sábado, 8 de dezembro de 2012

Mundo se despede e celebra Niemeyer



O mais importante arquiteto brasileiro, Oscar Niemeyer, que revolucionou a arquitetura moderna e foi um dos criadores de Brasília, morreu na noite de quarta-feira (5) no Rio de Janeiro, aos 104 anos. Internado desde o dia 2 de novembro no Hospital Samaritano, em Botafogo, na Zona Sul da capital, vítima de complicações renais e desidratação, o arquiteto estava na unidade intermediária do hospital.
Após uma missa em sua homenagem na manhã da quinta-feira (6), o corpo do arquiteto foi levado para Brasília, para ser velado no Palácio do Planalto, projetado por ele. O enterro está marcado para esta sexta (7), no Cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro.
Além de grande artista, Niemeyer foi um grande brasileiro, defensor do Brasil e do seu patrimônio, das suas riquezas e do seu povo. Um grande combatente das causas do povo e crítico vigoroso das injustiças no mundo. "O mais importante não é a arquitetura, mas a vida, os amigos e este mundo injusto que devemos modificar", dizia. "Não troco um só trabalhador brasileiro por cem desses grã-finos arrumadinhos", frase numa das paredes do Memorial da Liberdade João Goulart.
Influente e admirado em todo o mundo, ele foi amigo de Fidel Castro e de outras grandes personalidades. Em um discurso feito em 2007, Fidel citou o amigo: "Penso como Niemeyer, que se deve ser consequente até o final".
Filho de Oscar Niemeyer Soares e de Delfina Ribeiro de Almeida, Oscar Niemeyer se casou aos 21 anos, com Annita Baldo. Com a morte da mulher, em 2004, dois anos depois, quando já tinha 99 anos, casou-se com sua secretária, Vera Lúcia. Do primeiro casamento, teve sua única filha, Anna Maria, falecida em junho aos 82. Ele deixa mulher, netos, bisnetos e tataranetos.
Um ano depois do primeiro casamento, Niemeyer ingressou na Escola Nacional de Belas Artes e, em 1932, começou a trabalhar no escritório de Lúcio Costa e Carlos Leão. Sua formatura como engenheiro arquiteto ocorreu em 1934.
Em 1936, conheceu o arquiteto francês de origem suíça Le Corbusier – que chegara ao Rio de Janeiro a convite de Lúcio Costa e de Gustavo Capanema, então ministro da Educação e Saúde do governo Getúlio Vargas, para atuar como consultor no projeto do Ministério da Educação – com quem assina o projeto. Em 1947, divide o projeto da sede da Organização das Nações Unidas (ONU), nos Estados Unidos, com Corbusier.
Em 1945, Oscar Niemeyer ingressou no Partido Comunista Brasileiro e, depois do golpe de 1964, viveu fora do país. Impedido de trabalhar no Brasil, vai para Paris, onde instala um escritório. Lá, entre tantos projetos, deixou sua marca ao projetar a sede do Partido Comunista Francês.
Entre suas mais importantes obras, destacam-se o Edifício Copan, o Memorial da América Latina e o Parque Ibirapuera, em São Paulo; os centros integrados de Educação Pública (Cieps) e a Passarela do Samba, no Rio de Janeiro; o Caminho Niemeyer, em Niterói (RJ); a Universidade de Constantine e a Mesquita de Argel, na Argélia; a Feira Internacional e Permanente do Líbano; o Centro Cultural de Le Havre-Le Volcan, na França; além do Porto da Música, na Argentina.
Ao completar 100 anos, em 2007, Niemeyer recebeu diversas condecorações, entre elas a Medalha do Mérito Cultural, conferida pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva em reconhecimento à sua contribuição à cultura brasileira. Na França, o arquiteto é condecorado com o título de comendador da Ordem Nacional da Legião de Honra.
Apontado como um dos mais influentes na arquitetura moderna mundial, seus traços livres e rápidos criaram um novo movimento na arquitetura. Ao lamentar a morte do arquiteto, a presidente Dilma Rousseff disse, em nota, que o Brasil perdeu "um dos seus gênios". "Foi um revolucionário, o mentor de uma nova arquitetura, bonita, lógica e, como ele mesmo definia, inventiva", destaca o texto. Lula e Dona Marisa Letícia disseram em nota que ele "se vai, mas ficará sempre entre nós, presente nas linhas dos edifícios que plantou no Brasil e em todo o mundo".
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