“Trabalhadores querem que bancos paguem pela crise”
“A crise teve um enorme impacto sobre o quotidiano dos trabalhadores nos EUA, mas eles não aceitam mais isso”, afirmou o sindicalista Rhadames Rivera, do sindicato dos Trabalhadores da Saúde do Leste dos EUA.
O sindicato de Rivera reúne enfermeiros, farmacêuticos, técnicos em radioterapia, pessoal de manutenção e todas as categorias que se pode encontrar em um hospital. O sindicato conta com 350 mil filiados em seis estados da costa leste e é um dos maiores do setor.
“Os trabalhadores demandam antes de tudo melhores condições de trabalho e novas contratações para suprir a falta de pessoal. Uma enfermeira é obrigada a fazer o trabalho de dois ou três profissionais e não tem tempo de cuidar corretamente de todos os pacientes, quero dizer, com um pouco de humanidade.
“Obama tentou reformar a saúde, mas para os conservadores americanos isso era inaceitável. As pequenas propostas de mudanças eram demais, e, para as pessoas que não têm cobertura médica alguma, não eram mudanças significativas.
Estes continuam a passar horas nas salas de espera das emergências sem terem nenhuma certeza que receberão o atendimento necessário. A pessoas vão ao hospital quando estão ao ponto de morrer. Muitos hospitais locais foram fechados e não se faz nos EUA nenhuma campanha de prevenção em matéria de saúde.
“A crise econômica se abateu sobre os trabalhadores que perderam seus empregos, suas casas. Muitos vivem hoje muito pior que antes da crise. Junte-se a isso o fato de que os conservadores no senado, os governos estaduais partiram para suprimir o direito dos trabalhadores às convenções coletivas nos serviços públicos. Eles começaram em Wisconsin, onde a situação era mais frágil, mas eles querem isso para todo o setor público do país. Em protesto as pessoas estão saindo às ruas.
Não querem que os conservadores suprimam os direitos que custaram tantos anos para conquistar. Os protestos se estendem aos outros estados, nós vemos o movimento se generalizar com uma mensagem clara aos patrões e ao governo: Não toquem em nossos direitos!
“Os trabalhadores agora se perguntam por que no país mais rico do mundo 66 milhões de pessoas não tem assistência médica assegurada, não têm dinheiro para a saúde e a educação de seus filhos. Por que países menores que os EUA como Cuba e Venezuela oferecem saúde e educação gratuita à sua população e tem um nível de desemprego tão mais baixo? Por que tantos gastos com as guerras no Iraque e no Afeganistão em lugar de investir no bem estar da população? Os trabalhadores americanos não querem mais pagar pela crise.
Eles sabem hoje quanto custou aos cofres públicos salvar os bancos. E dizem que são os bancos os que devem pagar pela crise”.
Sindicalista Rhadames Rivera, dos EUA:
(Principais trechos de entrevista concedida à Aline Bernard para o jornal “Solidaire” em 27 de Abril de 2011)
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