sábado, 2 de abril de 2011

Desemprego cresce em 95%
  das maiores cidades dos EUA



Departamento do Trabalho, que pesquisou 372 das maiores cidades, indica Nova Iorque, Chicago e Washington entre aquelas em que o desemprego cresceu

Dados publicados pelo Departamento do Trabalho dos EUA (equivalente ao Ministério do setor no Brasil) informam que, em 351 das 372 maiores cidades dos EUA, que foram alvo da pesquisa governamental, o desemprego cresceu no mês de janeiro de 2011 em relação a dezembro de 2010.
 
Das 372 grandes cidades pesquisadas, só nao houve avanço do desemprego em cinco, e só retrocedeu em 16.
 
A avaliação é de que esse quadro se deve a que trabalhadores temporariamente contratados para o final do ano foram demitidos no início de 2011. O resultado do desemprego cidade a cidade foi divulgada em 18 de março.
 
Também segundo o departamento, através do Birô de Estatísticas do Trabalho, a medida ampla do desemprego nos EUA chegou a 16% em fevereiro. Muito além dos 8,9% com os quais o governo e a mídia trabalham, omitindo os que só conseguem bicos e os que já desistiram de buscar colocação naquele combalido mercado.
 
 A quantidade de pessoas em condição e idade de trabalho nos EUA, mas sem exercer nenhuma função assalariada regular, está em 24,7 milhões.
 
São dados que demonstram que, do ponto de vista da produção e mesmo da atividade comercial, a economia dos EUA segue patinando e em recessão. Só para se ter uma idéia basta a informação de que no ano de 2010 os bancos apresentaram lucro de 15,6%, enquanto o setor não financeiro sofreu queda de 1,1%. O que mostra que as medidas do Fed: carreando centenas de bilhões através do bail out (socorro aos bancos), quantity easing (liberação de recursos massivos de dólares) aliado ao estímulo à compra de títulos do Tesouro e a vista grossa diante do assalto a milhões de casas através de execuções (muitas das quais realizadas de forma irregular e ilegal) e a concentração ainda maior do monopólio financeiro levam à paralisação do conjunto da economia e à drenagem dos recursos do país para os banqueiros.
O ex-economista-chefe do FMI, Simon Johnson, denuncia que a quantidade de ativos nas mãos dos seis maiores bancos dos EUA (JPMorgan, Bank of América, Citybank, Wells Fargo, Goldman Sachs e Morgan Stanley) já correspondem a 63% do PIB americano, sendo que há 5 anos corres-pondiam a 55% e há 15 anos, a 17%.
 
Michael Hennigan, editor do site Finfacts, declara que o setor financeiro agora fica com 30% de todos os lucros operacionais e acrescenta cerca de 8,3% ao PIB (é claro que mesmo este suposto acréscimo é virtual, pois não consta que jogar dinheiro e transacionar dívidas de um lado a outro agrega qualquer valor à produção). Ele cita um trecho do livro “A teoria geral do emprego, do juro e da moeda”, de John Maynard Keynes, em que o autor, já em 1936, afirmava: “Quando o desenvolvimento do capital de um país se torna um subproduto das atividades de um cassino, o trabalho seguramente não será bem feito”.
 
O estouro da bolha especulativa, entre outros fatores negativos, levou de roldão os empregos no setor de construção civil. E é exatamente neste setor que as conseqüências da crise especulativa repercutem de forma mais dura e persistem em se manter na recessão.
 
“O colapso nos preços das moradias ganha velocidade provando que o programa de compra de títulos do Fed (QE2) foi um fiasco total”, diz Mike Whitney em seu texto recente “A sangria continua”.
 
 Ele esclarece que “o aumento das execuções empurra para o mercado uma onda de casas, o que pode pressionar ainda mais para baixo os preços. Adicionalmente, o declínio subse-quente nos valores das casas pode manter compradores potenciais à margem, uma vez que estes prevêem melhores negócios”. “Isso”, diz Whitney, “fere a construção”.
 
 “Então por que o presidente do Fed, Ben Bernanke, focalizou toda a sua energia nos mercados financeiros? De fato, o estímulo monetário de US$ 600 bilhões mandou as ações para a estratosfera, aumentou seu valor em 15% em apenas 3 meses, enquanto que, na base da economia, os salários continuam congelados, milhões de pessoas estão sem trabalho, os cupons de alimentos estão batendo recordes e o mercado imobiliário se esboroa”, questiona Whitney.
 
A agência Bloomberg também compartilha do pessimismo, que só a mídia e diretores do BC brasileiro se negam a enxergar, vendo a cada momento uma “recuperação dos EUA” que logo a seguir se revela uma bolha midiática bem similar às que aprenderam a usar para a especulação (aliás uma se serve da outra). Diz a Bloomberq que “as execuções devem aumentar mais 20% em 2011”.
 
“Quando Bernanke comprou US$ 1,7 trilhão em títulos que asseguravam hipotecas-lixo, isso depois do TARP, o ‘socorro’ de 700 bilhões de dólares, apenas mostrou que o ‘livre mercado’ é só um porrete para bater nos nanicos”, esclarece Whitney.
NATHANIEL BRAIA

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