Podemos dizer que no último ano
aconteceram importantes fatos na vida brasileira que nos fazem refletir como os
governos estavam se relacionando com a sociedade organizada, até aquele momento. Ano
passado vivemos grandes momentos de mobilização em todo o Brasil, por reivindicações
justas, como melhores condições de transporte, de saúde, de educação etc.
Aqueles movimentos, que aparentemente
pareciam espontâneos, começaram a pregar que não queriam a participação de
sindicatos, partidos, “bandeiras” etc. Isto não era verdade, mas a grande mídia
vassala assim manipulava
e - num momento de hostilidade – tentou manipular esse movimento e direcioná-lo contra o
governo da presidenta Dilma. Inicialmente, a grande mídia incentivou a repressão
daquelas manifestações e, principalmente em SP, o governo “baixou o pau”. Apesar
disso, em vez de haver um recuo, o que se viu foi mais povo na rua. Não foram manifestações
como as que ocorrem na Europa ou nos países árabes por emprego, democracia, mas
para que os governantes pudessem entender e ver que precisam melhorar as
condições de vida da população. E o estopim foi o aumento das passagens de
ônibus, ocorridas em todo o Brasil. Grandes mobilizações, marchas, ocorreram
nos últimos anos.
Os sindicatos de trabalhadores são
organizações corporativas que lutam pelos interesses da categoria,
principalmente os econômicos, também foram às ruas neste período, mas estes já
haviam organizado várias marchas à Brasília, desde 2003. Os governos sempre
hostilizaram historicamente as organizações dos trabalhadores. Poucos
mantiveram diálogos profundos e constantes com os sindicatos, com exceção dos
governos de Getúlio Vargas e do presidente Lula. O sindicalismo no Brasil
sempre teve um papel importante na luta por maior independência, contra o imperialismo
e a política neoliberal pró-imperialista que quiseram impor. O sindicalismo conseguiu
eleger o presidente da república, que é violentamente atacado pelos
conservadores-reacionários e a mídia vassala.
Se verificarmos, em todo século XX,
os sindicatos tiveram participação importante nas transformações
sócio-trabalhistas e culturais no Brasil. No período pré-1964 havia uma grande
unidade: os sindicatos aumentaram; os rurais organizaram-se; constituíram
federações, confederações e um único comando, o poderoso CGT (Comando Geral dos
Trabalhadores). Uma das justificativas para o golpe de 1964 foi que João
Goulart queria implantar a “república sindicalista”. Por isso, dezenas de
dirigentes sindicais foram perseguidos e assassinados.
Hoje não há unidade no movimento
sindical. Com a existência de várias centrais sindicais, é difícil construir e manter
uma pauta unificada de luta. Esse ano, por exemplo, no primeiro de maio, aconteceram
atos públicos separados, pois suas lideranças defendem projetos diferentes para
o Brasil.
Nas eleições de 2014, estão em debate
dois projetos para o Brasil: um de retorno à política que privilegia o sistema
financeiro, com menor presença do Estado e o aprofundamento da aliança com os
EUA; e outro, de maior independência econômica, de maior presença do Estado, de
melhoria das condições sociais, geração de empregos, de multirrelação
internacional.
O que interessa aos trabalhadores?
Manter e ampliar os empregos, melhorar salários, saúde, transporte e educação
pública gratuita e de qualidade. Que não se mexa nas conquistas trabalhistas,
sempre ameaçadas. Acesso à cultura, à casa própria. E sabem os trabalhadores
que para manter estas conquistas tem que haver um governo que não esteja
submisso aos interesses do imperialismo americano.
Penso que manter e ampliar a Frente Nacional
que hoje governa o Brasil, com a liderança de Dilma/Lula, é a melhor opção na
atual conjuntura. O que os inimigos do Brasil querem – como a grande mídia
vassala, os grandes partidos de oposição e seus satélites, a “esquerda” florida
que sempre faz o jogo da grande mídia e da oposição – é deixar o Brasil de
quatro diante dos imperialistas.
Esta Frente Nacional conseguiu
enfrentar a crise de 2008, manteve o Brasil crescendo economicamente, ampliou
os benefícios sociais, manteve as conquistas trabalhistas, gerou milhões de
empregos, construiu milhões de casas. Como disse o presidente Lula, salvou o
capitalismo brasileiro.
Não queremos o Brasil se torne uma
Espanha, ou Grécia, ou Portugal com receituário econômico que privilegia o
sistema financeiro, “o mercado”. A Espanha está com mais de 28% de sua força de
trabalho desempregada, principalmente a juventude.
Mas nossa democracia precisa avançar
mais, principalmente com a democratização dos meios de comunicação, dominados
por uma organização que cresceu em apoio à ditadura militar de 1964 e que foi o
sustentáculo ideológico desta ditadura, atingindo principalmente à classe operária
e os trabalhadores. Como disse Tancredo Neves, 1964 iniciou uma política
anti-Vargas. E Getúlio Vargas era anti-imperilista, socialista, nacionalista,
que liderou uma revolução que resgatou o que hoje podemos chamar de cidadania. Podemos
afirmar que o Brasil é o que é graças a essa revolução que foi combatida e até
hoje Getulio Vargas assusta os entreguistas que implantou um projeto de nação
de verdadeira independência econômica e social.
Precisamos pensar no passado: o que conquistamos
e o que vivemos nos últimos 50, 40, 30, 10 anos ou até em todo século XX? Muito
caminhamos, lutamos muito, para manter o Brasil de pé. Pensar com a própria
cabeça nos ensinaram Getúlio, Brizola, Tancredo e Lula.
Farão de tudo para nos dividir. Neste
momento precisamos nos lembrar das palavras do líder revolucionário Getúlio
Vargas: "Subvencionarão brasileiros
inescrupulosos, seduzirão os ingênuos e inocentes. Em nome de um falso
idealismo e de uma falsa moralização, dizendo atacar sórdido ambiente corrupto,
que eles mesmos, de longa data, vêm criando, procurarão, atingindo a minha pessoa e o meu governo, evitar a libertação
nacional e prejudicar a organização do povo. (...) É preciso conservar aceso o
fogo sagrado e vigilante do nosso patriotismo e do nosso devotamento à causa
pública. E, fazendo isso, estaremos construindo, lentamente, a independência
econômica e lutando contra os seus principais inimigos, que são o imperialismo,
na esfera internacional, e a exploração do homem pelo homem, no meio
interno".
O Brasil é um país rico, um dos mais ricos do mundo, se não é o maior. A
cobiça do imperialismo sobre nós é grande e não é de hoje que querem nos
submeter aos seus interesses e roubarem nossas riquezas e super-explorarem
nossa mão de obra. É importante a união de todos os brasileiros para
enfrentarmos juntos essa cobiça. Com tanta riqueza, não era para ter uma
criança abandonada, mendigando na rua ou famílias inteiras morando em condições
subumanas. A concentração de renda neste país ainda é alta. Bilhões de reais do
dinheiro público, que é destinado ao pagamento dos juros, poderiam ser
investidos nas melhorias das condições de vida dos trabalhadores. Essa sangria
precisa ser estancada, assim como a sonegação de impostos e, principalmente,
fazer com que os mais ricos paguem impostos e, assim, deixar de sacrificar a
classe média brasileira, os assalariados. Mas para que essa realidade se
transforme, mude radicalmente, precisamos nos organizar mais, reivindicar com
mais precisão e nos unirmos. Construir esta pátria não tem sido fácil. Os
inimigos do povo, o imperialismo e seus aliados internos, estão sempre querendo
nos convencer que não temos capacidade de construir esta nação. Tentam a todo
tempo acabar com nossa autoestima, nos desagregar, destruir a família. Até no
futebol, querem que não se torça pelo Brasil.
As lideranças progressistas, dos empresários, trabalhadores, partidos, juventude,
homens e mulheres de bem desta nação, precisam se unir, congelar nossas
divergências, a bandeira do Brasil esta acima de todas as bandeiras. Temos a capacidade
de aquecer nossas convergências e congelar nossas divergências. Assim conseguiremos
enfrentar o imperialismo e seus lacaios internos.
Nos estados temos que pensar o que soma, converge a este projeto de
independência nacional, quais os deputados estaduais, federais, senadores,
governadores, estarão comprometidos com esse projeto nacional. Manter e ampliar
a Frente Nacional para que possamos aprofundar nossa independência econômica “lutando
contra os principais inimigos que são o imperialismo, na esfera internacional,
e a exploração do homem pelo homem, no meio interno".
As eleições serão um momento importante de tomarmos uma decisão sobre o Brasil
que queremos. Um Brasil com a alma de “Tiradentes e Getúlio Vargas” ou de “Calabar,
Silvério dos Reis e Lacerda”.
Não podemos nos dispersar.
Rio de janeiro, 05 de junho de 2014
Aylton Mattos
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