domingo, 28 de fevereiro de 2016

COMO PERDER UM BILHÃO DE DÓLARES: PARA QUE SERVEM OS PORTA-AVIÕES NAS GUERRAS DO SÉCULO 21?

A época dos porta-aviões, inaugurada pelas grandes batalhas no Pacífico, continuou após a Segunda Guerra Mundial, embora o verdadeiro valor destes caríssimos navios esteja cercado de incertezas.
Concebidos como bases aéreas flutuantes para aviões de ataque ao solo, os porta-aviões americanos transformaram ao final da Guerra Fria a aviação dos Estados Unidos, tornando-a o componente mais inútil da força aérea e uma maneira de gastar enormes fundos, sugere Georgy Nizovoi, analista militar do portal político russo Fapnews.
Problemas que não têm solução.
A mais poderosa seção aérea, um porta-aviões da classe Nimitz, consiste de 60 aviões de combate, dos quais apenas 40 podem operar de cada vez. Ou seja, é um regimento. Um esquadrão poderia agir em suas missões de escolta, enquanto outros dois em ataques a solo (ou contra navios, conforme o caso).
Para outros porta-aviões isso representa um limite inatingível. É por isso que em todas as guerras locais nas quais os EUA realizou operações de aviação militar, os aviões em terra mostraram uma muito maior eficiência do que a aviação embarcada.
Recordemos algumas estatísticas. Na Guerra do Golfo de 1991, que contou com a presença de metade [seis] dos porta-aviões norte-americanos, estavam envolvidos 1.700 aviões de combate em terra (79%) e 450 aviões embarcados (21%).
81,5% das mais de 98.000 missões foram conduzidas por aeronaves baseadas em terra e foram precisamente essas aeronaves que lançaram uma maior quantidade de bombas e mísseis (87%).
Além disso, somente as aeronaves baseadas em terra derrubaram os aviões de combate de Saddam Hussein.
A Guerra do Golfo demonstrou a ineficácia, em termos de eficiência/custo, dos porta-aviões de uso múltiplo (AMG, de acordo com sua sigla em Inglês), desenvolvidos durante a Guerra Fria.
Estes navios enormes e muito caros, não só consomem recursos, mas também exigem uma série de navios de guerra e logística para defende-los e escoltá-los.
Por que seria suicídio usar porta-aviões contra países com uma forte força aérea?
Além de vulneráveis, um porta-aviões é muito caro, por isso a perda de cada um seria muito sensível em termos de material e de moral. Consiste de uns 6.000 tripulantes e do pessoal do setor aéreo. A isso, deve também adicionar um grupo de navios de escolta.
Em geral, um grupo de porta-aviões ‘vale’ uns 10-15 bilhões (excluindo custos de desenvolvimento) e requer entre 9-10 mil efetivos. A perda de um desses grupos seria um desastre para a Marinha dos Estados Unidos.
E este desastre é quase inevitável caso um porta-aviões enfrente um inimigo “equivalente”, ou seja, uma potência militar desenvolvida, sugere o analista.

Leia também: “Assassino de porta-aviões” da Rússia: 10 fatos sobre o cruzador “Moskva”.
Um grupo de combate de porta-aviões não poderia chegar perto de um país inimigo sem ser detectado, mesmo a uma distância de 300-500 quilômetros de uma litoral inimigo, embora na realidade esta distância seria muito maior. Enquanto isso, o raio de ação dos aviões embarcados [sem reabastecimento em vôo] carregados com munição, não excede 700 quilômetros. Isto significa que, a uma distância de mais de 700 quilômetros do litoral inimigo este grupo não assume nenhum risco, embora a uma distância menor será submetido a ataques mortais.
A aparição na Força Aérea da União Soviética dos bombardeiros guiados Tu-22M3, armados com o míssil de grande alcance X-15 (de ogiva com carga nuclear) e o míssil X-22 (de carga convencional mas com 1.000 quilos de explosivo) foi uma surpresa amarga para os EUA.
Estes mísseis portavam uma carga explosiva muito poderosa e atingiam uma velocidade de vôo muito alta, o que praticamente garantida a destruição de seu alvo.
Implicava uma única negativa para os pilotos do Tu-22M3: o alcance de 300 (X-15) e 600 quilômetros (X-22) seria necessário entrar na zona de alcance da defesa aérea e perder alguns dos bombardeiros. Mas mesmo uma perda de 10-15 bombardeiros de um regimento aéreo de ataque se compensada com sobra por afundar navios caríssimos.
Agora, quando a Força Aérea Russa tem mísseis Х-32 de 1.000 km de alcance, este problema parece estar resolvido e “ninguém no seu perfeito juízo iria ter em conta a possibilidade de os grupos de batalha de porta-aviões dos EUA atacarem a Rússia”, diz o autor.
Navios apenas para guerras bananeiras.
O principal problema é que os porta-aviões de propulsão nuclear dos EUA não têm interceptores especializados. O último F-14D Tomcat foi retirado de serviço em 2006.
Quanto ao F/A-18 este bom avião de ataque não é capaz de suportar um ataque aéreo e não foi projetado para isso. “Esta “híbrido” de avião de ataque à superfície e caça de combate é incapaz de resistir caças ou interceptores especializados, como evidenciado pela história de seu uso”, sugere Nizovoi.
Os avançados aviões furtivos F-35 em sua versão naval são também bombardeiros e aviões de ataque.

Leia também: EUA só poderá afirmar sua dominação se conseguir projetar e sustentar operações de grande escala sobre grandes distâncias.
Referindo-se a aviação da marinha dos EUA, o autor sugere que a aviação naval está preparada para guerras locais contra inimigos com armas de nível bem inferiores, isto é, para a Guerra Banana.
Os poderosos porta-aviões disponíveis não poderiam ser usados contra inimigos armados de mesmo nível, conclui.
No entanto, certamente não se pode dizer que esses navios poderosos sejam inúteis. “Os EUA tem um grande interesse em todo o mundo e esta enorme Marinha é plenamente capaz de defendê-los. Mas sua ‘falta de universalidade’ é incrível”, diz ele.
“Nos últimos 30 anos, almirantes dos EUA gastaram mais de um bilhão de dólares sem nenhum sentido”, diz ele.
Traduzido para publicação em dinamicaglobal.wordpress.com

Fonte: RT.com


https://dinamicaglobal.wordpress.com

Nenhum comentário: