um problema, perto do local da caminhada está o sindicato dos mata-mosquitos – aqueles que Serra demitiu quando ministro da Saúde, jogando o país nos tentáculos da dengue. A demissão em massa dos mata-mosquitos (cinco mil, praticamente toda a categoria) foi um desastre para a Saúde Pública e para os profissionais - desempregados, passando fome, houve cinco deles que se suicidaram. A situação somente foi resolvida pelo governo Lula, que os readmitiu.
Logo, com Serra quase na porta do seu sindicato, os mata-mosquitos – não porque sejam petistas ou dilmistas, mas porque não querem passar pelo mesmo transe outra vez - resolveram se manifestar contra o seu algoz . No que, aliás, estavam em seu pleno direito democrático.
A maioria dos mata-mosquitos não havia chegado ainda quando a hoste de desordeiros que cercava Serra avançou para os que lá estavam, rasgando os cartazes que carregavam. Um deles, uma cartolina branca onde estava escrito, à mão, “Serra, quem é Paulo Preto?”, foi o primeiro a ser rasgado. A pergunta não está entre aquelas que Serra gosta de responder.
Obviamente, o pau comeu. E não poderia ser de outro jeito. Por que os mata-mosquitos, que, por profissão, são inimigos do insetos – portanto, não têm sangue de barata – não iriam se defender? E a verdade é que, apesar da maior parte dos mata-mosquitos só haver chegado depois, a côrte de baderneiros serristas deu-se mal.
Serra estava longe da confusão. Não correu risco algum. Mesmo assim, fugiu para dentro de uma loja. Quando saiu, sua careca foi atingida na parte de trás por uma pequena bola de papel, lançada de perto - provavelmente por algum passante que não conseguiu resistir a semelhante alvo, pois Serra continuava longe dos mata-mosquitos.
Foi algo tão leve que, como se pode ver no vídeo gravado pelo SBT, Serra ignorou o tremendo petardo – com massa de 5,61 gramas, segundo os abalizados cálculos de Luiz Nassif – como se ele não existisse. Nem alisou a careca. Simplesmente, continuou andando, sem nenhuma alteração nem mesmo na fisionomia.
Em seguida, Serra entrou numa van, onde permaneceu cerca de 20 minutos. Ao sair, atendeu ao celular, e, logo depois de desligá-lo, colocou a mão na parte dianteira da careca, como se pode ver nas fotografias. Entretanto, nada havia atingido a parte da frente da careca de Serra. A bolinha de papel atingiu a traseira da sua careca, e isso foi mais de vinte minutos antes que colocasse a mão na dianteira da careca, encenando uma suposta agressão. Então, foi levado outra vez para dentro da van e, logo após, retirado de helicóptero.
Serra não quis fazer exame de corpo de delito para comprovar a agressão. O médico que o atendeu, Jacob Kligerman, declarou que não houve corte nem contusão. Aliás, Serra, em vez de um neurologista, escolheu um cancerologista especializado em cirurgias de cabeça e pescoço para se consultar. De onde se conclui que não estava muito preocupado com danos cerebrais provocados por causas externas...
Mas, dizendo-se com náuseas, Serra foi fazer uma tomografia computadorizada – um exame completamente estapafúrdio, e desproporcionalmente caro, para quem levou uma bolinha de papel no cocuruto. Naturalmente, o exame não registrou nada, já que ele não tinha nada.
O mesmo não se pode dizer daqueles que foram agredidos pelos capangas de Serra. Vários saíram feridos. Um deles, Carlos Calixto, teve o supercílio rasgado. Mas o exército de rufiões bateu em retirada logo em seguida.
Horas depois, Serra estava na TV dizendo que o incidente fora “premeditado”. Da mesma forma que na última grande pane do Metrô de São Paulo, que prejudicou 150 mil pessoas no dia 21 de setembro, ele disse que “me pareceu algo provocado”. Se um raio tivesse partido o Índio pela metade, ele também diria que foi algo “com interesses eleitorais”.
Por sinal, o show maior foi do silvícola. Disse o Índio que “eu estava do lado do Serra, abraçado com ele, quando veio aquele pacote enorme. Bateu na cabeça dele e fez até barulho. Um negócio pesado. Devia ter uns dois quilos”.
Serra escolheu um mentiroso quase à sua altura para vice. Abraçado com o Serra durante uma caminhada? Hum... Pacote de dois quilos na cabeça? Caramba! Só pode ter sido algum meteoro, certamente um castigo divino para os vendilhões da Pátria, vindo diretamente do céu. Mas com má pontaria: na careca do Serra é que ele não bateu.
Com essa malta, nem quando a gente quer fazer um artigo sério, escapa-se da galhofa.
CARLOS LOPES 

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