terça-feira, 21 de junho de 2016

ARGUMENTOS DO GOVERNO SOBRE DÍVIDA DOS ESTADOS.


Durante o seminário “Dívida dos Estados com a União, qual é a solução definitiva?”, promovido pela Auditoria Cidadã da Dívida em parceria com a OAB e Febrafite, os especialistas convidados fizeram um panorama geral do endividamento dos estados e apontaram a necessidade de conscientização e mobilização social para a mudança real.
O auditor fiscal da Secretaria de Fazenda do Rio Grande do Sul, João Pedro Casarotto elencou fatores que seriam responsáveis pelo crescimento exagerado da dívida dos estados, como a Lei n º 9496/97, o Programa de Incentivo à Redução do Setor Público Estadual na Atividade Bancária, além das mudanças causadas pela implantação do Plano Real.
Com dados de órgãos oficiais, ele mostrou o crescimento do saldo devedor de 1999 até 2016. O saldo inicial era de R$ 93 bilhões (1999), foram pagos R$ 277 bilhões (de 1999 à 2015) e o saldo devedor dos estados atualmente é de R$ 476 bilhões. Ele sugeriu que os estados paguem o valor recebido com correção monetária, sem juros, e aqueles que já pagaram ou pagaram a mais sejam ressarcidos.
Casaroto lembrou que os problemas de solvência e liquidez se agravaram com a chegada do plano real, que criou programas para reduzir e reestruturar o sistema financeiro nacional e que tudo isso gerou uma queda na receita.
Na época, a União havia implementado medidas econômicas ( Plano Real), altas taxas de juros, desoneração das exportações dos produtos primários, restrição ao crédito. Essas medidas provocaram instabilidade financeira dos estados pela eliminação de receitas inflacionárias e aumento das dívidas imobiliárias, levando os estados à beira da falência. Os estados, sem alternativas, se submeteram às soluções oferecidas.
A coordenadora nacional da Auditoria Cidadã da Dívida, Maria Lucia Fattorelli lembra que a origem da dívida dos estados, nas décadas de 70 e 80, já apresenta obscuridades em sua raiz. “A maioria das Resoluções do Senado que autorizaram endividamento dos estados sequer mencionam o agente credor, e diversas sequer mencionam a finalidade do empréstimo”.
Ela mostrou ainda que a crise fiscal enfrentada pelos entes federados se deu, principalmente, em função das condições abusivas do refinanciamento pela União e que isso abriu uma brecha para a formação de um novo esquema ilegal de geração de dívida pública, a criação de empresas S/A, do tipo Sociedade de Propósito Específico (SPE), que emitem debêntures com a garantia dos entes públicos. “Essas instituições privadas emitem papéis que estão vinculados às prefeituras ou estados, mas não se subordinam a elas. Essa prática é muito semelhante ao que houve na Europa (Grécia), onde uma empresa com sede em Luxemburgo, paraíso fiscal, foi criada por imposição do FMI e depois quebrou diversos países com essa prática de emissão de papéis que se tornavam dívida pública”, destacou.
De acordo com Fattorelli, o governo está encaminhando um projeto que irá destruir de vez o estado brasileiro, com limitação de gastos sociais para liberar mais recursos para o pagamento da dívida pública. “Diante disso, o PLP 257 ficou pequeno”, alertou.
Ela mostrou a comparação entre os dados das receitas realizadas em 2015 e as despesas pagas no mesmo ano, onde aparece uma sobra de R$ 480 bilhões que não está alocada em nenhuma pasta e não há informações sobre essa despesa.
E finalizou, apontando as incoerências entre a realidade de riquezas e abundâncias naturais, culturais e humanas, e o cenário de pobreza, desemprego, encolhimento do PIB, desindustrialização.

“Coloquei o cenário e a realidade, porque cenário a gente muda, rasca, basta querermos”, concluiu.
Encaminhamentos
No final do seminário, as entidades apresentaram que será criado um “Dia Nacional de Alerta” , sobre o endividamento público, formando um Pacto entre os Órgãos de controle e entidades da sociedade cível, sendo realizado inclusive nas Assembleias Legislativas e no Congresso Nacional.
Além disso, foi decidido que as entidades devem atuar pela criação da CPI da dívida pública nas Assembleias Legislativas; promover debates sobre a reforma da previdência e propor a reforma tributária; apoiar a frente parlamentar da auditoria da dívida pública. Também foi proposto ações cíveis públicas com pedido de liminar para suspender o pagamento da dívida; divulgar o relatório da CPI da dívida pública da Câmara Federal, encerrada em 2010; promover o debate sobre o tema nos conselhos regionais da OAB; solicitar uma audiência com o relator do PLP 257/2016, pedindo a rejeição do projeto ou alterações substanciais; dentre outras ações. (Com informações da Febrafite)

Gastos com a Dívida Pública em 2014 superaram 45% do Orçamento Federal Executado


Maria Lucia Fattorelli[i]
Rodrigo Ávila[ii]
5/2/2015
 Em 2014, o governo federal gastou R$ 978 bilhões com juros e amortizações da dívida pública, o que representou 45,11% de todo o orçamento efetivamente executado no ano.
Essa quantia corresponde a 12 vezes o que foi destinado à educação, 11 vezes aos gastos com saúde, ou mais que o dobro dos gastos com a Previdência Social, conforme o gráfico abaixo.














Fonte: http://www8d.senado.gov.br/dwweb/abreDoc.html?docId=92718  Notas: 1) inclui o “refinanciamento” da dívida, pois o governo contabiliza neste item grande parte dos juros pagos. 2) os gastos com juros e amortizações da dívida se referem aos GNDs 2 e 6, e foram desmembrados da Função “Encargos Especiais”: 3) as transferências a estados e municípios se referem ao programa 0903 – “Operações Especiais: Transferências Constitucionais e as Decorrentes de Legislação Específica”, e também foram desmembradas da Função “Encargos Especiais”. 4) os demais gastos da função “Encargos Especiais” foram referidos no gráfico como sendo “Outros Encargos Especiais”, e representam principalmente despesas com o ressarcimento ao INSS de desonerações tributárias, subsídios à tarifa de energia elétrica, pagamento de precatórios, dentre outras. 5) O gráfico não inclui os “restos a pagar” de 2014, executados em 2015.
Cabe esclarecer que os dados do gráfico acima foram extraídos dos dados oficiais contabilizados pelo governo no SIAFI.
O critério utilizado para a elaboração do gráfico soma as parcelas informadas pelo governo a título de “juros” e “amortizações”, no total de R$978 bilhões, pelas seguintes razões:
a)      A parcela informada pelo governo a título de “Juros e Encargos da Dívida” foi de apenas R$ 170 bilhões. Conforme vem sendo denunciado desde a CPI da Dívida Pública realizada na Câmara dos Deputados[iii], em cada ano o governo vem deixando de computar grande parte dos juros nominais, classificando-a como “amortizações”. As estatísticas governamentais não evidenciam o valor que efetivamente está sendo pago a título de juros nominais aos detentores dos títulos.
b)      A parcela informada pelo governo a título de “Amortizações da Dívida”, ou seja, o pagamento do principal, foi de R$ 808 bilhões. Tal valor está inflado pela atualização monetária de toda a dívida, que deveria fazer parte dos juros, pois de fato é parte da remuneração dos títulos, mas está sendo contabilizada como se fosse “amortização”, conforme também denunciado desde a CPI da Dívida Pública[iv].
Por causa desses equívocos denunciados há anos, grande parte dos “Juros” que efetivamente pagamos aos detentores dos títulos está embutida na parcela das “Amortizações”. Diante da falta de informação acerca dos juros nominais efetivamente pagos e da atualização monetária efetuada, não temos outra alternativa senão somar todo o gasto com a dívida, conforme demonstrado no gráfico.
Esse equívoco do governo na apresentação dos gastos efetivos com a dívida pública faz parte de uma coleção de privilégios de ordem financeira, legal e econômica que o Sistema da Dívida usufrui. Tal fato tem levado inúmeros analistas a aliviar o efetivo peso que o endividamento público exerce sobre as contas públicas do nosso país, utilizando um termo que ilude aqueles que não se aprofundam na análise do Sistema: dizem que a parcela das amortizações configuram “mera rolagem”, ou seja, o refinanciamento de dívida anteriormente existente mediante a contratação de nova dívida, razão pela qual não seria um problema para o país.
Analisando-se a composição do montante de R$ 808 bilhões contabilizados como “amortizações”, verifica-se o seguinte:
a)      R$ 615 bilhões foram contabilizados pelo governo como “refinanciamento”, aí incluindo-se a correção monetária que não é explicitada em nenhum documento, e que é parte dos juros nominais efetivamente pagos aos detentores dos títulos. Ou seja, não se trata de ”mera rolagem”, mas sim pagamento de grande parte dos juros com a contratação de nova dívida, o que fere o art. 167 da Constituição Federal;
b)      R$ 54 bilhões provém do recebimento de dívidas das quais a União é credora,  principalmente as dívidas que estados e municípios pagaram ao governo federal, ou seja, também não se trata de ”mera rolagem”;
c)       R$ 22 bilhões provém do rendimento dos recursos da Conta Única do Tesouro, R$ 19 bilhões de lucros das estatais (por exemplo, Petrobrás, Banco do Brasil, etc), dentre muitas outras fontes. Assim, também não se trata de “mera rolagem”, pois as tais parcelas de “amortizações” não foram pagas com nova dívida, mas sim com recursos oriundos de sacrifício social, quando o povo paga caro pelo combustível, pelas tarifas e juros dos bancos estatais, pela conta de energia elétrica e vários outros produtos (altamente onerados pelos impostos estaduais – ICMS),  etc.
d)      R$ 61 bilhões das amortizações se referem à cobertura de prejuízos do Banco Central, ocorridos, por exemplo, em operações chamadas de “swap cambial”, que beneficiam grandes investidores às custas do povo. Interessante observar que, quando o Banco Central dá lucro em determinados períodos[v], tais recursos são destinados obrigatoriamente para o pagamento da questionável dívida pública.
Devido aos diversos privilégios do Sistema da Dívida que beneficia principalmente ao setor financeiro privado nacional e estrangeiro, o estoque da dívida já supera R$ 4,5 trilhões de reais: o volume de títulos da dívida interna emitidos já somam R$3,3 trilhões[vi] e a dívida externa bruta supera 554 bilhões de dólares[vii]!
A análise dos gastos com a dívida não deve ficar restrita aos fabulosos números tanto dos gastos anuais como de seus estoques. É necessário ressaltar que a dívida atual é altamente questionável, pois é produto de inúmeras ilegalidades e ilegitimidades desde a sua origem espúria no período da ditadura militar, até os tempos atuais.
Apenas para ilustrar, cabe citar algumas infâmias que impactam a geração de dívida pública:
a)      taxas de juros absurdas, estabelecidas sob influência de banqueiros[viii], utilizando-se o pretexto de combater uma inflação que nada tem a ver com taxa de juros, mas com a alta de preços administrados pelo próprio governo (como luz, água e combustíveis) e da alta de alimentos, causada por fatores climáticos;
b)      aplicação de “juros sobre juros”, prática considerada ilegal, conforme Sumula 121 do STF;
c)       aplicação das mais altas taxas de juros do mundo, sem justificativa técnica;
d)      utilização da dívida interna onerosa para financiar a compra de dólares especulativos que ingressam no país (sob o pretexto de evitar que o Brasil seja atingido por crises internacionais, mas que poderiam ser evitadas por meio do controle de fluxo de capitais), e destinação desses dólares para as reservas internacionais que não rendem quase nada ao país;
e)      utilização da dívida interna onerosa para financiar questionáveis empréstimos do BNDES a juros subsidiados e prazos a perder de vista para grandes empresas privadas que realizam obras no exterior.
Por tudo isso reivindicamos a realização de completa auditoria da dívida pública, tanto interna como externa, desde a sua origem. A contínua destinação de elevados montantes para o pagamento de “amortização” da dívida, suavizados sob o rótulo de “mera rolagem”, assim como dos extorsivos juros desse questionável processo, estão sacrificando a sociedade. Além de arcar com pesada e distorcida carga tributária, a sociedade não recebe os serviços sociais essenciais, como saúde e educação. O país está com seu desenvolvimento socioeconômico travado, a serviço de garantir lucros escorchantes ao sistema financeiro, e apodrecido pela corrupção.


[i] Coordenadora Nacional da Auditoria Cidadã da Dívida www.auditoriacidada.org.br
 [ii] Economista da Auditoria Cidadã da Dívida
 [v] Em 2014, R$ 21 bilhões desta fonte de recursos foram utilizados para o pagamento de amortizações da dívida federal.
 [vi] http://www.bcb.gov.br/ Notas para imprensa/POLÍTICA FISCAL/ Quadro XXXVI – Títulos públicos federais
 [vii] http://www.bcb.gov.br/ Notas para imprensa/SETOR EXTERNO/Quadro LI-Dívida Externa Bruta
http://www.auditoriacidada.org.br/

domingo, 19 de junho de 2016

O IMPERIALISMO AMERICANO.



Disse o grande a grande líder revolucionário Leonel Brizola: " Os Estados Unidos da América, protegendo seus monopólios e trustes, vão espoliando e explorando esta nação sofrida e miserabilizada. Penso com independência. Penso pelo Brasil e pela República. Um Brasil forte e independente. Não um Brasil escravo...dos trustes e monopólios norte-americanos. Nada temos com os americanos, que expoliam e mantém nossa PÁTRIA na pobreza, no analfabetismo e na miséria. Esses que elogiam a estratégia norte-americana querem submeter nosso povo a esse processo de esmagamento". 


VIVA O LÍDER REVOLUCIONÁRIO LEONEL BRIZOLA! 


VIVA A PÁTRIA DE TIRADENTES, DUQUE DE CAXIAS, GETÚLIO VARGAS!

A Corrupção e o Sistema da Dívida - 2015





O que está gerando a "crise" são os banqueiros, multinacionais dos EUA e seus aliados que estão ganhando muito dinheiro as custas da precariedade na saúde,educação,segurança pública, saúde,educação,segurança, salários atrasados,arrochados dos servidores públicos, falência das pequenas e médias empresas. Não há crise dos banqueiros.

sábado, 18 de junho de 2016

Desastre da Samarco





A SAMARCO PERTENCE A VALE DO RIO DOCE. "PRIVATIZADA", PELO CANALHAS, LADRÕES, BANDIDOS DO PSDB, LIDERADOS POR FERNANDO HENRIQUE CARDOZO, QUE DEVE TER O MESMO DESTINO DE CALABAR, COMO DISSE O BRIZOLA.

Devastação do Rio Doce: é urgente rever a privatização da Vale!


SERGIO CRUZ


Dra. Clair da Flora Martins é advogada, presidente do Instituto Reage Brasil, ex deputada Federal e autora de uma das Ações Populares que questiona o leilão de privatização da Vale do Rio Doce.
Um dos maiores crimes cometidos contra o patrimônio público brasileiro, a entrega da Vale do Rio Doce, a maior produtora de minério de ferro do mundo, a grupos privados, por Fernando Henrique Cardoso, em maio 1997, precisa urgentemente ser revisto. O leilão, que levou milhares de patriotas às ruas para barrá-lo, está até hoje sub judice. Mais de uma centena de ações civis públicas questionando as irregularidades do processo – entre elas a da ex-deputada Dra. Clair Martins – esperam uma decisão final da justiça. Ou seja, todo o processo foi ilegal, uma apropriação criminosa dos bens da nação.


A Vale foi vendida por míseros R$ 3,34 bilhões, quando seu patrimônio chegava, segundo alguma estimativas, a R$ 92 bilhões. Outras afirmavam ser ainda muito maior o seu valor. Um verdadeiro escândalo. E quem a adquiriu no leilão ainda recebeu de brinde gordos investimentos subsidiados do BNDES, isenções fiscais (Lei Kandir) e um presente de R$ 700 milhões em recursos que estavam no caixa da empresa no dia da negociata. Para se ter uma ideia do quanto foi subestimado o valor de venda da Vale, só em um, 2006, o lucro da empresa foi quatro vezes superior ao valor total da venda.
A indigência da gestão privada e monopolista não demorou a se mostrar claramente ao conjunto do país. Sequiosa por super lucros, a mineradora patrocinou a exploração predatória de nossos minérios e a sua sangria indiscriminada para o exterior. Não podia ser outro o resultado. A ruptura – por falta de manutenção e fiscalização – da barragem de rejeitos da Samarco em Mariana, Minas Gerais, empresa controlada pela Vale e a anglo-australiana BHP, causou a destruição de todo o vale do Rio Doce, desde Minas até o litoral do Espírito Santo. Nunca se viu tanta lama tóxica e tanta destruição ambiental no país. O maior crime ambiental de toda a nossa história.
Em entrevista exclusiva ao HP/ASOL a ex-deputada Dra. Clair Martins, advogada e uma das principais responsáveis pelas mobilizações e pelos questionamentos jurídicos à privatização, fala sobre a luta pela re-estatização da mineradora.
HP/ASOL: A senhora acha possível a re-estatização da Vale?
Clair: Acho perfeitamente possível a Declaração da Nulidade do Leilão pela Justiça, pois as ações estão bem embasadas. Estou percorrendo diversos Estados onde a Vale tem presença ativa para mobilizar entidades, organizar os militantes e os profissionais que deverão estar à frente desta luta e nos ajudando na reavaliação do patrimônio da Vale do Rio Doce, cujas ações foram vendidas a preço vil, para não dizer, a preço de banana. Recentemente estivemos em Belo Horizonte onde participamos de um Tribunal Popular que julgou e condenou a Samarco e a Vale pelos crimes que cometeu em Bento Rodrigues, em Mariana, na região e em todos os Estados onde a lama contaminou a água, os mares e oceanos. A sociedade quer, e é o que nós desejamos, sobretudo, que estes recursos minerais sejam explorados de uma forma sustentável e que beneficie o conjunto da população.




Tribunal popular na Praça Sete de Belo Horizonte criado em abril para julgar os crimes da Samarco e da Vale
HP/ASOL: A senhora participou de toda luta – tanto nas ruas quanto nos tribunais – contra a privatização da Vale do Rio Doce. Pode nos descrever os principais momentos dessa batalha?
Clair: Participei ativamente das mobilizações sociais contra a Privatização da Vale do Rio Doce. No Paraná organizamos o Movimento Reage Brasil com a participação de várias entidades e personalidades e nos integramos na campanha nacional contra o Leilão que licitava 41,73% das ações ordinárias da União e foram vendidas por R$ 3,338 bilhões de reais. Conseguimos reverter, na época, a opinião pública que no início era favorável à licitação e ao final da campanha e antes do leilão se manifestava majoritariamente contra, graças ao empenho e dedicação de muitos patriotas. Houve mobilizações em vários estados, com grande participação popular. Ao lado das manifestações populares, organizamos também ações jurídicas para impedir o leilão, pois entendíamos que a Vale não deveria ser incluída no Plano de Desestatização e também o edital estava eivado de nulidades.
HP/ASOL: Qual a importância da Vale do Rio Doce para o país e por que, na sua opinião, ela deve ser pública?
Clair: Mais do que nulidades do edital, entendíamos que a Vale era uma empresa estratégica para o desenvolvimento nacional e que a maioria das ações ordinárias deveriam permanecer nas mãos do Estado. O Decreto lei 4352/1942 que criou a Vale que ainda continua em vigência acentua estes objetivos conforme artigo 6º, § 7º que dispõe: “O dividendo máximo a ser distribuído não ultrapassará de 15% e o que restar dos lucros líquidos constituirá um fundo de melhoramentos e desenvolvimento do Vale do Rio Doce, executados conforme projetos elaborados por acordo entre os Governos dos Estados de Minas Gerais e do Espírito Santo, aprovados pelo Presidente da República. Por essa ideologia neoliberal que norteou o mencionado leilão, o Brasil continua explorando predatoriamente os recursos naturais e minerais como no Brasil colônia, exportando matéria prima, degradando o meio ambiente e impondo condições sub humanas aos trabalhadores e população do entorno, não contribuindo com o desenvolvimento da região ou do país como poderia, dada grandeza de seu patrimônio;
HP/ASOL: Quais foram as principais irregularidades cometidas no processo de privatização da Vale? Em que pé está a batalha jurídica pela anulação do leilão?
Clair: Dezenas de ações populares foram propostas por patriotas brasileiros em vários estados, antes do leilão. Estas foram remetidas à Belém do Pará, por uma manobra jurídica, à época. O Juiz da Vara Federal, em 2002, julgou improcedente cinco ações e extinguiu as restantes sem a apreciação do mérito, entendendo que o fato estava consumado, face o leilão ter sido realizado. O processo seguiu para o TRF da 1ª Região em Brasília e a quinta turma, em 2005, anulou a decisão que extinguia os processos, sem a análise de seus fundamentos e pedidos e determinou que os processos deveriam retornar ao juízo de origem para que fosse feita uma reavaliação do seu patrimônio e que fossem apreciados todos os fundamentos e pedidos das ações populares.
Houve alguns recursos junto ao STJ e ao STF que suspenderam o retorno destes processos à Belém, mas já não há impedimento para que isto aconteça. Assim, esperamos que, em breve, os processos voltem ao juízo de origem para que a realização de uma perícia sobre o patrimônio da Vale do Rio Doce e também para o julgamento dos pedidos constantes das ações populares. Nestas ações se questiona: a nulidade do edital por vários vícios, entre os quais: os critérios da avaliação, a parcialidade da corretora que fez a avaliação do patrimônio da Vale, a existência de urânio (minério cuja exploração é privativa da União), a inserção de Carajás no edital de leilão que não havia sido avaliada, a subavaliação do seu patrimônio, etc.
Há a possibilidade de se declarar nula a licitação, dependendo da mobilização social em torno desta bandeira, pois sabemos da pressão que o Judiciário sofrerá para dar esta decisão numa cidade como Belém, onde a economia do Estado gira em torno da Vale do Rio Doce. Também podemos conseguir o ressarcimento dos recursos à União pela subavaliação do seu patrimônio e pelos prejuízos que sofreu no decorrer destes anos. Estamos mobilizando os profissionais de diversas áreas e todas as entidades a nos ajudarem a realizar a perícia sobre o patrimônio da Vale do Rio Doce que será realizada nos diversos Estados onde a Vale tinha inserção.
HP/ASOL: O argumento da suposta superioridade da gestão privada sobre a pública para justificar a privatização da Vale desabou com a gigantesca tragédia de Mariana – um dos maiores crimes ambientais do mundo – e o prejuízo de R$ 42 bilhões da empresa em 2015. Como você avalia isso?
Clair: A gestão pública da Vale sempre foi um sucesso. Os lucros eram reinvestidos na empresa para que ela pudesse contribuir com o desenvolvimento do país, como ocorreu, em cumprimento ao Decreto lei que a criou. Segundo publicação especializada, datada da época da privatização,” a Vale era a principal exportadora do Brasil (líder no mercado mundial de minério de ferro), maior produtora de alumínio e ouro da América Latina; possuía e operava dois portos de grandes dimensões, a maior frota de navios graneleiros do mundo, além de 1.800 quilômetros de ferrovias brasileiras; possuía reservas comprovadas de 41 bilhões de toneladas de minério de ferro, 994 milhões de toneladas de minério de cobre, 678 milhões de toneladas de bauxita, 67 milhões de toneladas de caulim, 72 milhões de toneladas de manganês, 70 milhões de toneladas de níquel, 122 milhões de toneladas de potássio, 9 milhões de toneladas de zinco, 1,8 milhões de toneladas de urânio, um milhão de toneladas de titânio, 510 mil toneladas de tungstênio, 60 mil toneladas de nióbio e 563 toneladas de ouro. Além disso, dispunha de 580 mil hectares de florestas replantadas, de onde extraia matéria-prima para a produção de 400 mil toneladas/ano de celulose.” (Fonte: Revista Dossiê Atenção – “Porque a venda da Vale é um mau negócio para o país”, fls. 282/292, da Ação Popular nº 1997.39.00.011542-7/PA)( Trecho extraído da decisão do TRF1). A gestão privada visa o lucro, sem se preocupar com o desenvolvimento da região, ou do país, com o meio ambiente ou com o bem estar dos trabalhadores e da população. A exploração dos recursos minerais é predatória. Não se preocupa sequer com a segurança dos trabalhadores, como é o que aconteceu com a tragédia de Mariana, onde muitos morreram, rios, mares e oceanos foram poluídos e contaminados, a flora e a fauna da região destruídas, as casas e animais soterrados pela lama da barragem que desabou. Tenho certeza que, numa gestão pública, estes recursos seriam aplicados em prol do desenvolvimento do país, da região, que é o que ainda queremos, Por isto lutamos!
As irregularidades cometidas no ato da privatização
O Bradesco financiou também duas empresas de fachada montadas nos EUA para o leilão da Vale. Assim, os fundos Sweet River e Eletron, ambos de Daniel Dantas, receberam empréstimos no dia do leilão na forma de debêntures conversíveis, ou seja, que poderiam ser convertidas em ações em caso de não pagamento do empréstimo. O óbvio aconteceu. Dantas não pagou. Dessa maneira o Bradesco – uma das instituições que participou da avaliação da Vale – tornou-se seu maior proprietário privado. A ação popular, da então deputada federal Dra. Clair Martins, aponta estas irregularidades, e acrescenta ainda a relação da consultora americana Merrill Lynch com o Grupo Anglo American, outro integrante do consórcio que venceu o leilão.
Outra violação da lei nesse leilão foi a transferência de milhões de hectares à propriedade dos acionistas estrangeiros da empresa. Isso se deu mediante a venda no exterior dos títulos da Vale, quando a legislação impede a alienação de mais de dois mil hectares a estrangeiros sem a aprovação das Forças Armadas e do Senado da República.
“O que as ações querem é o exame judicial dos fundamentos das ações sobre as nulidades do edital do leilão e uma perícia sobre a realidade do patrimônio leiloado, definindo o verdadeiro valor do acervo da CVRD. Se for confirmado que houve sonegação e subavaliação de bens, as decisões pela nulidade da venda de 1997 será coisa certa”, disse, na ocasião, a deputada Dra Clair.
Entre os réus estão a União, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Eles são acusados de subvalorizar a companhia na época de sua venda. Segundo as denúncias, em maio de 1995 a Vale informou à Securities and Exchange Comission, entidade que fiscaliza o mercado acionário dos Estados Unidos, que suas reversas de minério de ferro em Minas Gerais eram de 7.918 bilhões de toneladas. No edital de privatização, apenas dois anos depois, a companhia disse ter somente 1,4 bilhão de toneladas. O mesmo ocorre com as minas de ferro no Pará, que em 1995 somavam 4,97 bilhões de toneladas e foram apresentadas no edital como sendo apenas 1,8 bilhão de toneladas.
Nesta época, Lula já governava o país e, por este fato, alguns setores estavam convencidos de que as chances do cancelamento eram boas. Um grande plebiscito foi convocado em todo o Brasil. Em entrevista na época, a deputada Clair falou sobre a consulta. “Este plebiscito é uma prova viva de que a sociedade civil nunca vai aceitar passivamente este escândalo que é a transferência de nossas riquezas para as mãos de alguns poucos acionistas, em sua maioria de estrangeiros. O plebiscito é uma reação de quinhentos anos a exploração da Nação brasileira. Esta consulta popular vai ser o divisor de águas do governo Lula. Ou ele assume uma postura de defesa dos interesses brasileiros, ou se alia aos exploradores, aos vendilhões”, sentenciou a deputada, pouco antes da realização do plebiscito.
Em 2007 o plebiscito foi realizado e 64 entidades da sociedade ouviram, entre 1º e 7 de setembro de 2007, três milhões e setecentos mil brasileiros, em 3.157 municípios do país. O resultado foi inquestionável: 94,5% votaram pela re-estatização da Vale. O resultado do plebiscito foi levado então ao governo do presidente Lula. Juristas diziam que, “tendo a privatização ocorrida no governo passado, o atual governo teria todo o direito de, na representação do interesse nacional, intervir no feito, a fim de recuperar os ativos alienados”.
A declaração de Lula de que o governo não pretendia rever a venda da Vale, apesar do resultado da consulta, provocou surpresa a todos. “O posicionamento do presidente foi uma reação que não esperávamos”, disse Julio Turra, então dirigente da Central Única dos Trabalhadores.
Campanha mentirosa dos tucanos contra a Vale
FHC mentiu descaradamente ao dizer que a Vale dava prejuízo. Ele falseou a verdade para justificar sua venda. A Vale dava lucro desde 1954 – com um pequeno interregno na crise energética da década de 1970 – e já era esperado que esse lucro desse um salto à frente em sua dimensão. O geólogo Francisco F.A. da Costa, ex-superintendente de Pesquisas da Vale e ex-presidente da Docegeo, publicou, no Diário do Pará, na época da privatização, um artigo que explica porque a empresa foi escolhida como a primeira a ser privatizada. Disse ele: “A lucratividade da Vale aumentará muito no futuro próximo, devido a dois fatores: liquidação da dívida de Carajás e abertura de grandes e lucrativas minas de ouro. Este aumento de lucratividade, resultado de décadas de administração competente sob regime estatal, será mentirosamente atribuído à privatização. Economistas bisonhos louvarão as virtudes da privatização e apresentarão a Vale como exemplo. A economia deixou de ser uma ciência séria e se transformou em uma numerologia enganadora, a serviço dos interesses dominantes”.
É exatamente o que ocorreu. Só que hoje esse lucro vai para os cofres de uma empresa privada e monopolista. Hoje quem tem mais poder na Vale é quem tem as ações preferenciais (ADR), que são ações negociadas na Bolsa de Nova Iorque. Os possuidores dessas ações, na maioria especuladores americanos, estão recebendo uma remuneração gigantesca. E o país só vê a empresa fazer exploração predatória de suas riquezas, sonegar impostos, e destruir a natureza. Depois que caiu a máscara da “superioridade” da gestão privada e que começam a aparecer os prejuízos bilionários provocados por essa gestão irresponsável (- 42 bilhões de reais em 2015), é hora de retomar a luta pela anulação imediata da privatização da Vale e sua devolução para o povo brasileiro.
Pequeno histórico da mineradora criada por Getúlio Vargas

Esta empresa foi construída com imensos sacrifícios do povo depois da revolução de 1930. A Vale foi criada em 1° de junho de 1942 por Getúlio Vargas. Ela foi o resultado da nacionalização e encampação da Itabira Iron Ore Company, do norte americano Percival Farquhar que, em 1911, adquiriu dos ingleses todas as ações do Brazilian Hematite Syndicate, e mudou seu nome para Itabira Iron ( ver matéria mais detalhada nesta edição). A luta contra os planos dos ingleses e de Faquar fazem parte da história do Brasil. A Vale, assim como a Petrobrás, são símbolos da luta do povo brasileiro e também da nossa nacionalidade. Sua defesa se confunde com a defesa do Brasil.
Como descreveria o jornalista Lúcio Flávio Pinto, “o país obteve os empréstimos do Eximbank para a exploração das minas do Cauê e para indenizar os acionistas ingleses da Itabira Iron, mediante os Acordos de Washington, de 1942”. “Esses acordos nos exigiram, de contrapartida, a cessão das bases do Nordeste para as operações das forças norte-americanas, o fornecimento de ferro para o esforço de guerra e o envio de tropas brasileiras para o conflito na Europa. Ali perdemos vidas valiosas. Não investimos na Vale somente os recursos do Erário; investimos em sangue, investimos em coragem, investimos na dignidade do patriotismo”, destacou Lúcio Flávio.
Em 1962, já sob Jango, a Vale já produzia cerca de 8 milhões de toneladas de minério de ferro. Com a criação da Docenave, em 1962, e com a inauguração do Porto de Tubarão, em 1966, a Vale entrou numa nova fase, com sua produção passando de 10 milhões de toneladas/ano em 1966 para 18 milhões em 1970 e atingindo a marca de 56 milhões de toneladas/ano em 1974, ano em que assumiu a liderança mundial na exportação de minério de ferro, a qual nunca mais perdeu.
http://americadosol.art.br/

Hollande ameaça proibir protestos e CGT convoca mais duas jornadas

Um "governo sitiado" pelas manifestações, como a que reuniu 1,3 milhão no dia 13

Pretexto de Hollande é a depredação de hospital infantil por provocadores em Paris, enquanto sua polícia estava ocupada espancando manifestantes pacíficos que repudiavam nas ruas o ‘El Khomri’

Ameaçar banir as manifestações é o sinal de um governo sitiado”, afirmaram na quarta-feira (15) as centrais sindicais francesas CGT, Force Ouvrière, FSU e Solidaires, em repúdio à chantagem do governo Hollande contra os gigantescos protestos que exigem a revogação do decreto-lei que rasga a ‘CLT’ francesa, o assim chamado ‘El Khomri’. No dia 14, Hollande mandou a tropa de choque ‘negociar’ com os trabalhadores, estudantes e aposentados que marchavam pacificamente, enquanto vândalos puderam depredar de paradas de ônibus e lojas, até um hospital infantil.
Em resposta, as centrais sindicais convocaram mais duas jornadas nacionais de luta para os dias 23 e 28 – datas em que, respectivamente, o ‘El Khomri’ irá à discussão no Senado, e da divulgação nacional do resultado do referendo cidadão em curso sobre o decreto-lei, que está sendo encaminhado pelas entidades por todo o país.
A ameaça de Hollande – que seu primeiro-ministro Manuel Valls imediatamente repetiu - foi feita no dia seguinte a uma das maiores jornadas de luta na França contra o famigerado decreto-lei, reunindo 1,3 milhão de pessoas. Há três meses, o brado de “Retira!” tomou conta da França, enquanto a rejeição ao estelionatário eleitoral Hollande bate todos os recordes e o decreto-lei é rejeitado por 75% dos franceses. Valls, em especial, não quer mais protestos em Paris.
O pretexto para a ameaça de Hollande foi a ação suspeita de grupos que realizaram quebra-quebras, sendo que o mais notório deles, após atacar um ônibus que trazia manifestantes, depredou o Hospital Infantil Necker, no qual o órfão do casal de policiais mortos a facadas por um extremista marroquino no dia anterior, uma criança de três anos, está recebendo cuidados.
Um ato típico de provocadores e que, por notável coincidência, propiciou que Hollande dissesse, segundo seu porta-voz Stephane Le Foll, que “num tempo quando a França é a anfitriã da Eurocopa 2016 e quando se defronta com terrorismo, manifestações não podem mais ser autorizadas se a propriedade particular e pública não podem ser salvaguardadas”. “Como isso não está se dando, decisões estão sendo tomadas, caso a caso, para não permitir os protestos”.
Mas, como denunciou a CGT, a atuação da polícia diante da ação dos vândalos foi “arremeter contra manifestantes pacíficos”, acrescentando que “esses atos indiscriminados não têm outro objetivo senão tentar desacreditar o movimento que legitimamente se opôs ao decreto-lei”. O isolamento de Hollande é tal que sequer tem os votos – nem mesmo no seu próprio partido - para aprovar no parlamento o pacote de arrocho, e por isso teve de apelar para decreto-lei.
O presidente da Force Ouvrière, Jean-Claude Mailly, depois de comentar que não entendia como um governo que se diz de esquerda quer proibir manifestações organizadas por sindicatos, acrescentou que, por tal raciocínio, Hollande vai ter de proibir a Eurocopa, “uma vez que lá também há violência” e depredações, lembrando os confrontos de sábado em Marselha entre torcedores ingleses e russos.
“As centrais sindicais estão fazendo sua parte nas manifestações. O que acontece em eventos externos [à mobilização] é de responsabilidade do governo”, afirmou Mailly, denunciando a ação de “desordeiros”.
Nesta sexta-feira, o presidente da CGT, Philippe Martinez, irá se reunir com a ministra do trabalho, que dá nome ao decreto-lei, para exigir a retirada de cinco artigos que são a “espinha dorsal” do monstrengo.
Conforme as centrais, ao estabelecer que o “acordado” em uma empresa – na verdade, imposto com ajuda de pelegos, sob chantagem de demissão ou fechamento – prevalece sobre o que já havia sido conquistado por acordo coletivo por ramo de produção, ou inclusive no Código do Trabalho, o decreto-lei comete a “inversão da hierarquia das normas”, e acarreta uma “corrida para o fundo” em matéria de salários e direitos.
PENEIRA
O decreto-lei também transforma em peneira a lei da jornada de 35 horas semanais, ao permitir sob “condições excepcionais” até 60 horas; facilita as demissões ao reduzir as indenizações – isto é, aumenta o desemprego; reduz o adicional das horas extras de 25% para 10%; e arrocha os jovens, praticamente os deixando de fora da norma do salário-mínimo, razão que explica a enorme mobilização da juventude francesa e a eclosão do movimento NuitDebout.
Mas há outra razão para ser contra o ‘El Khomri’: em boa parte é copiado das leis de arrocho impostas durante o governo Schroeder aos trabalhadores alemães, e inclusive o próprio autor das ‘leis Volkswagen’, Peter Hartz, assessorou durante dois anos Hollande na sua elaboração. Em suma, querem deixar os trabalhadores franceses de tanga para se dobrarem à germanização da Europa que, sob a ocupação que já dura 70 anos, é somente um biombo da sujeição àqueles que, de verdade, mandam em Berlim, por mais arrogantes que sejam as Merkels e os Schäubles - os monopólios ianques.
 
ANTONIO PIMENTA
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sexta-feira, 17 de junho de 2016

Teles querem limitar a banda larga para “pacotes distintos para bolsos distintos”


Representantes de entidades de proteção ao consumidor voltaram a criticar, na terça-feira (14), a limitação do serviço de internet fixa anunciada no início do ano. O tema foi debatido em audiência pública na Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática da Câmara. dos Deputados.


As operadoras, todas multinacionais, planejam com aval da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), fazer com a internet fixa, o mesmo que fazem com os telefones celulares, cortando o acesso ou diminuindo sua velocidade quando termina a franquia do pacote de dados. O novo modelo funcionaria substituindo os contratos que garantem acessos ilimitados à rede por pacotes limitados de dados.
O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), o Sindicato dos Trabalhadores em Telecomunicações do Distrito Federal (Sinttel/DF), o Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), e a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), criticaram a medida por desrespeitar o princípio de universalidade garantido no Marco Civil da Internet.

Para o pesquisador em telecomunicações do Idec Rafael Augusto Ferreira Zanatta, a iniciativa é “ilegítima porque cria uma internet dos pobres e outra dos ricos.” Segundo ele, o brasileiro que estuda 2h online e assiste a 1h de filmes via streaming gasta em média 180 GB por mês - quantidade bastante superior à oferecida nos pacotes de Banda Larga (NET 30 GB, Vivo 10 GB, OI 20 GB).
“É óbvio que o youtuber rico não tem nenhum problema em contratar um pacote adicional, então o filhinho de papai vai estar muito bem, porque não terá um problema. Já o estudante de computação do interior de Pernambuco que usa a internet para fazer um cursinho online e assistir filmes que ele não consegue ver em São Paulo, esse sim vai ter limitação”, sustentou.


O deputado Izalci (PSDB-DF), que solicitou a audiência pública, disse que a decisão das operadoras não pode criar desvantagens entre os usuários.
“A gente não pode mais levar em consideração que a internet é algo que deva ser acessado por um e não por outros, ela deve ser acessado por todos”, defendeu o representante dos trabalhadores de Telecom, Clemilton dos Santos.
A representante da Anatel, Elisa Vieira Leonel, afirmou que o consumidor não será prejudicado e que a agência proibiu os planos de franquia na internet fixa para que antes de decisão definitiva, o assunto seja esgotado em debate com a sociedade através de consulta pública aberta no último dia oito.
Para representante das teles, diretor-executivo do Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia (SindiTelebrasil), Carlos Duprat, as empresas devem ficar livres para ofertar pacotes “distintos para bolsos distintos”.
Para ele não faz diferença a qualidade do serviço ofertado. Duprat considera que é melhor pouca internet do que internet nenhuma, e que com a limitação do acesso será maior o numero de pessoas que poderão adquirir um serviço ruim. A universalização da banda larga passa longe. “A divisão entre geração de desigualdade entre uma internet limitada e uma internet ilimitada é muito menor do que entre alguém que tem internet e alguém que não tenha internet, então, se a gente está pensando em reduzir desigualdades, vamos pensar em incluir, não em criar dificuldades para que essa inclusão ocorra, que é simplesmente dizer que todo mundo tem de ter a mesma oferta de produto”, disse o diretor-executivo SindiTelebrasil.
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Requião analisa as consequências funestas das “mereilladas” para o Brasil





REQUIÃO PRESIDENTE DO BRASIL!

Parente continua o processo de privatização da Liquigás


Novo presidente da Petrobrás, disse que manterá o plano de Dilma de vender 100% da subsidiária da Petrobrás para a distribuição de gás de cozinha


A direção executiva da Petrobrás abriu o processo de privatização de 100% da Liquigás Distribuidora S.A., sua subsidiária de engarrafamento, distribuição e comercialização de gás liquefeito de petróleo (GLP), o gás de cozinha. A informação foi repassada pela Petrobrás por meio de nota, na última quarta-feira (15).
A entrega da Liquigás faz parte do plano de desinvestimento anunciado em 2015 e liderado pelo governo de Dilma Rousseff e pela diretoria executiva da Petrobrás. Além da privatização da empresa, estão no pacote de desmonte da estatal a venda de ativos de gás natural a partir da Gaspetro, a parte de transportes da Transpetro, além de campos de petróleo do pós e do pré-sal que continuam a ser leiloados, a preços ínfimos, para empresas estrangeiras.
O plano, iniciado pelo governo da presidente afastada, Dilma, foi mantido pelo também entreguista, o interino Michel Temer, que indicou para a presidencia da estatal, Pedro Parente, conhecido como o “ministro do apagão” do governo FHC.
A Liquigás é a segunda maior distribuidora de GLP do país, com 22,6% do mercado, líder no mercado de botijões de gás de até 13 kg, está presente em quase todos os estados brasileiros, contando com 23 centros operativos, 19 depósitos, 1 base de armazenagem e carregamento rodoferroviário e uma rede de aproximadamente 4.800 revendedores autorizados, ela teve em 2015 um lucro de R$ 114,3 milhões.
DESMONTE
Para a presidente do Sindicato dos Trabalhadores no Comércio de Minérios e Derivados de Petróleo do Estado do Rio de Janeiro (Sitramico-RJ), Ligia Deslandes, “vender a BR, e ativos como a Transpetro, a Liquigás, entre outros, por conta dos momentâneos problemas financeiros do Sistema Petrobrás, é o ‘mote’ defendido pelo mercado, em parceria com a grande mídia, com a desculpa de ‘salvar’ a Petrobrás. Mas, na verdade, por traz dessa pretensa ‘salvação’ da empresa, há um fortíssimo projeto para desmonte da cadeia de petróleo do Brasil, cujo foco está voltado para a venda da BR Distribuidora, da Transpetro e da Liquigás, o que fatalmente nos regredirá à condição de ‘colônia explorada’”.
Ela também destacou que o plano de desinvestimento está diretamente ligado aos ativos que tem menos riscos e que são mais rentáveis para a Petrobrás, e que este desmonte da estatal destrói o parque produtivo nacional e o entrega ao capital estrangeiro.
“Há, por fim, um grande trunfo na escolha desses ativos para privatização. Sabemos que as atividades de exploração e produção de petróleo possuem um alto risco associado e uma necessidade de investimentos e imobilizados de grandes proporções. Mas, no caso da BR, o risco da atividade comercial é baixo, já que o mercado de venda de combustíveis está consolidado e o consumo de derivados do petróleo brasileiro cresceu significativamente nos últimos 12 anos. Por outro lado, o ativo imobilizado estratégico necessário para operacionalizar a BR é reduzido, uma vez que mais de 90% dos seus postos de gasolina são de terceiros. Logo, comprar a BR é um excelente negócio para qualquer investidor estrangeiro que procura, num mercado de distribuição de derivados do petróleo maduro e robusto: baixo risco, alta rentabilidade e quase nenhuma necessidade de investimentos em imobilizados. E, basta replicar essas mesmas questões para entender as verdadeiras intenções em vender a Transpetro, a Liquigás, a Rede de Postos da Argentina/Chile e as térmicas: desmontar o Sistema Petrobrás, com a finalidade de entregar o Brasil definitivamente ao capital estrangeiro.”
Suas maiores concorrentes a Ultragaz (23,11%), do grupo Ultra, Supergasbrás (20,42%), do grupo holandês SHV, e Copagaz (8,19%), do empresário Ueze Zahan, já estão na fila pelo negócio. A Liquigás colocaria qualquer uma destas na liderança isolada do segmento. Mas, como bem conhecemos o caráter destes entreguistas, o bom mesmo é que a nossa Liquigás sejá vendida a uma multinacional.
No último dia 7, a Petrobrás também confirmou o processo de venda de pacotes de térmicas e terminais de importações de gás natural. É sabido que a companhia também mantém negociações com a Brookfield para vender 81% de sua malha de gasodutos das regiões Sul e Sudeste.
ESTRATÉGICA
A Petrobrás comprou a Liquigás da multinacional Agip Petroli, controlada pela italiana Eni Sp.A. (Ente Nazionale Idrocarburi), em agosto de 2004, no primeiro governo Lula. A nacionalização da Liquigás criou uma única empresa verticalizada em todos segmentos do setor de gás de cozinha, ou seja, desde a produção até a distribuição do produto.
Além do fortalecimento da Petrobrás, a nacionalização da Liquigás representou um controle maior por parte do governo neste setor, que é importante para a economia popular, já que representa o acesso da população a um produto de primeira necessidade, e que muitas vezes sofria o boicote das multinacionais, que forçavam o aumento de preços.

CAMILA SEVERO
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