Morte de um tucano
SILVIO PRADO*
Morreu Paulo Renato
Tucano do alto escalão
Secretário e ministro
Que fez esculhambação
Com as coisas da escola
E também da educação.
Diante de sua morte
Cabe agora a burguesia
Cravar seu nome e obra
Em escola e rodovia
Hospital hotel fazenda
Quem sabe até mercearia.
A mídia vai exaltá-lo
Em toda tevê e jornal
Dizendo que ele foi
Um lutador sem igual
Na trincheira da escola
E do ensino nacional.
Portanto, não vai faltar
A diária exaltação
Dizendo que o país perdeu
E perdeu toda a nação
Com a morte de um homem
Defensor da educação.
Se a mídia fosse isenta
E não fosse parcial
Toda tevê e rádio
E também todo jornal
Descreveriam a figura
De um modo mais real.
E então Paulo Renato
Agora morto nesse dia
Seria visto por todos
E quem olhasse veria
Um perfeito serviçal
Das causas da burguesia.
Secretário ou ministro
Esse homem foi fatal
Conduzindo nosso ensino
E a escola nacional
Enquadrando-os na lógica
Dos ganhos do capital.
Pobre do professor
E do ensino precário
Submetidos a programas
Desse Paulo secretário
Humilhado na escola
E vivendo sem salário.
E se isso não bastasse
Sob ele ainda havia
A política do estado
Feito farsa que se via
Na ausência do dialogo
E na meritocracia.
Que ele tenha paz
Já que foi pro outro lado
Enquanto ficamos aqui
Tentando apagar seu legado:
Uma escola defasada
E o professor estressado.
*Professor da rede estadual de ensino, Taubaté, (São Paulo) - 26/06/11
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