terça-feira, 3 de maio de 2011

Wikileaks revela reunião secreta de Tasso, FHC e Aécio com conselheiro dos EUA durante a campanha eleitoral de 2006

O site Wikileaks, responsável pelas denúncias de espionagem do corpo diplomático americano em vários países, revelou a realização de uma reunião secreta entre Tasso Jereissati, Fernando Henrique Cardoso e Aécio Neves com o Conselheiro Político da embaixada americana, durante a campanha do Alckmin, em 2006.

A reunião mostra que os tucanos estavam pedindo dinheiro aos americanos para a campanha do PSDB. Isso fica claro em alguns trechos do relatório secreto feito pela embaixada:

O papo do Tasso, relatado pelo americano deixa claro que eles estavam tentando minimizar os problemas do candidato tucano para obter uns trocados: “(...) Uma vez que o PSDB não vai recorrer à utilização de uma “Caixa 2” (off-the-books contribuições ilegais) - o tipo de financiamento ilícito ligado aos escândalos do ano passado, - A campanha nacional do partido foi sub-financiada”, disse ele.

“O presidente nacional do PSDB Tasso Jereissati disse ao Conselheiro para Assuntos Políticos dos EUA (PolCouns ou PolCounselor) que seu partido acredita que tem uma janela de uns 10 a 15 dias para diminuir a confortável liderança do presidente Lula da Silva sobre o candidato do PSDB Geraldo Alckmin, e levar a sua candidatura para um segundo turno no final de outubro”.

“O PSDB continua firme, mas Alckmin que no momento tem 27% das intenções de voto contra estáveis 50% de Lula, deve crescer drasticamente”, disse Jereissati.

Nesta época Lula estava com o dobro da preferência nas pesquisas. Os americanos sabiam perfeitamente disso e perguntaram se eles tinham uma “september surprise” contra o Lula, para virar a eleição. Jereissati fez uma pausa, mas depois respondeu, dizendo: “a corrupção no governo Lula durante o ano passado é mais que suficiente para se utilizar”.

Na opinião do PolCouns, Jereissati pareceu indicar que o PSDB tinha algum material adicional prejudicial contra Lula, mas que se abstinha de utilizá-lo.

Mas os americanos queriam mais do que isso: “Há muito que pensamos que só um “fato novo” impressionante que pode reacender a indignação pública sobre a triste história do ano passado, de corrupção do PT e do foco que a ira sobre Lula poderia mudar o rumo desta eleição, de forma dramática.

Na ausência de tal desenvolvimento, o tempo pode estar acabando para Alckmin”. “(...) “Temos razões para acreditar que existe essa informação (por relatórios septel [telegrama separado]) e que pode ser conhecida pela oposição, mas parece que tais alegações não vão desempenhar um papel na campanha, a menos que, de repente, apareceram pela mídia”.

Alguns dias depois surgiu o episódio dos “aloprados” e do dinheiro fotografado por um delegado da PF na véspera das eleições. Não adiantou, teve segundo turno, mas Lula derrotou Alckmin.

A reunião secreta de Tasso, FHC e Aécio com o conselheiro político dos EUA aconteceu no dia 30 de agosto de 2006. Em 15 de setembro de 2006, 16 dias depois os aloprados foram presos acusados de tentar comprar um dossiê, com dinheiro de origem desconhecida.
HP

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