terça-feira, 19 de outubro de 2010

Artistas e intelectuais declaram apoio a Dilma no Rio de Janeiro


Chico reúne milhares de artistas e intelectuais em apoio à Dilma

Manifesto com 10 mil assinaturas afirma que
“é hora de unir nossas forças no 2º turno para garantir as conquistas e continuarmos na direção de uma sociedade justa, solidária e soberana”

O Teatro Casa Grande, na zona Sul do Rio de Janeiro, ficou completamente lotado no encontro de Dilma Rousseff com atores, músicos, escritores, cineastas e intelectuais, na segunda-feira (18). Mais de mil pessoas que não puderam entrar assistiram o evento em um telão no lado de fora. O “Manifesto de artistas e intelectuais pró-Dilma” foi entregue à candidata da coligação Para o Brasil Seguir Mudando contendo mais de 10 mil assinaturas, encabeçadas por Chico Buarque de Holanda, Oscar Niemeyer, Leonardo Boff, Eric Nepomuceno, Emir Sader e Fernando Morais. Muitas das assinaturas de eleitores de Marina Silva (PV) e Plínio de Arruda Sampaio (PSOL) candidatos no primeiro turno.

Niemeyer, nos seus 102 anos, foi ovacionado de pé pela plateia ao chegar de cadeira de rodas: “Oscar! Oscar! Oscar!”.

Chico Buarque, em breve pronunciamento, reiterou seu “apoio entusiasmado” à candidata. “Essa mulher de fibra, que já passou por tudo, não tem medo de nada. Vai herdar o senso de justiça social, um marco do governo Lula, um governo que não corteja os poderosos de sempre, não despreza os sem-terra, os professores, garis. Um governo que fala de igual para igual com todos, que não fala fino com Washington, nem fala grosso com a Bolívia e o Paraguai, como nunca houve na História do país”, disse Chico, bastante aplaudido.

Beth Carvalho saudou a candidata, confiante que pela primeira vez “uma mulher será presidente do Brasil”, e cantou “Deixa a Dilma me levar, Dilma leva eu”.

“Privatizações selvagens”

Nos discursos e nas gravações de depoimentos, os artistas e intelectuais destacaram que no segundo turno a opção é votar em Dilma ou, então, retornar à barbárie neoliberal, conforme expressou recentemente o compositor e escritor Aldir Blanc, que também assina o manifesto: “Votem em Dilma – ou regridam à privatizações selvagens, à perda da Petrobrás, ao comando do latifúndio, dos ruralistas, dos banqueiros, de todas as forças retrógradas do país, incluindo os torturadores”.

De acordo com o manifesto, “é hora de unir nossas forças no segundo turno para garantir as conquistas e continuarmos na direção de uma sociedade justa, solidária e soberana”.

Estiveram presentes no ato, as cantoras Alcione, Elba Ramalho, Lecy Brandão, Margareth Menezes e Rosemary; os músicos Alceu Valença, Chico César, Diogo Nogueira, Geraldo Azevedo, Sérgio Ricardo, Wagner Tiso, e Yamandu Costa; os atores Osmar Prado, Hugo Carvana, Paulo Betti, Jonas Bloch, Cristina Pereira, Dira Paes, Pedro Cardoso, Sílvia Buarque, Sérgio Mamberti e Antonio Pitanga; o diretor de teatro José Celso Martinez Corrêa; os cineastas Ruy Guerra e Luiz Carlos Barreto e o cartunista Ziraldo.

Compareceram ainda o candidato a vice na coligação de Dilma, deputado Michel Temer; a ministra Nilcea Freire (Secretaria para as Mulheres); os governadores Sérgio Cabral (RJ) e Jaques Wagner (BA); o prefeito do Rio, Eduardo Paes; e os ex-ministros Márcio Thomaz Bastos (Justiça) – que entregou um manifesto de apoio em nome dos advogados do Brasil – e Carlos Minc (Meio Ambiente).

Entre os artistas e intelectuais que também assinam o manifesto, destacam-se o escritor Luís Fernando Veríssimo, os compositores João Bosco e Martinho da Vila, a economista Maria da Conceição Tavares, o filósofo Frei Betto, a psicanalista Maria Rita Kehl; o ator e diretor Celso Frateschi; a cantora Cristina Buarque de Hollanda; as atrizes Lucélia Santos e Marieta Severo; os compositores Nei Lopes e Nelson Sargento; o diretor teatral e cineasta Domingos de Oliveira; o escritor Luiz Antonio de Assis Brasil; os cineastas Maurice Capovilla e Walter Lima Júnior e o jornalista e historiador Ricardo Cravo Albin. O cantor e compositor Zeca Pagodinho enviou mensagem defendendo a continuidade do governo Lula.

“A verdade vai vencer a mentira”

“Se com Lula a esperança venceu o medo, com Dilma a verdade vai vencer a mentira”, afirmou o teólogo e escritor Leonardo Boff.
Em seu depoimento, Fernando Morais afirmou: “sou um brasileiro que é contra a privatização canibal que os tucanos fizeram no Brasil. Sou um brasileiro que defende com unhas e dentes a incorporação de 35 milhões de miseráveis ao mundo das pessoas que almoçam e jantam todo o dia. E sou Dilma, sobretudo, porque eu conheço José Serra há 30 anos e sei o mal que esse sujeito pode fazer ao Brasil”.

“Eles já venderam o que nós tínhamos de melhor”

“O Brasil não pode ficar nas mãos dos vende-pátria. Eles já venderam o que nós tínhamos de melhor, venderam barato. Não podemos perder a Petrobrás, por exemplo. Cai nas mãos do Fernando Henrique e do Serra ... E essa gente é assim: com nariz empinado para o Brasil e de cabeça baixa para o imperialismo”, enfatizou o cantor e compositor Chico César.

Em seu discurso, Dilma Rousseff agradeceu o apoio dos artistas e intelectuais e propôs mais investimentos em cultura. “As músicas que ouvi e os livros que eu li estão aqui, com todos esses cantores e artistas”, sublinhou. “Não existem formas de dar qualidade ao processo sem valorizar as pessoas que fazem parte do processo”, acrescentou.

“O que está em questão nessa eleição é o que
eles farão com o pré-sal e com a Petrobrás”

A candidata disse que um ponto essencial de seu programa é o investimento em educação, com a criação de novas universidades e escolas técnicas “Para diminuir a desigualdade pela raiz é preciso gastar dinheiro com educação de criança de até cinco anos, com educação de qualidade, pagando professores de forma digna e não recebê-los com cassetetes”, ressaltou.

“O que está em questão nessa eleição é o que eles farão com o pré-sal e também com a Petrobrás. A Petrobrás [no governo Fernando Henrique] era para ser partida, esquartejada e ter suas partes vendidas”, lembrou. “A gente já viu a mágica das finanças dos tucanos, que vendeu 100 bilhões de dólares de patrimônio do país e mesmo assim nossa dívida dobrou”, argumentou.

Para Dilma, hoje o Brasil é respeitado internacionalmente por reduzido a pobreza: “Ninguém respeita quem deixa parte do seu povo na miséria. Pode ser intelectual, mas se não tirar seu povo da miséria, ninguém respeita!”. Assim sendo, reiterou que o seu compromisso é erradicar a pobreza. “Não queremos ser os Estados Unidos da América do Sul, onde uma parte dos negros está na cadeia, e os brancos pobres moram em trailers. Queremos que o desenvolvido seja com critério social”, defendeu.
HP

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