Violadores aproveitam frenesi pela morte
de Bin Laden para fazer apologia da tortura
Torturadores e apologistas da tortura nos EUA, com ajuda de boa parte da mídia, estão tentando aproveitar o impacto da execução de Osama Bin Laden para incensar a estripação, waterboarding, choque elétrico, espancamento e outras violações típicas dos anos W. Bush.
Nas primeiras páginas dos jornais, se alastram títulos como “Raid contra Bin Laden reaviva o debate sobre o valor da tortura”, enquanto os chefes da tortura no governo Bush e deputados republicanos se pavoneiam de que tem mesmo é que passar o patrol e que vale tudo.
Assim, o chefe do serviço de tortura da CIA no período 2002-2005 – aquele cidadão que aplicou o waterboarding 183 vezes no prisioneiro de Guantánamo Khalid Shaikh Mohammed -, Jose Rodriguez Jr deu entrevista à revista “Time” dizendo que os acontecimentos recentes mostram que o presidente Obama não deveria ter banido as “técnicas de interrogatório duras” - eufemismo para tortura. Rodriguez Jr, como se sabe, mandou destruir os vídeos dos interrogatórios, possivelmente para não ir parar no Tribunal de Haia.
O jurista da tortura, John Yoo, que escreveu os famosos pareceres considerando a tortura compatível com as Convenções de Genebra e a constituição dos EUA, teve a pachorra de escrever no “Wall Street Journal” que o assassinato de Bin Laden prova que o waterboarding e outras excrescências são “apropriados”.
Possivelmente por prudência, o ex-secretário do Pentágono e patrono de Abu Graib, Donald Rumsfeld, disse no início não ver, no rastreamento do terrorista, papel relevante das evidências obtidas no “interrogatório duro”, isto é, o pau-de-arara. Mas já voltou a exaltar o abuso de prisioneiros.
Apesar de todo o cinismo desses defensores da tortura, quando ela se tornou parte “legal” da sociedade norte-americana, os EUA viveram o maior isolamento já sofrido e poucas vezes foi tão ineficaz o seu serviço secreto.
Como registrou o “New York Times”, se informações arrancadas de prisioneiros sob abuso “levaram diretamente” à trilha de Bin Laden, “porque o governo Bush não seguiu aquela trilha anos atrás?” A interrogação é do deputado republicano de Long Island, Peter King.
A mesma questão é apontada pelo porta-voz do Conselho de Segurança Nacional do governo Obama, Tommy Vietor: “se tivéssemos algum tipo de ‘pista fumegante’ obtida de waterboarding em 2003, deveríamos ter pegado Osama Bin Laden em 2003”.
Enquanto essa é a opinião de Vietor e do deputado King, o atual diretor da CIA, e futuro chefe do Pentágono admitiu que a tortura de alguns presos em Guantánano forneceu pistas para achar Bin Laden. Ele acrescentou que “o debate sobre se poderíamos ter obtido a mesma informação através de outros enfoques, acredito que sempre vai ser uma pergunta aberta”. Perguntado, ele confirmou o uso de waterboarding.
HP
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