Patriota vê “dimensão interessante e positiva” no assassinato de Bin Laden
O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, destoou da postura tradicional de independência da diplomacia brasileira, ao manifestar incontido entusiasmo com a notícia do assassinato de Osama bin Laden, logo após a divulgação pelo governo dos Estados Unidos, na noite de domingo, do desfecho da operação desencadeada pela CIA no Paquistão.
“Acho que é um desenvolvimento que não deixa de ter uma dimensão interessante e positiva, no momento em que o mundo árabe se manifesta, do Marrocos ao Golfo, por liberdade de expressão, por mais democracia e melhores oportunidades”, declarou na manhã de segunda-feira (2).
O chanceler disse que Bin Laden ajudou a estigmatizar a imagem do mundo islâmico “como um mundo onde as alternativas seriam entre a autocracia e o fundamentalismo islâmico”. Para o ministro, “autocratas” são todos os países e líderes que estão sob ataque militar ou político dos Estados Unidos.
Patriota sinalizou uma mudança na condução da política externa brasileira, adotando de pronto uma postura de alinhamento com os EUA ao repetir o discurso estadunidense de propalar o temor a possíveis reações à notícia. “Nos preocupa muito que haja represálias. Esperamos que esse acontecimento não desencadeie nenhum atentado. Mas não temos neste momento nenhuma informação que nos leve a temer algum ato específico”, acrescentou.
O ministro disse ainda que o governo brasileiro se solidariza com as vítimas dos desastres, atribuídos pela mídia e o governo norte-americano à organização liderada por Bin Laden, e “com aqueles que buscam justiça”.
As declarações, infelizmente, são um endosso a uma operação, cujos métodos adotados entram em flagrante conflito com princípios fundamentais do direito internacional e dos direitos humanos, como o uso da tortura, a execução extrajudicial e a violação da soberania paquistanesa. Vale lembrar ainda que, no anúncio pomposo feito pelo presidente Barack Obama, foi reforçada a postura arrogante do império em relação às demais nações.
Patriota só exerceu o cargo de embaixador nos EUA, servindo em Washington por dois anos - de 2007 a 2009. Segundo Isabel Fleck, do jornal “Correio Braziliense”, o ministro foi considerado “grande amigo” pelo ex-subsecretário de Assuntos Políticos, Nich Burns, em uma palestra em Washington, em 2008, então o número três da diplomacia norte-americana da gestão de George Bush.
HP
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